segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Pérolas a porcos

"(...) Tristeza chupa a força da gente mais do que o pior dos vícios."
dewdewe
O Amor de Pedro por João, Tabajara Ruas
gggg
ggggg
ggggg
Joie de vivre é tudo quanto vos desejo para 2008

Explicação Lógica

A razão pela qual receias andar sozinha na rua é por teres sido uma rainha e (como tal) andavas acompanhada de escolta.

domingo, 30 de dezembro de 2007

Sic transit gloria mundi

Presidência da União Europeia. Um gajo (porreiro pá) cacareja encómios à sua prestação. Mais uma vez somos os maiores. Os salvadores da Pátria, ou ainda melhor, da Europa. Quiçá do universo e mais além.
iihihihihi
Algarve. Passagem de ano. Algures (será Albufeira) vamos ter o maior fogo de artifício da Europa. Comenta-se que a próxima edição do livro do Guiness irá ser dividido em duas secções, ou cantos, à maneira daquele que, sendo vivo, certamente seria o maior poeta do mundo: 1.ª parte, Portugal. 2.ª Parte, Resto do Mundo. Depreende-se que a 1.ª parte será a maior e a única com algum interesse.
hihiohoi
Borralheira do Teixoso. Morre um moço, manietado de pernas e braços, asfixiado pelo seu próprio vómito. Tudo bons rapazes. São coisas que acontecem. Realmente, porreiro pá!

Teu dia, ó pátria, há-de chegar!

O ANO NOVO
Bem-vindo sejas, novo ano, e tragas
Melhorando teus dias mais propícios
À minha pobre, malfadada pátria
E a meus féis amigos,
Esse mal-agoirado que nos pregos
Afundou ontem do Oceano, Apolo
Não deu senão colheita de infortúnios,
Nem granou outras messes
Mais que o joio semeado por mãos tredas
Entre os sulcos de trigo. Não mondado
A tempo, foi crescendo, e em flor ainda
Afogou a esperança
Do triste povo que a tão maus caseiros
Tão inexpertos deu suas lavoiras,
Que assim desmazelados lhas perderam,
E quem sabe quanto tempo há-de durar-lhe
O gelo deste inverno em nossos campos,
Até que o derreta o sol, ora enevoado,
Da antiga liberdade?
Dorme a vegetação nessas sementes
Que à terra se lançaram. Mas eternas
As estações não são: teu dia, ó pátria,
Teu dia há-de chegar.
(1824)
Almeida Garrett

Can a woman trust in a straight guy to be her friend?

O paradigma da amizade entre homens e mulheres heterossexuais tem sofrido alguns reveses entre algumas mulheres. Não é porque um homem gay será mais sensível e compreenderá as mulheres melhor que um heterossexual, mas sim porque ela sabe que aquela amizade é completamente descomprometida e que, contrariamente aos seus outros amigos, ele não espera por uma oportunidade - nem que seja daqui a 20 anos, até que ela esteja descomprometida. Aliás, para ele, isso não importa, nem alguma vez importará.

Lullaby de Domingo

Porque a última deste ano, parece-me bem esta escolha. "Funny Time Of Year (...) Travelling with no destination Still hanging on to what may be."

sábado, 29 de dezembro de 2007

Imagens e sons que ficam


Respondendo ao desafio da minha amiga Woman, que não é difícil, pois não me considero de todo uma cinéfila e muito menos uma ouvinte fervorosa de algum género de música específico, ficam aqui os nomes dos filmes cuja sonoridade foi marcante e insuperável:

- Vertigo do incontestável mestre do suspense Alfred Hitchcock. A musicalidade deste filme releva assombrosamente um amor vertiginoso. Soberbo.

-Underground de Kusturica, pois claro. Sons bem vivos, garridos e sempre presentes numa história humanamente trágica. Simplesmente genial.

- Le Fabuleux Destine d´Amélie de Jean- Pierre Jeunet. Um destino bem melodioso e de poucas palavras. Gosto muito do músico Yann Tiersen.

- Paris Texas de Wim Wender. Um filme que há uns largos anos, no âmbito de uma disciplina, fui obrigada a ver, e dele ainda ficou aquele som de desalento existencial e áspero associado à imagem do deserto. Uma sensação de "muitos nadas".

- 2001: Odisseia no espaço de Kubrick. Em relação a este filme, é incontestável a conjugação da imagem com o som. Palavras para quê? Um clássico.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Previsões 2008 - Natal dos Hospitais

Se tudo correr bem, o próximo Natal dos Hospitais irá ser levado a cabo no interior de uma ambulância em trânsito desde um qualquer vilarejo, cada vez mais isolado, do Portugal "profundo". Ou, em alternativa, do hospital de Badajoz.
Com muitos caramelos, piñatas, tortilhas e, impreterivelmente, o João Baião aos saltos (ou de saltos, depende...).

Só porque me apetece

"Crónica de uma morte anunciada"*

Ainda assim, incrédula. Aos poucos, assassinam-se os ventos mais moderados. Tempos sombrios, os nossos. Apesar dos acordos, dos apertos de mão, das manifestações de poder e do cinismo disfarçado de diplomacia.
Afinal, as mulheres também se abatem pelo que representam.

*Título roubado a Gabriel Garcia Marquez.

Cinco bandas sonoras e mais algumas infracções

Desafio de fim de ano, do meu querido que gosta de tudo no seu devido lugar. Propõe-me que elenque cinco filmes com 5 bandas sonoras memoráveis. Aqui ficam as minhas:

1.ª - Obviamente, Der Himmel Über Berlin/Wings of Desire:
You know why! Memoráveis, The Carny e From Her To Eternity. E bom, pelo resto da banda sonora também...

2.ª - In The Mood For Love:
A minha obsessão de final de Verão, magistralmente conduzida por Michael Galasso. Um Nat King Cole que surge como novo aos meus ouvidos de tão bem que se adequa aos encontros e desencontros de Maggie Cheung e de Tony Leung.

2.ª (cont.) - No seguimento da anterior, 2046:
Casta Diva, ainda que considere a interpretação de Callas muito melhor que a que consta do filme, é um portento em qualquer filme. Desta vez, com as escolhas e composições de Shigeru Umebayashi, Wong Kar Way volta a encher-me as medidas.

3.ª - Necessariamente, Magnólia...
...perfumada pela mestria de Aimee Mann. Maravilhosa cena inicial, primorosamente rematada com "One".

4.ª - The Hours:
Philip Glass compõe o acompanhamento sonoro do universo de Virginia. Não existe uma única nota fora do lugar ao longo do filme.

5.ª - Mulholland Drive:
Pela interpretação de Rebecca Del Rio, com o pungente Llorando em pleno Club Silencio. Angelo Badalamenti sabe muito bem o que faz e Lynch também.

Post scriptum:
Fujo aos filmes e entrego-me às séries. Permitam-me então enviesadamente acrescentar, sem margem para dúvidas, Six Feet Under por Feeling Good interpretada pela maravilhosa Nina Simone e pela sequência final a cargo de Sia com Breathe Me (a nódoa está em tanto Coldplay, mas enfim).
Não poderia também deixar de referir a soberba banda sonora de Twin Peaks, a cargo de Angelo Badalamenti poderosamente auxiliado pela etérea Julee Cruise.

E pronto, cumprido o desafio (em excesso e atropelando as supostas regras), transmito-o aos seguintes: Provavelmente Talisca, Lueji, Bartleby, Luís e o pessoal cá da casa.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

25 de Dezembro: dia dos enganos.


Recebo um telefonema de um número que não consta na minha lista. Corro para a varanda porque a algazarra que se faz na cozinha não me deixa ouvir a voz do objecto.
E a conversa decorre da seguinte forma:
- Sou o Paulo. Lembras-te?
- O Paulo? Mas… espera… Paulo, claro o Paulo. Já sei!!! PAULO!
- Como te lembras se já nem tens o meu número?
- Claro que me lembro! Então, és o meu vizinho, o meu querido vizinho. Há quanto tempo! Nós passámos a infância todos juntos. Tu, eu, os nossos irmãos, as minhas primas, a Carla… Bons tempos aqueles. Tenho saudades. O teu número já o tive, mas, como tive que trocar de telemóvel, perdi-o.
- Como?
- Ó Paulo, se vieres aqui, passa cá em casa. Traz a Rosa.
- Mas a Rosa… Que Rosa? Posso ir?
- Claro que sim, mas que cerimónias são essas? Isso não é para nós! E, sim, traz a tua esposa!
Hoje não venhas porque estou em casa da Carla. Vim vê-la.
- Carla? Que Carla?
- Então Paulo? A Carla irmã do Z., filha da Sr.ª C. e do Sr. J., também nossa vizinha que foi para Lisboa estudar… e, depois, ficou por lá. Veio estes dias à terra.
- Ah, acho que sei quem é. Mas espera…
- E a Sr.ª Clarinda? Como é que ela está? Ainda não a vi.
- Quem é a Sr.ª Clarinda?
- É A TUA MÃE!
­- Eu não sou esse Paulo! Sou o Paulo de…
- Ok, Paulo. Desculpa, explicas depois. Que confusão! Telefona amanhã ou assim. Adeus.
(Detesto quando sou enganada!! )

domingo, 23 de dezembro de 2007

Lullaby de Domingo

Por cá (e com o cândido intuito de manter a tradição) o Natal é passado com N. C. Na verdade, tudo é pretexto para ouvir Oh, My (Private) Lord. Com uma nuance: a faixa não pertence a um álbum do mestre, mas a Oedipus Schmoedipus (1996) de Barry Adamson. A colaboração - que não é inédita, já que Adamson trabalhou com Cave em vários trabalhos - resulta uma maravilha.
Sim, sei que sou tendenciosa.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Um conto pascal... do jejum (grand finale)

Pratos na mesa, garfos e facas em riste. Ainda umas piadas aqui e ali, mas estava tudo suspenso quanto ao paladar. As primeiras dentadas em silêncio. Depois, o veredito.
A cozinha não poupou no tempo, mas poupou na cozedura. Nem mais uma salsicha esventrada ou uma posta a desfiar o rosário de queixas em condições. Os ingredientes semi-cozinhados. E no meio de um dos pratos, brilhante, retorcido, sufocado em azeite com sabor a bacalhau pré-cozinhado, um magnífico cabelo - esse sim, perfeitamente esturricado. A gota de cabelo que fez transbordar os pratos.
Aproxima-se uma vez mais o infeliz estalajadeiro, com o outro em jeito de banda sonora na continuação do seu triste reportório. Os pratos retornam à cozinha, o triste homem abana a cabeça. Desfaz-se em desculpas e descontas. A rematar, tenta oferecer digestivos. Para digerir o quê? Só se for mesmo a conta: 16 euros a cada comensal, quando a única coisa que se aproveitou foi mesmo o vinho e o pão - cerimónia pascal em tempos de natividade.
Gloria in excelsis. Saímos da espelunca disfarçada de restaurante decente.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Intermezzo

(Caravaggio)

"Se fosse criatura que se exprimisse diria: o mundo é fora de mim, eu sou fora de mim."
Clarice Lispector, A Hora da Estrela

Um conto de Natal... ou de como (NÃO) jantamos na Cervejaria Alemã

E esperam. Mas não será uma espera amena ou tranquila. O desejo por um sítio acolhedor e facilitador da conversa esboroa-se nos primeiros minutos, quando um azeiteiro vestido de t'shirt preta dois tamanhos abaixo do que a barriga pediria, inrrompe no microfone a berrar algo que se assemelha vagamente com algumas melodias mal amadas pelos intervenientes deste triste conto. O ar de engatatão da esquina provoca alguma náusea, principalmente quando se sabe que a criatura se faz acompanhar por um "desopilador" de engate que parece que é único na Região. Aliás, dizem as línguas (que não más), que a dita criatura faz questão de queimar uma data de óleo(??) à entrada e saída dos estabelecimentos, a fim de assinalar a movimentação de aspirante a marialva. Há que convir que o suplício seria prolongado, não fosse a boa disposição dos frequentadores da fatídica treze. A espera, triplicada auditivamente pelos urros de tal criatura, constituíu, durante boa parte da via sacra (mas afinal, não é natal?), caso flagrante de risota e de comentários imaginativos e plenos de malícia. Ora, a situação seria engraçada se o grupo de convivas não estivesse nisto há uma hora e o reportório de piadas sobre o infeliz galináceo não estivesse a perder fulgor. Perante nova reclamação pela demora, são finalmente informados que haviam sido confundidos, até aí, com elementos de decoração natalícia, já que o pedido efectuado há uma hora não havia dado entrada na cozinha; aparentemente, o chefe de sala, que havia efectuado o pedido inicial, não achou estranho que permanecessem apenas a pão e vinho. Perante as ameaças dos convivas, prometeu celeridade a partir daí. Finalmente, pelas 23 horas, chega à fatídica mesa, que entretanto já tinha mudado de número (era agora o número onze por medida desesperada de um dos convivas), o bacalhau, o polvo e as salchichas ditas alemãs encomendados há 1h 30min antes. Inicia-se a jantar, que já ninguém considera repasto. (continua)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Um Conto de Natal... ou de como jantamos num palheiro

Naqueles dias, juntaram-se em redor da mesa, que o tempo não está para lareiras. A noite aprazível exigia uma despedida condigna, que obrigava Nefertiti a fazer o recenseamento natalício por terras de Viriato. Noite de despedidas. A troca decorreu agradável, por entre Nina's e Women's e fragrâncias profanas. A conversa, sobriamente mediada pela ginginha, teve que ser interrompida pelo início dos contactos com a estalagem que os acolheria para o santo manjar. Recusados por todos, ninguém quis receber aqueles viajantes que apenas solicitavam um local acolhedor e algo que comer; a situação repete-se e nem as vozes suplicantes demovem os corações empedernidos dos chefes de sala. Nem mais um lugar, dizem os estalajadeiros, enquanto os candidatos a comensais se afundam no sofá, entregues à miserabilidade da recusa. Até que, oh maravilha, uma alma gentil diz que sim, que tem mesa para cinco, que não lhes fecharão a porta ou recusar prato. Oh holy night. Now, all is calm, all is bright! Exaustos, ocupam a mesa prometida assinalada com o número treze. O pior já passou, julgam. E pedem. E esperam. E esperam e (re)pedem. E esperam. (Continua, mas agora não me apetece)

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

The Day I fall in love with Sam Riley - ou terá sido por Anton Corbijn?

Words are worthless...

O Shiva bem que podia dar uma ajuda...

A minha oração: "Shiva, deus poderoso, pousa lá isso e vem ajudar-me. "

O Contrário do Mundo.

Entardecer pela noite escura.


Ou
Do que acontece à mulher que foi pássaro quando descobre o humor em ( lugares e) horas desajustadas.

domingo, 16 de dezembro de 2007

O Mundo ao Contrário

Entardecer pela manhã (vá, quase a meio do dia)

Ou
do que acontece à mulher que foi pássaro quando termina a papelada burocrática típica da época.

Concorrência - Not about love

Esta também não é uma canção de amor. Na voz da versátil Fiona Apple.
What is this posture I have to stare at That's what he said when I'm sittin' up straight Change the name of the game 'cause he lost And he knew he was wrong but he knew it too late But I'm not being fair 'Cause I chose to listen to that filthy mouth But I'd like to choose right Take all the things that I've said that he stole Put 'em in a sack Swing 'em over my shoulder Turn on my heels Step out of this sight Try to live in a lovelier light This is not about love 'Cause I am not in love In fact i cant stop falling out I miss that stupid ache

Lullaby de Domingo

Durante muito tempo ouvi-a, conferindo-lhe um outro sentido. Sabia fazer parte da primeira ópera sobre afro-americanos e, perante o que é dito, "li" que se referiria a uma mulher, escrava, que não poderá escapar ao seu senhor. Afinal, a escravatura é outra. É mulher. Negra. Puta. E responde perante um outro senhor, com outros grilhões. Mudam-se os tempos, mas não mudam as vontades.
Não é uma canção de amor...
"(...)
Don't let him handle me And drive me mad
(...) Don't let him take me Don't let him handle me With his hot hand (...) But when he calls I know I have to go (...) He's gonna handle me and hold me so
It's gonna be like dyin', Porgy, Deep inside me."
Música de George Gershwin Letra de Ira Gershwin
...e ninguém a diz como ela.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Mr Lekker

"Sensibilidade graciosa" (Tristan Tzara)

Teve a sua piada.* Eis o que restou da crónica: Eternamente Pouco importa o que penso Própria voz, carne viva, Imaginava como complicado E infinito orgulho Adiada, Lavrada Enfileirei de autor, As páginas de ossos. *Mas não tem ponta por onde se lhe pegue, a não ser a "arte" do corte. Restam os recortes, as palavras solitárias, sem o entendimento inicial.

"Infinitamente original" (Tristan Tzara)

"Poetar" aleatoriamente. O meu desejo inclina-se profundamente para uma crónica de VPV, como se o fio da tesoura rasgasse a pose e humor. A preguiça fala mais alto e não saio para comprar o Público. Enfim, terá que ser com Lobo Antunes. A ver vamos o que daqui resulta.

um olhar

" (...) Sou neblina, sou ave, / Estrela, Azul sem fim,/ Só porque, um dia, tu,/ (...)/ Por acaso, talvez, /Olhaste para mim."

Teixeira de Pascoaes
*como é visível, a imagem foi retirada da net.
(Benjamin Vautier)


"Je te reconnais signifie que je ne peux te connaître ni par la pensée ni par la chair. La puissance d'un négatif demeure entre nous. Je te reconnais va de pair avec: tu m'es irréductible, comme je le suis pour toi."
Luce Irigaray in J'aime à toi

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

uma descoberta

Desconhecia! Agora tenho mais um espaço para visitar. Ficam aqui as coodernadas:http://tiburciothesmartest.blogspot.com/

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Hoje...

Hoje magoaram o meu amor
e o meu amor entristeceu-se
Na face rolaram cristais
turvos de sangue e dor
Há dor que um beijo não cala
nem uma rosa perfuma
Há dor que só o tempo suaviza
no quebrar contínuo da vida
Hoje magoaram o meu amor
e a dor agravante virou ferida
O meu amor martirizado sofreu
e a sua alma emudeceu
Há dor que as lágrimas não aliviam
nem palavras confortam
Há dor que só o amor
faz palpitar o coração
e o coração ainda sofre de amor.
Lídio Araújo, Princípio (amor natus est)... E... fim! (dies irae)

O Pinheiro da Actualidade








Pediram-me ideias para a Árvore de Natal do bar dos alunos. Gostei. Ideias é mesmo comigo. Eis a descrição que fiz:

A estrutura (a mais simples possível) do pinheirinho que os meninos do curso de Carpintaria fizeram, será toda forrada com folhas de jornais. O efeito ficará engraçado porque enrolamos tiras de papel preenchido com letras e imagens (o melhor jornal para isso é o d´A Bola! É muito colorido e há sempre muito porque são óptimos para limpar os vidros lá de casa!). Depois passamos um pouco de verniz por toda a estrutura.
Faremos uma estrela forrada também com folhas de jornais ou de revistas (as folhas de revistas como a Maria, a Nova Gente e outras da chamada imprensa cor-de-rosa são as mais indicadas e sempre podemos dar aquele toque de... utilidade ao papel já desperdiçado), para depois pôr no cima do dito pinheiro que, por sua vez, ficará assente num vaso cheio de tiras de folhas da imprensa escrita.
De seguida, os alunos irão fazer uma pesquisa e uma recolha de imagens sobre os seguintes assuntos: guerras actuais; fome no mundo; catástrofes ecológicas; doenças; "obesidades"; "magrezas"; "normalidades e anormalidades"; moda; “primeiros, segundos e terceiros mundos”; sem-abrigo; cultura e culturas; tecnologias; pedofilia; etc.… Ou seja, assuntos da actualidade.
Por fim, o pinheiro irá ser decorado com as imagens e mensagens da referida e trabalhada actualidade sob forma de "postaizinhos".
O pinheiro irá ser original, quase que posso garantir.

Ficou feito, mas o resultado final foi deturpado, ou seja, os postais foram ilustrados com baboseiras do género: pais natais, sinos, anjinhos, meninos Jesuses, presépios, virgens Marias, bons natais, boas festas... o blá blá do costume! Não há volta a dar. Afinal de contas, Natal rima com Carnaval.

Yep! Confirma-se.

Sou mesmo uma feminista incorrigível. Concordo convictamente com este post da Isabela e destaco o seguinte excerto da caixa de comentários (também da Isabela, que tem mesmo jeito para isto):
"Que a liberdade sexual não seja servilismo a um sempiterno poder masculino, assente em nada, que não seja venda. Que aquilo a que chamam livre vontade seja uma vontade livremente esclarecida, e não a mera imitação de uma estética sexual castigadora para as mulheres (para os homens igualmente, porque os homens não percebem que isto é um fenómeno no qual eles também estão incluídos como vítimas - mas não é dos homens que estou agora a falar, portanto...), e que é, antes de mais, a realização das inconfessáveis fantasias masculinas, agora confessadas. Mas que se realizem as fantasias masculinas, porque não?, se essas forem também as fantasias femininas."

Passou-me a crise

Voltei a ser bolorenta e feministaIstaIstaIstaIsta. (nada de boazona, portanto)

3.ª Dúvida "existencialista"

Devo tentar transformar-me numa boazona? E isso dá muito trabalho? (se der, já não quero)

2.ª Dúvida "existencialista"

Refiro-me às outras gajas como boazonas ou não?
E refiro-me a grelos e batatas ou não?

1.ª Dúvida "existencialista"

...de feminista feminina ou feminina feminista:
Arre já conta?

Post it no frigorífico

Tenho que praguejar com mais regularidade e dissertar sobre quecas e cojones no sítio e mostrar as mamas e abusar nos decotes e dizer que os comia a todos para finalmente ser uma feminista desempoeirada do século XXI. Arre!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Re-post

(Em Parêntesis)

Agora reparo que a eles recorro, como se quisesse constantemente interromper o texto. E pergunto-me que posicionamento assumem na minha vida: será que fecho os parêntesis que nela vou abrindo?
(aqui)

Solidariedade natalícia: uma actualização




E a lista aumenta. Acrescente-se o Everything (desgostoso porque nem tudo está no devido lugar) na candidatura ao lugares disponíveis para o limbo do Natal.

(Ainda existem lugares disponíveis).
(Minha querida Lueji, a tua dicotomia não nos permite uma candidatura prioritária).



Ilustração retirada aqui

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Aquilo que qualquer gajo devia saber (e que eu vou tentar aprender...)

eufemismos

- Tem que permanecer no hospital. Penso que ele preferia morrer em casa, mas a minha avó já não pode cuidar dele... Depois, requer um tratamento mais especializado, ou seja, o cuidado dos enfermeiros. Também há o problema do transporte, ninguém lá em casa tem carro. Que situação… e eu estou longe. A minha avó, em momentos de desespero, diz que preferia visitá-lo ali ao lado, sabes naquele sítio. Custa-nos pronunciar o nome daquele sítio…- desabafava a amiga com os olhos lacrimosos. …….. - Espera, tu queres dizer cemitério? – perguntou ("vomitou") a criatura estúpida que também ouvia a conversa!!! Para, logo de seguida, sentir imensa vontade de desaparecer.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Solidariedade natalícia

Este blog, em solidariedade com Funes, RPS e (pasme-se) Nefertiti, propõe um abaixo assinado para que se crie uma zona livre de espírito (consumista) natalício. A bem da sanidade dos citados (acho que até ouvi a Nefertiti quase praguejar...).
Parecem notas pousadas em pautas musicais (é verdade que a esta faltam duas linhas). Partituras esvoaçantes, silenciosas, à espera de serem tocadas.

Gostar de gatos é coisa para gente grande 4

"Tigre, Tigre, brilho ardente,
Lá nas florestas da noite:
Que olho, que mão traçaria
Tua feroz simetria?
Em que infernos, em que céus
Arde o fogo dos teus olhos?
Que fole o pôde soprar?
Que mão tal fogo agarrar?
E que braço, & que arte,
Pôde o coração talhar-te?
E quando a bater se pôs,
Que pés terríveis? Que mãos?
Que martelo? E que malha?
E teu cér'bro em que fornalha?
Que bigorna, ou forças tais
Agarram garras fatais?
Quando as estrelas raiaram
E o céu de pranto inundaram:
Sorriu ele ao ver-te inteiro?
Quem te fez, fez o Cordeiro?
Tigre, Tigre, brilho ardente,
Lá nas florestas da noite:
Que olho, que mão traçaria
Tua feroz simetria?"

William Blake

Lullaby de Domingo

A lullaby desta semana não poderia ser outra. Desde ontem que me acompanha (em silêncio), desde que finalmente foi descodificado o poema que dela consta. Meses e meses de audição e nem fui eu a descobri-lo...

sábado, 8 de dezembro de 2007

Jet lag

Ainda pensei inventar qualquer desculpa. Mas a menina, como boa feminista que é, bem sabe que os homens são todos iguais. O que significa que nenhum deles possui a parte do cérebro referente à recordação de datas de aniversário.
fewfrwrwrw
OOh well, em todo o caso cá vai a prenda de aniversário com um pouco de jet lag!!!
fgffsdf
fdfd
Onde já vão os tempos de faculdade...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

hoje é um dia muito importante, Woman faz anos!

Waiting, Klimt

Se pudesse, oferecer-te-ia esta pintura.

Preceitos apócrifos

Naqueles dias, deambulou por entre multidões encegueiradas. E de olhos cerrados proferiu: "Em verdade vos digo. Aquele que nunca amou perde-se em e por si mesmo. O tempo de Narciso só agora começa." A multidão irrompeu em gargalhadas dementes e continuou a mirar(-se n)o espelho.

Gostar de gatos é coisa para gente grande 3




Via correio electrónico

Pronto, o final é algo exagerado. Ainda assim, anda lá perto.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Palavra de entendido

As baratas não se mastigam: chupam-se, como os rebuçados.

Só com Equimoses... ah... e culpa, claro...


"Um soco dado pelo réu, no rosto da autora não é fundamento de divórcio se não puder concluir-se que aquele tenha agido culposamente, e se, para além do mais, da agressão não tiverem resultado quaisquer equimoses."


E agora... tentem adivinhar que instituição é a autora desta frase.....sugestões na caixa de comentários, s.f.f.

Foto do sr. Joel Peter Witkin, à moda do "until death tear us apart"

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

património popular

Câmara de Lobos (Madeira): Minha filha é espierta, espierta. Vai à vaca, pranta semilhas e ainda trata do buzico(bebé).
Ou
O grade (cão) azoigou (morreu) e foi atupido (enterrado) numa manta de tararifas (abóboras oriundas de Tenerife).

Um corte nunca é inocente...

... pensa, com o cabelo a pingar lamento. "Deixa-me respirar por muito, muito tempo, o odor dos teus cabelos (...)"
relembra, enquando estes desfiam vertiginosamente perante a invasão implacável da tesoura. E rememora a cabeleira dessa outra mulher, farta, cabelos feitos de corda; fios longos, brancos, a perder de vista, que passeiam languidamente por entre os ombros e terminam nos seios, cobrindo-os apudoradamente.
Um corte nunca é inocente, repete, enquanto os fios a deixam para trás a olhar fixamente o espelho que lhe devolve o olhar. Há anos que não os deixa dobrar a linha do pescoço, castigando-os impiedosamente. Não resiste à rebeldia, à vontade de se espraiarem livremente. E corta-os, num impulso arrebatado. Quando a mão os sustem e a guilhotina os divide, sente a satisfação de sentir uma parte de si quedar-se no chão. Estilhaços rapidamente varridos. Sai mais escorreita, ciente da renúncia às recordações.

(Fotografia de Man Ray)

Imitações

É impressão minha, ou este ficou muito parecido com este?

domingo, 2 de dezembro de 2007

... para gente grande

Os chineses vêem as horas nos olhos dos gatos. Um dia, um missionário passeando por um subúrbio de Nanquim, apercebeu-se que se tinha esquecido do relógio, e perguntou a uma criança que horas eram. O garoto do Império Celeste hesistou primeiro; depois, mudando de parecer, respondeu: "Eu já lhe digo". Pouco depois reapareceu trazendo nos braços um gato muito gordo, e fitando-o no alvo dos olhos afirmou sem hesitar: "Ainda não é meio-dia". O que era verdade. Por mim, se me debruço sobre a linda Féline, a tão bem baptizada, que é ao mesmo tempo a honra do seu sexo, o orgulho do meu coração e o perfume do meu espírito, quer seja de noite, quer seja de dia, em plena luz ou na sombra opaca, no fundo dos seus olhos adoráveis eu vejo sempre distintamente as horas, sempre a mesma hora, uma hora vasta, solene e grande como o espaço, sem divisão em minutos ou segundos (...). Se qualquer imbecil me viesse perturbar enquanto o meu olhar repousa sobre esse delicioso mostrador, se qualquer génio malévolo e intolerante, qualquer demónio me viesse perguntar: " O que estás olhando com tanto interesse? Acaso lá vês as horas, mortal ocioso?, eu responderia sem hesitar: "Sim, vejo as horas. Agora é a Eternidade!" "Relógio", Charles Baudelaire

Lullaby de Domingo

I laugh a lot But that's just a plot Um dos álbuns que roda muito por cá.

Pérolas a porcos

"Je fuis des yeaux distraits que me voyant toujours ne me voyant jamais".
dsfeasfsfesewretreferweew
Bérénice, Racine

sábado, 1 de dezembro de 2007

Gostar de gatos é coisa para gente grande*


"Enquanto bebé, esta gata nunca dormiu em cima da cama. Esperava que eu estivesse deitada, depois andava por cima de mim, considerando as possibilidades. Metia-se no fundo da cama, junto aos meus pés, ou ficava no meu ombro, ou esgueirava-se para debaixo da almofada. Se eu me mexia muito, mudava arrogantemente de lugar, mostrando a sua contrariedade. Quando eu fazia a cama, gostava de ficar dentro dela; e ficava, visível como uma pequena bossa, muito feliz, durante horas, entre dois cobertores. Se eu fazia festas na bossa, ronronava e miava. Mas só saía dali quando precisava.
A bossa mexia-se pela cama, hesitava na beira. Às vezes ouvia-se um mio frenético quando ela escorregava para o chão. Com a dignidade perturbada, lambia-se rapidamente, dardejando os olhos amarelos para os espectadores, que cometeriam um erro se rissem. Depois, consciente de cada um dos seus pêlos, colocava-se em qualquer outro centro de cena."
Doris Lessing, Gatos e Mais Gatos

Gostar de gatos é coisa para gente grande
*Bom, grande não será o termo.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Subsídios para uma ausência prolongada*

Cultivar a arte de deslizar para o momento da suspensão. Desaprender o acto de respirar. Encerrar(-me) hoje, recomeçar amanhã. * Cogitações avulsas sobre nada.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Venus as a boy

Sair de cena sabe bem. Fiquei em casa. Soube tão bem este dia. Revigorante.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O Homem Perfeito

The perfect man is gentle,
And never cruel or mean.
He has a perfect smile,
And is always neat and clean.
The Perfect Man likes children,
And will raise them by your side.
He will be a caring father,
And good husband to his bride.
The Perfect Man loves cooking,
He will clean and vacuum too.
He'll do what's in his power
To show his deep-felt love for you.
The Perfect Man is sweet,
Writing poems with your name;
He's a best friend to your mother,
And will kiss away your pain.
He never has made you cry
Or caused you hurt in any way.
To hell with this endless poem and rhyme,

domingo, 25 de novembro de 2007

vertigens

(de René Magritte)

"É natural que quem quer "elevar-se" sempre mais, um dia, acabe por ter vertigens. O que são vertigens? Medo de cair? Mas então porque é que temos vertigens num miradoiro protegido com um parapeito? As vertigens não são o medo de cair. É a voz do vazio por debaixo de nós que nos enfeitiça e atrai, o desejo de cair do qual, logo a seguir, nos protegemos com pavor. (...)Poderia dizer que ter vertigens é embriagarmo-nos com a nossa própria fraqueza. Temos consciência da nossa fraqueza, mas, em vez de resistir-lhe, queremos abandonar-nos a ela. Embriagamo-nos com a nossa própria fraqueza, queremos ficar ainda mais fracos, cair por terra em plena rua à frente de toda a gente, ficar por terra, ainda mais abaixo do que a terra."


Milan Kundera- A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER.


Lullaby de Domingo

Em Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, Um doce-amargo do Chico, com direito a lírica na íntegra.
Eu te adivinhava/E te cobiçava/E te arrematava em leilão Te ferrava a boca, morena/Se eu fosse o teu patrão Ai, eu te tratava/Como uma escrava/Ai, eu não te dava perdão Te rasgava a roupa, morena/Se eu fosse o teu patrão Eu te encarcerava/Te acorrentava/Te atava ao pé do fogão Não te dava sopa, morena/Se eu fosse o teu patrão Eu te encurralava/Te dominava/Te violava no chão Te deixava rota, morena/Se eu fosse o teu patrão Quando tu quebrava/E tu desmontava/E tu não prestava mais, não Eu comprava outra morena/Se eu fosse o teu patrão Pois eu te pagava direito/Soldo de cidadão Punha uma medalha em teu peito/Se eu fosse o teu patrão O tempo passava sereno/E sem relclamação Tu nem reparava moreno/Na tua maldição E tu só pegava veneno/Beijando a minha mão Ódio te brotava, moreno/Ódio do teu irmão Teu filho pegava gangrena/Raiva, peste e sezão Cólera na tua morena/E tu não chiava não Eu te dava café pequeno/E manteiga no pão Depois te afagava, moreno/Como se afaga um cão Eu sempre te dava esperança/De um futuro bão Tu me idolatrava, criança/Se eu fosse o teu patrão

sábado, 24 de novembro de 2007

Mr Lekker...

... a nossa Pérola, convida-nos a passar por STP. A visitar, que a viagem sai relativamente em conta.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

eu cá sigo a moda

"Por qué no te callas"

Cogitações avulsas

De repente, as cinderelas e os príncipes estão na rua. Sem tacão, base ou armação no cabelo, sabe que será uma noite muito longa. O cabelo revolto denuncia-lhe a inépcia para a situação. Com calça preta, sabe que nunca se compromete. O pior é mesmo tudo o resto... Who cares?

Podia ser uma das pérolas de Mr. Lekker, mas não é


"Dois amantes que se destinam exclusivamente um ao outro já estão mortos: morrem de tédio."

Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo
Obviamente Magritte

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Post it

O homem do blog escapuliu-se. As moças que ficam desejam-lhe uma boa viagem e que não se esqueça que pode e deve enviar-nos notícias.

(Memórias) da cegueira*2

"Há sempre presente uma política dos sexos, quer dizer uma necessidade para cada um deles de conduzir, conscientemente ou não, uma política (...). (...), há um jogo e paradas em jogo, um modo de relação difícil de regular , do qual ninguém pode abstrair e que envolve relações de poder."
Sylviane Agacinski, Política dos Sexos

Por que teima em não se cumprir?
Em deixar-se conduzir, levar conforme a sorte e a mão que lhe estende a possibilidade de não pensar?
Por que insiste em não existir? Materializar-se apenas no gosto do outro, nos olhos do outro, na posse de quem diz que lhe quer bem?
Por que mantém os olhos bem fechados e sonha com véus que lhe toldam os sentidos e sedas que lhe vedam o pensamento?
Escolham por mim, reclama na voz mimada de quem nunca lutou porque outras fizeram-no por ela, antes dela e que lhes custou o suor do rosto, os braços pisados, a face conspurcada pelos insultos.


* O blá blá do post com o mesmo título e mesma ilustração.

"Pode Ser Liberdade"

"Ter um livro para ler e não o fazer!"
F. Pessoa

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Há muito a ouvir e a gostar cada vez mais


Meu amor adeus
Tem cuidado
Se a dor é um espinho
Que espeta sozinho
Do outro lado
Meu bem desvairado
Tão aflito
Se a dor é um dó
Que desfaz o nó
E desata um grito
Um mau olhado
Um mal pecado
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono
Porque não me vês
Maresia
Se a dor é um ciúme
Que espalha um perfume
Que me agonia
Vem me ver amor
De mansinho
Se a dor é um mar
Louco a transbordar
Noutro caminho
Quase a espraiar
Quase a afundar
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono
"Porque não me vês" In Por este rio acima

(Memórias) da cegueira*


Ah, mas quero ser assim: mulher, frágil. Quero que me alimentem a nozes e mel e me levem no cavalo branco e me digam suavemente não uses essa linda cabecinha laureada pelos lindos cabelos que quero só para mim.
Quero-me vazia, que é como me querem e é assim que acho que valho e me ofereço. E só assim me oferecem a maçã. Quero-me como ontem, sem pensar no hoje. Não quero conquistar. Quero ser conquistada, acenar bandeira branca e rojar-me aos pés. Afinal de contas, que fazer com a liberdade de pensamento? Prometo portar-me bem. Ergam-me novamente os muros, eu vos imploro.

(Pintura de Sarah Afonso)
*Título de Derrida, adulterado e descontextualizado

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Universo Charlie Brown


Blá blá, blá blá, blá blá blá...

Meteorologia na famárcia!?

- Tampões auriculares de ciclone, por favor. ...................................... - Desculpe, quero dizer silicone.

domingo, 18 de novembro de 2007

Noblesse oblige

"Mas eu sou diferente." Balbucia do alto da cegueira, sem conseguir vislumbrar o outro que murmura o mesmo. O burburinho é imenso e ninguém se entende, cada qual confinado confortavelmente na sua cabine, rodeados pelas fotografias inanimadas de feitos passados e de outros projectados. "Mas eu sou diferente", "mas eu sou diferente", repetem indiferentemente, sem ouvirem a repetição dos outros, sem reconhecerem as sílabas que compõem o ego de todos e de cada um. "Eu sou diferente.", mas sem hífen, que não gostamos de diferir realmente.

Lullaby de Domingo

Prece à(s) Deusa(s).

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

A César o que é de César.

A boçalidade, que já se sabe ser mal que afecta a ALR não se fica por aí. É curioso constatar que, aquando deste género afirmações ridículas sucessivamente se lê por aí o esfregar de mãos de pessoas dispostas a estender maliciosamente o tapete às idiotices proferidas. Pior a emenda que o soneto: se são ridículas as afirmações, idiotas costumam ser as respostas. Tanto quando sei, as Regiões Autónomas e nomeadamente a Região Autónoma da Madeira não serão um universo separado de um País que se quer uno. E, tanto quanto sei, grande parte dos portugueses continentais não se revê nas afirmações dos orgãos de poder. Nem sequer, na maior parte das patacoadas proferidas pelos seus Presidentes de Câmara. Daí que me faça espécie que, perante as arrozoadas de membros da ALR ou do GR assumam-nas como expressão do sentir e pensar da população madeirense. É intelectualmente desonesto evocar os madeirenses que optaram por residir no Continente, esquecendo (propositadamente ou não), os Continentais que optaram por fazer o percurso inverso. Ou que por cá também se pagam impostos e taxas e o diabo a quatro.

Pérolas a Porcos

"Sê justo, mas, se não puderes, sê arbitrário"
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Festim Nu, W. Burroughs

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Shut The Fuck Up 2

E já agora, também este. Se não o nosso ilustre vizinho, alguém mais próximo. Não é pago para manobras de diversão.

Shut The Fuck Up

O nosso vizinho também podia mandar calar o outro (que habita mais acima).

Sing (please), just to know that I'm alive

Noite de Nina. Tenho noites assim, entregues a vozes a que me amarro enquanto vagueio pelas palavras que pronunciam. Ouço-a incansavelmente, uma mesma música desdobrada em múltiplas interpretações da voz quente que se faz acompanhar pelo dedilhar no piano. Vagueio encostada à boca generosa, à modulação que faz às palavras. Gosto de a ouvir assim, no sussurro da noite, a sós com ela. Invejo os aplausos que, por vezes no final, denunciam outros que a escutam. Interrompem o dizer da voz e o meu ouvido. Momentaneamente. Depois, voltamos a ficar a sós.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

domingo, 11 de novembro de 2007

Congresso Feminista - 2008


Fica combinado?

O link para o site do Congresso está ali ao lado.

Lullaby de Domingo

Quem por cá passa com alguma regularidade já conhece esta minha queda para tudo o que este senhor faz. São inúmeras as faixas que considero sublimes e padeço de uma dificuldade intrasponível quando se trata de eleger os álbuns da minha eleição. Mais uma faixa do Mestre por cá é da inteira responsabilidade do blog de Jorge C, que me facultou a desculpa perfeita para aqui a deixar para quem a quiser apanhar. Por mim, deixo-me "lie down in the bitter gutter moon".

sábado, 10 de novembro de 2007

Brincadeirinha

Depois de ler algures um post em que alguém defendia acerrimamente a atitude nobre e desinteressada dos cientistas, cruzo-me com a notícia desta investigação científica. Imagino os pedidos de subsidiamento de tão pertinente investigação. A seriedade da problemática que lhe subjaz justifica plenamente que se financie um estudo destes. A ciência é claramente aplicada a problemáticas urgentes, lá para os lados de Cambridge... (Isso fica por terras de França, não é? Porque, como se sabe, no Reino Unido só se trabalha a sério).

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

«Sabe, passa; não sabe, não passa»

A haver a tal prova intermédia para os alunos faltosos, proponho que a sua elaboração e respectiva correcção seja remetida ao Ministério. E que seja a equipa da Srª Ministra a encarregar-se dessas funções. Pré-aviso: aconselha-se o Ministério a seguir o exemplo de Lueji e munir-se de tinta vermelha em quantidades bem generosas.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Feniana, melodia, coração, mar, vento, gaivotas e amizade.

Coração de mar e vento, Que aos corações lanças redes, És perpetuo movimento Na guitarra do Paredes. Pões esperança e amargura, Livras sombra e luz nas notas E em surdina tens gaivotas De saudade e de aventura. Coração tumultuário, Ah, faminto coração, Solidário e solitário A prender nuvens ao chão. Coração da melodia, Coração em que murmuram Sol e lua e se misturam Em funda melancolia. De tantas fomes e sedes, Coração terno e violento, És perpétuo movimento na guitarra do Paredes Ah, faminto coração, A prender nuvens ao chão... Letra: Vasco Graça Moura Música: Mário Pacheco Voz: Mísia In Movimentos Perpétuos – Música para Carlos Paredes

Não faz mal, tenho tempo.


Na farmácia:
(…)
- Já agora, gostaria de levar também tampões auriculares de silicone.
-Preferência pela marca?
- Não, não tenho.
- Espere um pouco.
………………………
-Tenho estes que são “muita” bons.
- Mas eu queria de silicone e esses são de cera e algodão.
-São óptimos, todos pedem destes.
- Eu prefiro dos outros.
- Olhe, é só tirar o algodão e moldá-los ao ouvido.
- Pois, mas eu não quero esses.
- Mas, ó menina, todos os estrangeiros usam destes.
- Sim, mas eu quero os de silicone. Já experimentei esses e não gosto.
- Espere, vou ver.
……………………….
- Desculpe, já não temos, estão esgotados.
- Não faz mal, eu aguardo.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Da importância do artigo definido.

Eu não tenho vistas largas. Nem grande sabedoria Mas dão-me horas amargas As lições de Filosofia. Uma (espécie de) quadra do Aleixo

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Lullaby (de dor de cotovelo) extraordinária

You can go out, dancing And I'll write about you, Dancing without you Da insularidade e outros demónios (convenhamos que no agendamento só se pensou em Lx e arredores).

"Mãos que falam"



Já sei dizer os dias, os mês, os números e outras palavras.
Acho que hoje vou aprender o alfabeto! Estou ansiosa.
Estou a gostar muito de aprender esta língua(LGP).

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

por falar em Educação, conceda-me esta dança!

JÁ NÃO ME AMAS?


A minha vizinha tem dois rapazinhos que, como todas as crianças normais, fazem birras, dão gargalhadas, lutam e gritam muito.
Ouço também as sucessivas repreensões da “mãe educadeira” e, logo a seguir, a choradeira habitual de uma das crianças.
Este festival sonoro é só aos fins-de-semana, e só quando estou ou vou à cozinha. Mas o mais engraçado disto tudo é quando o menino (não sei qual, pois nunca os vi!) vai interrompendo o seu choro contestatário para se certificar de algo que o preocupa ou, melhor, o desespera: “ MÃE, TU JÁ NÃO ME AMAS?!”. Nessas alturas, saio sempre da cozinha a correr para não ouvirem as minhas gargalhadas.

Da voz na escrita - uma audição a partir de um texto de um (antigo) professor

"O estilo é portanto o lugar onde aparece o autor. E é-o pelo que há nele de propriamente técnico: uma certa maneira de tratar uma matéria, de reunir e ordenar as pedras, as cores ou os sons para fabricar o objecto (...)."
Mikel Dufrenne
Abro-lhe as páginas. Inicio a leitura, lenta e compassadamente. Deixo de me ouvir. O soar da palavra é já dele, das aulas e comunicações que lhe ouvi. Já não leio. Escuto. O discurso anima-se. Vejo-o sentado, a desaparecer lentamente na cadeira por oposição ao entusiasmo que emprega às palavras. Ouço-o dizer o texto, com as pausas que lhe são características, as de quem procura no último momento pelo termo certo. Só faltam mesmo as piadas, a servir de intermezzo.

domingo, 4 de novembro de 2007

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Dobrada à moda do Porto

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo, Serviram-me o amor como dobrada fria. Disse delicamente ao missionário da cozinha que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria. Impacientaram-se comigo. Nunca se pode ter razão, nem num restaurante. Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta, E vim passear para a rua. Quem sabe o que isso quer dizer? Eu não sei, e foi comigo... (...) Sei isso muitas vezes, Mas, se eu pedi amor, por que é que me trouxeram Dobrada à moda do Porto fria? Não é prato que se possa comer frio, Mas trouxeram-mo frio. Não me queixei, mas estava frio, Nunca se pode comer frio, mas veio frio. Álvaro Campos

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Pérolas a porcos

"(...) Como a vida seria bela e a nossa miséria suportável se nos contentássemos com os males reais e não prestássemos ouvidos aos fantasmas e aos monstros do nosso espírito."
jjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjgkiggtiugg
gkuguguifui
A Sinfonia Pastoral, André Gide

Ele está de volta.


E eu aplaudo exaustivamente.
(imagem retirada daqui)

terça-feira, 30 de outubro de 2007

"Uma coisa é uma coisa" que é outra completamente diferente.


Corro o risco de me tornar repetitiva, ano após ano, mas não resisto a meter a colher nessa história dos rankings das escolas. Depois de todas as análises exaustivas, das comparações, justificações, altercações e sabichões na matéria...
Só a título de exemplo, no DN (25 de Outubro de 2007), reportagem exaustiva escola a escola. Na escola onde lecciono, a CIF (classificação interna final da disciplina) de Psicologia B é comparada com a NE (nota de exame) a Psicologia (programa antigo). Note-se que os alunos concorrem só com a nota de exame, já que estamos perante disciplinas cujos conteúdos programáticos são diferentes. Ora, este caso é muito óbvio. Mas já agora, parece que não é tão óbvio para os analistas de ponteiro em riste que os rankings quando apontam CIF's e NE's, referem-se a avaliações radicalmente diferentes: por um lado, a avaliação efectuada ao longo do ano, com múltiplas provas, trabalhos individuais, trabalho na sala de aula, em casa. Por outro lado, temos os resuldados de um exame de 120 minutos.
Considero que os exames são um instrumento a fomentar. No entanto, os apologistas deste tipo de comparações parecem-me pouco dotados de inteligência, já que nem conseguem perceber as diferenças essenciais entre diferentes instrumentos de avaliação. Por outro lado, candidamente apontam a sábia batuta aleatoriamente entre colégios públicos e privados, com diferenças sociais brutais. Será muito diferente o contexto de um aluno cujo encarregado de educação pode assegurar uma mensalidade de 400 euros de um outro que tem que trabalhar nas férias para sustentar os estudos ao longo do ano (casos destes existem mais do que gostamos de admitir).
Mas enfim, eles lá (a) sabem (toda).

Pintura de Max Ernst

domingo, 28 de outubro de 2007

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Levava ele com o jarrinho

Pena que o jarrinho Tenha caído ao chão. Assentava melhor Na fronte do rapaz Que correu atrás Da menina que levava a fita Para ir bonita.

Paradoxos... 2


Os locais de trabalho são sítios estranhos. Com estranhos que partilham mesas, cafés e sobretudo, rotinas. Nas escolas, os toques de saída e entrada encerram malevolamente minutos de perfeita imbecilidade, trocados a um balcão ou a uma mesa de café.
Em Janeiro, acabam-se as salas de chuto que, de certo modo, até agora têm preservado os seus frequentadores das enchentes engalfinhadas em conseguir uma mesa, ou das conversas sobre nada: das crianças impossíveis, das odiosas, das brilhantes, dos maridos, das mulheres, filhos e filhas, netos e netas, genros, cunhadas, sogras. Dos namoros dos miúdos, das querelas, das disputas, dos horários, apoios, clubes, projectos... Um burburinho ensurdecedor.
É claro que é sempre necessário passar pela fila interminável da compra do café, a espera tremenda pela senha e pelo serviço lento de quem tem apenas duas mãos em luta com cem que lhes estende as senhas.
No meio de tudo isto, destacam-se os paradoxos. O paradoxo, neste contexto, é um conceito que engloba os tipinhos de mãozinhas pegajosas. De labiozinhos apertados pela lascívia e gulodice. Lambões de olhos miudinhos, a denunciar a jarretice. Em quase todos os espaços, suponho que se encontrem personagens destas que instintivamente nos fazem limpar as mãos depois de os cumprimentar.
O título do presente post tem um duplo sentido: segundo post sobre Paradoxos desta natureza. E também porque, pelos vistos, por vezes andam aos pares. Dupla calamidade. Passam os anos a saltitar por entre escolas, a formar quem está efectivamente em sala, munidos de projectos manhosos que apenas servem para entreter. Passeiam por entre corredores a santa idiotice, srs. inspectores da treta, incompetentes que só papagueiam sobre competências e ped(em)agogias. E entretanto, o elogio fácil dos tipinhos que se julgam inteligentes e confortavelmente camuflados pelos anos que já lhes pesam nas carecas. Enfim, lá vão sendo (in)suportáveis, por dois ou três dias, que mais que isso é humanamente impossível.

Pintura de Ignacio Lloret

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Deolinda

Estou numa de sugestões. Grupo catita, para dizer o mínimo, cheio de energia e piada. E que melhor nome para fadista do que Ana Sofia Bacalhau?!? A Shakira de Alfama, com a anca mais bombástica do fado português!!! http://www.myspace.com/deolindalisboa P.S.- Pensava fazer esta sugestão daqui a uns dias. Mas foi antecipada de modo a evitar penas eriçadas...

domingo, 21 de outubro de 2007

Lullaby de Domingo

Day off. SILÊNCIO, por favor.

Retratos do Portugal de Salazar. Anos 60



"Quando me pergunta acerca da discriminação... é o medo de andar na rua sozinha, e não é o medo de ser assaltada, é um medo muito pior, que é o medo de ser visto como um naco de carne, é o medo de não ser visto como um Ser Humano. As mulheres não eram vistas como seres humanos em Portugal. Eram objectos da concupiscência dos homens que eram totalmente frustrados sob todos os pontos de vista, e portanto, a única coisa que tinham na cabeça era sexo. Se calhar na vida também não tinham, mas na cabeça... era uma coisa completamente insustentável."

Diana Andringa


O dia internacional contra a violência machista comemora-se a 25 de Novembro, mas deveria ser relembrado todos os dias.

sábado, 20 de outubro de 2007

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Ora dá cá um beijinho...

...pediu ele a babar pelo canto dos lábios. Viam-se todos os dias, na aterradora fila para o café que se tornava insuportável nos intervalos. Ela não sabe bem o que fazer. Tenta recuar, ele já se aproxima, beiçolas ameaçadoramente em riste, certeiramente apontadas para as suas bochechas. Rende-se à situação e, resignada, obriga-se a aceitar o cumprimento baboso do patético homenzinho. Ele agarra-lhe no braço, como que a assegurar que os lábios assentem exemplarmente nas faces dela, um beijo carregado da espuma que lhe enche os beiços. O mo(vi)mento prolonga-se para a outra face. A criatura, matemático de profissão, tem problemas com o cálculo; elenca um, pespega-lhe dois. Dupla agonia. Instintivamente, limpa a face conspurcada; só lhe ocorre ripostar com "Pois é, não nos vemos todos os dias." E ainda bem, acrescenta mentalmente.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Lullaby a Z.

Para ti. Estivemos juntas há um ano. Deixa-me evocar o teu nome como se cá estivesses.

Bem pelo contrário.

Alguém culpa-a por ceder à demência graças à obrigação contratual de partilhar uma cama com um desconhecido? Já que estamos nisto, evoquemos essa outra, Tosca, que beija com punhais. So what? Palavra de feminista.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A Paixão Segundo Clarice

Muitas vezes, quando assaltada pela angústia, consulta Clarice. Tacteia o livro, sente-lhe primeiramente a textura, toma-lhe o cheiro para finalmente soletrar (como quem não sabe ler) o título. Degusta-o lentamente, letra a letra. O livro da paixão é a sua superstição. Abre-o e procura pelas palavras que lhe atenuarão a insónia. Sorri mentalmente quando as descobre: "Não que eu estivesse presa mas estava localizada. Tão localizada como se ali me tivessem fixado com o simples e único gesto de me apontar com o dedo, apontar a mim e a um lugar."
Clarice Lispector, A Paixão Segundo G.H.