sexta-feira, 25 de abril de 2014

Solidariedade e Liberdade

Alfredo Cunha, 25 de Abril 1974. A partir daqui.

A cidade é um chão de palavras pisadas
A palavra criança, a palavra segredo
A cidade é um céu de palavras paradas
A palavra distância, a palavra medo
(...)

Ary dos Santos

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Aumento do SMN: é agora que os/as pobres vão voltar a viver acima das suas possibilidades!


Ontem ouvi no Fórum da TSF, um senhor de uma associação do comércio (infelizmente, não memorizei o nome) afirmar que um aumento do Salário Mínimo Nacional seria benéfico porque ia causar uma «animação no consumo», uma vez que, segundo ele, as pessoas usam o salário mínimo «para consumo».




Não sei em que país este senhor vive, mas não é certamente aquele em que eu vivo, ou, pelo menos, com as pessoas que eu conheço e que ganham o salário mínimo nacional, por um trabalho de oito horas diárias. E não, essas pessoas não trabalham em nenhuma linha de montagem industrial. Trabalham num centro de contacto (ou seja, um trabalho neo-fordiano na área dos serviços), que anuncia a linha como «altamente especializada» e onde a empresa cliente paga à empresa de outsourcing mais do dobro por cada posto de trabalho, que aquilo que quem ocupa efetivamente esse posto recebe. Porquê? Porque, prefere dar dinheiro a uma empresa intermediária que, mensalmente, fica com 50% de lucro (já depois de descontado os proporcionais de subsídios de natal e de férias e eventuais indemnizações de final de contrato).

O que irão fazer estes/as assistentes cujos passes sociais podem custar 92€ e que ganham 485€? Consumir, pois claro. Suponho que por consumo se estivesse o senhor a referir a aquisição de bens não essenciais. Mas eu posso esclarecer: estas pessoas, se forem aumentadas e se esse aumento não for consumido pelo Estado sob a forma de impostos, irão pagar dívidas: as dívidas que são obrigadas a contrair para poder sobreviver. Animar o consumo? Esta gente não tem a menor noção do que é viver com 485€ mensais. Mesmo.