quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O Rei vai Nu

Desde que foram divulgadas as medidas de austeridade específicas para a Região (que foi) Autónoma da Madeira, leio e ouço que agora é que é, bem feita, quem os mandou eleger o AJJ, julgavam que não iam pagar, etc. O que me parece mais curioso é que estas bocas cheias são as mesmas que elegeram PPC e que pelos vistos estão satisfeitíssimos com a magnífica escolha que fizeram.

(estou perfeitamente à vontade para manifestar a minha perplexidade, eu, que não votei em nenhum deles).

sábado, 24 de dezembro de 2011

Longa, longa gargalhada

do blogue Aventar
porque não vale a pena chorar (nunca valeu, de qualquer forma)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Desconheço a autoria, mas estou certa que a mesma apreciará a disseminação da obra.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Are you Scared?


"Ela devia estar em casa a cuidar dos filhos em vez de andar a destruir a vida de alguns homens"*


*Declaração de uma habitante de New Bedford, descendente de portugueses - tal como a vítima - Cheryl Araújo - e os acusados, de resto - a propósito de um caso de violação em grupo, que originou este filme. A comunidade portuguesa organizou-se e manifestou-se contra a condenação de quatro violadores.

in Allison, J. A. "Rape: the misunderstood crime"


Eis uma entrevista a Daniel e Michael O'Neill, que socorreram Cheryl.
Um artigo de Grégoir Seither acrescenta que o padre referiu que uma rapariga que vai a um "local daqueles já se sabe o que é que anda à procura e por isso, que não venha chorar depois"
Quase tão hilariante quanto a declaração do pastor, foi a defesa alegar que ao "aceitar beber um copo de vinho com os seus agressores ela estava a concordar com o sexo" e, portanto, o episódio tratar-se-ia de "sexo consentido" e que o pormenor de ela gritar NÃO e se debater "fazia parte do jogo".
...................
Por vezes, ao ler certos comentários a casos de violação  nos jornais, ou em blogues, vem-me à memória a frase do título, que tão bem espelha uma mentalidade que gostaria de acreditar datada.....

sábado, 10 de dezembro de 2011

A escolha é fundamental


Seus olhos se encheram de lágrimas. «Ingrata», pensou ele escolhendo mal uma palavra de acusação. Como a palavra era um símbolo de queixa mais do que de raiva, ele se confundiu um pouco e sua raiva acalmou-se.
Clarice Lispector, Laços de Família

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

"Para ti, sabes porquê"

Manuel Rodríguez Sánchez

Canto-te...
Canto o teu nome porque só as coisas cantadas
realmente são e só o nome pronunciado inicia
a mágica corrente
(...)

Canto-te 
E tu definitivamente existes nos meus olhos
são os olhos da criança que nós somos sempre
diante da imensidão do teu espaço.

Ana Hatherly

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A paciência dos doentes e a sapiência de uma equipa ministerial

Segundo o ministro Paulo Macedo e outras vozes apoiantes da actual linha condutora para a saúde, as taxas moderadoras servem, como o próprio nome indica, para moderar o acesso aos serviços, sobretudo ao de urgência hospitalar, a qual, segundo palavras do ministro e seu séquito, são usadas abusivamente pelos/as utentes (os quais, por certo, devem dar como bem passadas as horas nos corredores e salas de espera de um hospital público). É, manifestamente, um abuso, e há que pôr esta gente na ordem e informar que se se tem uma dorzinha no rim, isso não significa que se esteja a morrer, porque só quem está com o pé para a cova é que pode ir às urgências.


Ora, segundo entendi das palavras do ministro, no programa Prós e Contras, palavras essas repetidas nos meios de comunicação social, nomeadamente no Expresso, tudo irá depender da capacidade de auto-diagnóstico do doente: "as taxas moderadoras vão depender do facto de ser uma urgência ou de ser uma consulta de cuidados primários". Ora, uma vez que o raciocínio é: aumentando a taxa de acesso às urgências as pessoas irão pensar duas vezes antes de desembolsar 20€ para ser tratado como gado e irão aguardar pela consulta no centro de saúde. Assim a ser, não consigo perceber o porquê da duplicação da taxa moderadora de acesso a estes serviços. E, por muito, que a deputada Teresa Caeiro venha dizer, aos microfones da TSF, que o número de pessoas abrangidas pela isenção irá aumentar (talvez já estejam a contar com os futuros desempregados), há que sublinhar que se está a colocar uma baliza nos 624€ para a isenção (para além das grávidas e crianças até aos 12 anos, desempregados/as e doentes crónicos cujas consultas sejam referentes a essa mesma doença). Ou seja, uma família cujo rendimento per capita seja 650€* não estará isenta. As taxas moderadoras não farão mossa caso os membros desta família usem o Centro de Saúde uma a duas vezes por ano, mas... e se for mais vezes? É que, sinceramente, não consigo entender a lógica do: "ah, e queremos que as pessoas só vão às urgências hospitalares quando realmente for caso de urgência, porque quando se trata de cuidados primários têm de ir ao Centro de Saúde". É que isto até poderia ter fazer todo o sentido se, aumentando (imensamente!) a taxa de acesso às urgências se se mantivesse a dos Centros de Saúde ou, pelo menos, não a duplicassem (isto para não falar do facto de haver uma enormidade de gente sem médico/a de família, ou sequer sem acesso a um centro de saúde que funcione todos os dias da semana, como é o caso do interior do território nacional).

Nota*: Eu já ganhei (e não foi assim há tanto tempo) 650€/mês e por vezes não dava sequer para pagar as despesas fixas: renda, água, luz, gás, passe, combustível, Internet.
Supermercado? Pois...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Boa Semana [de melancolia]





Este é o tempo
Este é o tempo
Da selva mais obscura

Até o ar azul se tornou grades
E a luz do sol se tornou impura

Esta é a noite
Densa de chacais
Pesada de amargura

Este é o tempo em que os Homens renunciam.

Sophia de Mello Breyner, 1958

E isto é só o início