quarta-feira, 28 de março de 2007

Lullaby de alforria

A falta de tempo alia-se à pouca vontade. As mãos não acompanham o movimento do raciocínio e, portanto, alinhavo posts e posts sem realmente os escrever. Mentalmente, faço-os, completo-os, completam-se. E hoje, ao fim de algum tempo, com a adrenalina de um dia que começou cedo e termina tarde, perante os relatórios, gráficos, actas, pautas que se sucedem, salas de reunião, programas informáticos especializados na lentidão de páginas a negro, perante salas e salas de gente a trabalhar freneticamente, amêndoas de chocolate e de açúcar... apenas me apetece entoar o coro do que me oferecem no meio do turbilhão - My mind is a cage:
But my body hold's the key (ligeiramente alterado)

domingo, 25 de março de 2007

Depois das conversas privilegiadas com a Virgem Maria...

Suponho que o que se passou no fim de semana passado resulte de uma leitura apressada ao Novo Evangelho, por parte de Paulo Portas. Quase que juro* que se imaginou a expulsar os vendilhões do tempo.
*Expressão roubada a R.

Lullaby de Domingo

quinta-feira, 22 de março de 2007

...Uma Primavera Complicada

"Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço..." Álvaro Campos

quarta-feira, 21 de março de 2007

UMA PRIMA(de)VERA(s) COMPLICADA

No início da estação Primavera, dou sempre por mim a rever o género das palavras relacionadas com plantas. Ora bem, castanheiro, masculino; tulipa, feminino; pessegueiro, masculino… Este hábito ficou desde o dia em que nós, eu e a minha querida amiga Woman, tentámos convencer certos actores a fazer de certas plantas. Foi um verdadeiro quebra-cabeças! Do pior! A “vegetação” ficou deveras agitada com a notícia de uma peça teatral sobre a Primavera. Em mim e na Woman deu-se a chamada fotossíntese, ambas ficámos naturalmente verdes com aqueles amadores de teatros. Uma “encomenda teatral sobre a estação da Primavera” de última hora, para criancinhas pequeninas, provocou um grande alvoroço nos elementos, quase todos rapazes, do grupo de teatro “A Despertar” que, logo de imediato, nos avisaram: “ Eu cá não faço de flor ou de planta, eu quero fazer de caçador ou de incendiário”. Bonito! Liiiiiiiiiiindo! Uma Primavera sem flores ou sem plantas e com muita violência à mistura. Com alguma, quase nenhuma, tolerância às causas e princípios dos adolescentes, lá tentámos fazer ver o outro lado das coisas, neste caso das plantas. Com alguma serenidade, começámos por dizer: “Se falarmos, por exemplo, no castanheiro, no pinheiro, no pessegueiro... pensam logo no género masculino, verdade?” e alguém retorquia: “Mas pertencem às plantas, e as plantas são mulheres, género feminino!” O debate continuou aceso durante bastante tempo. Eu, a determinada altura, retirei-me enraivecida, sem paciência, e fui resolver outra situação. Deparei-me, então, com alguém que fazia de coelho e não sabia onde pôr o seu adereço cenoura que, em alguns momentos, pensei arrancar-lhe das “patas” e comer. Era uma cenoura verdadeira. Mas tudo acabou bem, os meninos lá ficaram convencidos (ainda não sei como… O mérito foi da Woman! Ela resolveu aquela questão de géneros), e aquela Primavera teve muitos pinheiros (atenção ao género!).

segunda-feira, 19 de março de 2007

superficialidades

(...de Magritte)

Por vezes, logo pela manhã, quando saio de casa, deparo-me com um grande dilema existencial: desço as escadas ou desço no elevador? Pelas escadas vou mais rápido (ao contrário do que se espera…), pelo elevador vejo-me ao espelho...
Quase sempre opto pelo elevador. Gosto de encarar a realidade de frente e, se possível, de dentro!
Quando subo… a questão raramente se coloca. Elevador, pois está claro!

domingo, 18 de março de 2007

a promessa de vida no teu coração

São as águas de Março fechando este dia...e a promessa de vida no teu coração!

sábado, 17 de março de 2007

Lullaby de Domingo

Um nó na garganta, de cada vez que tomo consciência do nó dos outros. A minha condição nunca passou por (querer) um filho. Mas tenho estado atenta ao sonho dos outros. Apanho as angústias e não sei que fazer com elas. Não sei que fazer. Não sei.

Curioso como a palavra acolhimento oculta significados que nunca antes me ocorreram. Saída da boca de algumas pessoas soa um doce suculento, porém, pode esconder algo pegajoso.
Acolhimento, soube-o hoje, pode querer dizer um conjunto de alertas que, de forma altruísta, se transmitem a um(a) iniciad@. "Dou-vos um conselho: não confiem em ninguém". Fixei-lhe o olhar, esperando, quem sabe, que se redimisse, que ao menos lhe saísse um "claro que podem confiar em mim...", mas nada. Parecia acolhedor. Continuou a parece-lo, pois tudo o que dizia tinha a tonalidade não da candura, mas da neutralidade. Descrevia o ambiente de forma crua. Sem rodeios, sem qualquer tentativa de sublinhar o que quer que fosse de positivo, sempre com aquele tom de voz que nada diz, de quem nada quer dizer para além do que já está dito.

Foto de Susana Paiva

sexta-feira, 16 de março de 2007

Night and Day

Ontem, pela noite dentro, atira um amigo o epíteto de irascível. Hoje, uma paz de alma, sentencia um colega.

quinta-feira, 15 de março de 2007

"Flagrante da vida real"

- Vamos lá corrigir o T.P.C.! Fez? - Eu não fiz! - Então!? - Não mandou fazer trabalhos para casa? - Sim, mandei. E então? - Eu vivo num apartamento! Percebeu?

quarta-feira, 14 de março de 2007

O Site Meter é um impostor!

Desconfio que o site meter farta-se de meter água! Na verdade, o seu trabalho de pesquisa é, no mínimo, suspeito. Raramente o visito. Mas esta noite, por motivos que agora não interessam ao post, acabei por dar um salto a esse instrumento que lembra o 1984 de Orwell. Esta minha visita culpada ao antro do olheiro, revelou plenamente o carácter falível do bicho. Supostamente, alguém veio bater a um post antiquíssimo (tanto quanto pode ser em relação a este blog) sobre paradoxos. Até aqui nada de estranho. O susto viria depois. Absolutamente indignada, quando percebi que uma busca aleatória conduziu um possível fã de Ruth Marlene a esta casa que é nossa. É que por cá somos mulheres de respeito, avessas a cantorias desafinadas! Já algo refeita do choque inicial, percebi que era engano. Só poderia ser engano. A acompanhar essa ignomínia que é o nome Ruth Marlene, a palavra "desnuda". A sua leitura, o soprar dos meus lábios no desdobramento das suas sílabas funcionou como um bálsamo para a ferida acabada de nascer. Um amante de Ruth Marlene nunca a utilizaria. Um amante de Ruth Marlene utilizaria "nua", "descascada", "com tudo ao léu", "o rabo da Ruth", "as mamas da Marlene"... Nunca, mas mesmo nunca, uma palavra tão poética quanto "desnuda"!

My Private Lord

Em tempos, ouvi Eduardo Lourenço defender que apaixonamo-nos essencialmente pela voz que nos sussurra ao ouvido. Suponho que esta seja uma verdade de alguns. Minha será certamente. A palavra dita sempre ganhou asas se acompanhada por um timbre à altura... Obviamente, é difícil ouvir/reconhecer uma voz que se destaque na multidão e nos faça desejar ser só nossa. Do nosso ouvido, pelo menos. Acompanho fielmente a discussão que ocorre aqui sobre os feios giros. Os feios giros são aqueles que normalmente consideraríamos "feios", mas que por alguma razão nos parecem belos, ou pelo menos, menos feios. Obviamente, uma discussão desta natureza conduziu inevitavelmente à questão da qualidade da voz. Naturalmente, recomendei o meu feio giro. É que nem o bigode horroroso que ultimamente ostenta me demove desta convicção!

Fora do mundo afinal...


...fica no Vale dos Amores.
Existe coincidência mais deliciosa?

terça-feira, 13 de março de 2007

Uma Carochinha enganada!

"Decididamente, tu não és o meu João Ratão!! Fazes muito BARULHO; ACORDAS os meus meninos e... NÃO CAISTE no CALDEIRÃO!!"

*Mulher a chorar, Pablo Picasso

Segunda "impotece"...

O melhor é sair do pc e lançar-me ao bicho, não é?

Uma "Impotece" para a resolução do meu problema...

Alguém quer corrigir a pilha de trabalhos que está para ali com olhar de censura?
Saúdo o regresso do Memória Inventada. Um dos meus blogues favoritos regressa ao activo com um texto belíssimo sobre regressos.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Com sua licença, So'dona Laide. Quando Vossa Excelência desanimar, é "botar" a faixa de costureira franzina E afinar as cordais vocais. Ora faça o favor de me acompanhar...

Ainda....

Ser homem (M) ou ser Mulher (F) Que importa a distinção! Não houve acto de vontade Nenhum teve a liberdade, No momento de nascer Para poder decidir Qual dos dois queria ser. Que importa a distinção! Se o sangue dos inocentes Em batalhas derramado, Corre vermelho para ambos E não vem etiquetado! Se a dor e o sofrimento Se a alegria e a tristeza Se o amor e a paixão Não escolhem M ou F, Não se dão a tal proeza Que importa a distinção! Se a injustiça e a crueldade Não fazem qualquer selecção, atingem sem piedade Seja Homem ou Mulher Que importa a distinção! Maria da Luz do Ó
Claro que por vezes importa, nos salários, um entre muitos exemplos. Mas em todo o caso, agrada-me a recusa do determinismo biológico. Em muitas coisas, definitivamente, homens e mulheres não se distinguem. É-se discriminado sempre: pela classe social, pela religião, pelo partido político, pelo clube de futebol, pela orientação sexual e claro, pelo género. É só escolher.

domingo, 11 de março de 2007

Amigo...


Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também

Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também

Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também

José Afonso

Lullaby de Domingo

Nem de propósito... Uma velha amiga do passado junto à praia, Com Julietas a esbofetear Romeus E Romeus a pontapear Julietas. Videoclip descoberto pela Nefertiti

sábado, 10 de março de 2007

"Tudo sobre...

... Como ficar com pernas dignas de serem vistas!" Acabo de ouvir como mote de arranque para o telejornal. Gosto de assuntos sérios, tratados seriamente. Na SIC.

No Princípio era o Verbo?

Klimt

quinta-feira, 8 de março de 2007

Vale a pena dar uma vista de olhos.

E porque também é o dia delas....


Também quero aqui deixar a minha homenagem às mulheres neste dia... mas quero lembrar, especialmente e porque me incluo nesse grupo de mulheres (e homens também) muito esquecido no nosso país. O texto não é meu (pertence ao blog de claudiacollucci), mas subscrevo-o inteiramente. E porque hoje se vota, também, a lei do aborto em Assembleia da República, não nos deveríamos esquecer que:

"Há anos os grupos feministas fazem campanha pelo direito de a mulher não ter filhos indesejados, mas, em nenhum momento, olham por aquelas que desejam ardentemente um filho. Que passam por procedimentos arriscados, que se deprimem, que perdem o rumo. Em entrevista ao caderno "Mais", da Folha de S. Paulo, a historiadora do feminismo Yvonne Knibiehler, acusa o movimento feminista de negligenciar o papel da maternidade: "O que eu espero é que aquelas que se disserem feministas no futuro compreendam que é preciso, sim, ajudar as mulheres a não ser mães quando elas não querem ser, mas é preciso também ajudá-las quando elas desejam ter filhos".


Olhem por nós também.....

"Feminismo sossegadinho" *


Segundo a Amnistia Internacional, uma em cada três Mulheres sofre de violência doméstica ao longo da sua vida. Em contrapartida, cá por casa - onde está tudo bem e o pessoal admira-se e que chatice, lá vem uma histérica falar sobre o assunto - todas as semanas uma mulher é morta pelo companheiro.
Neste País de brandos costumes - onde semanalmente morre uma Mulher "por amor", a lei protege a Instituição, mas não as pessoas. Apesar de ser considerada um crime público desde 2000, a violência doméstica só é considerada crime se perpretada entre conjuges; portanto, no que diz respeito a um casal que não tenha assinado o papelito no cartório o problema é, obviamente, deles (na verdade, a maior parte das vezes é problema delas). O mesmo se passa em relação a um ex-casal que tenha efectivamente assinado o papelito no cartório a anular contratos anteriores . Assim, crime público só aqueles que estiverem efectivamente casados, porque os outros, que o tivessem feito. E os que fizeram, que se mantivessem casados, que é para aprenderem a não querer melhorar de vida.
Obviamente que a violência doméstica não é SÓ uma questão de género; num casal, o agressor pode ser o elemento feminino, assim como também um casal não será obrigatoriamente constituído por um homem e uma mulher. Mas a verdade é que os números são assustadores e os números apresentam ainda uma factura altíssima à Mulher. E o nosso Estado continua a estabelecer fronteiras morais de cariz discriminatório no que diz respeito a reconhecer a TODOS o direito de protecção em casos de violência.
Cá em casa tudo bem, n'est pas?

*
Expressão roubada à Isabella, do Mundo Perfeito.
Pintura de Paula Rego

quarta-feira, 7 de março de 2007

"O que podem as palavras?"

"Tudo terá de ser novo, e todos temos medo. E o problema da mulher, no meio disto, não é o de perder ou ganhar, é o da sua identidade. Que nesta sociedade, muitas coisas lhe são gratificantes, sem dúvida; mas que a mulher (e o homem) não tem consciência de como é manipulada e condicionada, ainda oferece menor dúvida. A repressão perfeita é a que não é sentida por quem a sofre, a que é assumida, ao longo de uma sábia educação, por tal forma que os mecanismos da repressão passam a estar dentro do próprio indivíduo, e que este retira daí as suas próprias satisfações." "Onde reaprender a ser, onde reinventar o modelo, o papel, a imagem, o gesto e a palavra quotidianos, a aceitação e o amor dos outros, e os sinais de aceitação e amor? Bem sei, (...), de que te queixavas, do que eras incapaz: de inventares sozinha a mãe, a heroína, a ideologia, o mito, a matriz, que te pusesse espessura e significado perante os outros, que até aos outros abrisse caminho, se não de comunicação, pelo menos de inquietação. (...) Onde reinventar o gesto e a palavra? Tudo está invadido pelos gestos antigos, e nós próprios, e nós mulheres que pretendemos revolucionar até aos ossos, até à medula. Olhando para ti, (...), vejo, sem querer e como todos (...). Assim te sou hostil apesar de irmã, nesta época que muitos dizem de igualdade, e onde o trabalho da mulher já vale dinheiro (pouco) e a palavra da mulher já é ouvida (e mal entendida)."
Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa Novas Cartas Portuguesas

terça-feira, 6 de março de 2007

Aquecimento de neurónios e a estranha relação dos (sobre)nomes

Acho que o nome Fátima quando complementado por Lopes, é sinal de mau augúrio. Da que pulula na Tv com as vidinhas tristes dos outros, a recomendar os iogurtes intestinais e a assinar livros que podiam ter sido escritos por adolescentes, estamos conversadas. Quanto à outra, a história é outra. Essa, anda a dar mini-entrevistas à Visão e a criticar a medida adoptada em Espanha de controlo das modelos excessivamente magras. Segundo ela, a espanha pretendeu chamar a atenção, já que não tem qualquer peso na moda internacional (Portugal tem, como é óbvio. Ou melhor, a Fátima tem). "Saiu-lhes o tiro pela culatra", diz ela, como se fosse de aplaudir de pé que se continue a desfilar com mortas de fome! A criatura que defende o uso de peles e compara com comer bifes ou não (suponho que secretamente abocanhe as peças que assina ), fez um desfile com "consciência ambiental", para não perder o comboio internacional. E acrescenta que não está a tentar ser moralista. Pois não. Nunca me passaria pela cabeça que ela o fosse. Portanto, Lopes deste País, "Fátima" para as criancinhas não costuma dar bons resultados!

Assinar contratos sem ler as letras pequeninas.

. Pelos vistos, assinei um contrato com ele e nem sabia. Disse-o ele. Obviamente, de chorar a rir.

domingo, 4 de março de 2007

Nem de propósito, Nefertiti...

Sobre ontem, encontro aqui uma chamada de atenção para este post. Também eu não me importaria de o ter escrito. E este também...

Lullaby de Domingo

Porque a desvirtuação da data que se aproxima resulta apenas em ramos de...

sábado, 3 de março de 2007