sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Subsídios para uma ausência prolongada*

Cultivar a arte de deslizar para o momento da suspensão. Desaprender o acto de respirar. Encerrar(-me) hoje, recomeçar amanhã. * Cogitações avulsas sobre nada.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Venus as a boy

Sair de cena sabe bem. Fiquei em casa. Soube tão bem este dia. Revigorante.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O Homem Perfeito

The perfect man is gentle,
And never cruel or mean.
He has a perfect smile,
And is always neat and clean.
The Perfect Man likes children,
And will raise them by your side.
He will be a caring father,
And good husband to his bride.
The Perfect Man loves cooking,
He will clean and vacuum too.
He'll do what's in his power
To show his deep-felt love for you.
The Perfect Man is sweet,
Writing poems with your name;
He's a best friend to your mother,
And will kiss away your pain.
He never has made you cry
Or caused you hurt in any way.
To hell with this endless poem and rhyme,

domingo, 25 de novembro de 2007

vertigens

(de René Magritte)

"É natural que quem quer "elevar-se" sempre mais, um dia, acabe por ter vertigens. O que são vertigens? Medo de cair? Mas então porque é que temos vertigens num miradoiro protegido com um parapeito? As vertigens não são o medo de cair. É a voz do vazio por debaixo de nós que nos enfeitiça e atrai, o desejo de cair do qual, logo a seguir, nos protegemos com pavor. (...)Poderia dizer que ter vertigens é embriagarmo-nos com a nossa própria fraqueza. Temos consciência da nossa fraqueza, mas, em vez de resistir-lhe, queremos abandonar-nos a ela. Embriagamo-nos com a nossa própria fraqueza, queremos ficar ainda mais fracos, cair por terra em plena rua à frente de toda a gente, ficar por terra, ainda mais abaixo do que a terra."


Milan Kundera- A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER.


Lullaby de Domingo

Em Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, Um doce-amargo do Chico, com direito a lírica na íntegra.
Eu te adivinhava/E te cobiçava/E te arrematava em leilão Te ferrava a boca, morena/Se eu fosse o teu patrão Ai, eu te tratava/Como uma escrava/Ai, eu não te dava perdão Te rasgava a roupa, morena/Se eu fosse o teu patrão Eu te encarcerava/Te acorrentava/Te atava ao pé do fogão Não te dava sopa, morena/Se eu fosse o teu patrão Eu te encurralava/Te dominava/Te violava no chão Te deixava rota, morena/Se eu fosse o teu patrão Quando tu quebrava/E tu desmontava/E tu não prestava mais, não Eu comprava outra morena/Se eu fosse o teu patrão Pois eu te pagava direito/Soldo de cidadão Punha uma medalha em teu peito/Se eu fosse o teu patrão O tempo passava sereno/E sem relclamação Tu nem reparava moreno/Na tua maldição E tu só pegava veneno/Beijando a minha mão Ódio te brotava, moreno/Ódio do teu irmão Teu filho pegava gangrena/Raiva, peste e sezão Cólera na tua morena/E tu não chiava não Eu te dava café pequeno/E manteiga no pão Depois te afagava, moreno/Como se afaga um cão Eu sempre te dava esperança/De um futuro bão Tu me idolatrava, criança/Se eu fosse o teu patrão

sábado, 24 de novembro de 2007

Mr Lekker...

... a nossa Pérola, convida-nos a passar por STP. A visitar, que a viagem sai relativamente em conta.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

eu cá sigo a moda

"Por qué no te callas"

Cogitações avulsas

De repente, as cinderelas e os príncipes estão na rua. Sem tacão, base ou armação no cabelo, sabe que será uma noite muito longa. O cabelo revolto denuncia-lhe a inépcia para a situação. Com calça preta, sabe que nunca se compromete. O pior é mesmo tudo o resto... Who cares?

Podia ser uma das pérolas de Mr. Lekker, mas não é


"Dois amantes que se destinam exclusivamente um ao outro já estão mortos: morrem de tédio."

Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo
Obviamente Magritte

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Post it

O homem do blog escapuliu-se. As moças que ficam desejam-lhe uma boa viagem e que não se esqueça que pode e deve enviar-nos notícias.

(Memórias) da cegueira*2

"Há sempre presente uma política dos sexos, quer dizer uma necessidade para cada um deles de conduzir, conscientemente ou não, uma política (...). (...), há um jogo e paradas em jogo, um modo de relação difícil de regular , do qual ninguém pode abstrair e que envolve relações de poder."
Sylviane Agacinski, Política dos Sexos

Por que teima em não se cumprir?
Em deixar-se conduzir, levar conforme a sorte e a mão que lhe estende a possibilidade de não pensar?
Por que insiste em não existir? Materializar-se apenas no gosto do outro, nos olhos do outro, na posse de quem diz que lhe quer bem?
Por que mantém os olhos bem fechados e sonha com véus que lhe toldam os sentidos e sedas que lhe vedam o pensamento?
Escolham por mim, reclama na voz mimada de quem nunca lutou porque outras fizeram-no por ela, antes dela e que lhes custou o suor do rosto, os braços pisados, a face conspurcada pelos insultos.


* O blá blá do post com o mesmo título e mesma ilustração.

"Pode Ser Liberdade"

"Ter um livro para ler e não o fazer!"
F. Pessoa

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Há muito a ouvir e a gostar cada vez mais


Meu amor adeus
Tem cuidado
Se a dor é um espinho
Que espeta sozinho
Do outro lado
Meu bem desvairado
Tão aflito
Se a dor é um dó
Que desfaz o nó
E desata um grito
Um mau olhado
Um mal pecado
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono
Porque não me vês
Maresia
Se a dor é um ciúme
Que espalha um perfume
Que me agonia
Vem me ver amor
De mansinho
Se a dor é um mar
Louco a transbordar
Noutro caminho
Quase a espraiar
Quase a afundar
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono
"Porque não me vês" In Por este rio acima

(Memórias) da cegueira*


Ah, mas quero ser assim: mulher, frágil. Quero que me alimentem a nozes e mel e me levem no cavalo branco e me digam suavemente não uses essa linda cabecinha laureada pelos lindos cabelos que quero só para mim.
Quero-me vazia, que é como me querem e é assim que acho que valho e me ofereço. E só assim me oferecem a maçã. Quero-me como ontem, sem pensar no hoje. Não quero conquistar. Quero ser conquistada, acenar bandeira branca e rojar-me aos pés. Afinal de contas, que fazer com a liberdade de pensamento? Prometo portar-me bem. Ergam-me novamente os muros, eu vos imploro.

(Pintura de Sarah Afonso)
*Título de Derrida, adulterado e descontextualizado

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Universo Charlie Brown


Blá blá, blá blá, blá blá blá...

Meteorologia na famárcia!?

- Tampões auriculares de ciclone, por favor. ...................................... - Desculpe, quero dizer silicone.

domingo, 18 de novembro de 2007

Noblesse oblige

"Mas eu sou diferente." Balbucia do alto da cegueira, sem conseguir vislumbrar o outro que murmura o mesmo. O burburinho é imenso e ninguém se entende, cada qual confinado confortavelmente na sua cabine, rodeados pelas fotografias inanimadas de feitos passados e de outros projectados. "Mas eu sou diferente", "mas eu sou diferente", repetem indiferentemente, sem ouvirem a repetição dos outros, sem reconhecerem as sílabas que compõem o ego de todos e de cada um. "Eu sou diferente.", mas sem hífen, que não gostamos de diferir realmente.

Lullaby de Domingo

Prece à(s) Deusa(s).

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

A César o que é de César.

A boçalidade, que já se sabe ser mal que afecta a ALR não se fica por aí. É curioso constatar que, aquando deste género afirmações ridículas sucessivamente se lê por aí o esfregar de mãos de pessoas dispostas a estender maliciosamente o tapete às idiotices proferidas. Pior a emenda que o soneto: se são ridículas as afirmações, idiotas costumam ser as respostas. Tanto quando sei, as Regiões Autónomas e nomeadamente a Região Autónoma da Madeira não serão um universo separado de um País que se quer uno. E, tanto quanto sei, grande parte dos portugueses continentais não se revê nas afirmações dos orgãos de poder. Nem sequer, na maior parte das patacoadas proferidas pelos seus Presidentes de Câmara. Daí que me faça espécie que, perante as arrozoadas de membros da ALR ou do GR assumam-nas como expressão do sentir e pensar da população madeirense. É intelectualmente desonesto evocar os madeirenses que optaram por residir no Continente, esquecendo (propositadamente ou não), os Continentais que optaram por fazer o percurso inverso. Ou que por cá também se pagam impostos e taxas e o diabo a quatro.

Pérolas a Porcos

"Sê justo, mas, se não puderes, sê arbitrário"
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Festim Nu, W. Burroughs

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Shut The Fuck Up 2

E já agora, também este. Se não o nosso ilustre vizinho, alguém mais próximo. Não é pago para manobras de diversão.

Shut The Fuck Up

O nosso vizinho também podia mandar calar o outro (que habita mais acima).

Sing (please), just to know that I'm alive

Noite de Nina. Tenho noites assim, entregues a vozes a que me amarro enquanto vagueio pelas palavras que pronunciam. Ouço-a incansavelmente, uma mesma música desdobrada em múltiplas interpretações da voz quente que se faz acompanhar pelo dedilhar no piano. Vagueio encostada à boca generosa, à modulação que faz às palavras. Gosto de a ouvir assim, no sussurro da noite, a sós com ela. Invejo os aplausos que, por vezes no final, denunciam outros que a escutam. Interrompem o dizer da voz e o meu ouvido. Momentaneamente. Depois, voltamos a ficar a sós.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

domingo, 11 de novembro de 2007

Congresso Feminista - 2008


Fica combinado?

O link para o site do Congresso está ali ao lado.

Lullaby de Domingo

Quem por cá passa com alguma regularidade já conhece esta minha queda para tudo o que este senhor faz. São inúmeras as faixas que considero sublimes e padeço de uma dificuldade intrasponível quando se trata de eleger os álbuns da minha eleição. Mais uma faixa do Mestre por cá é da inteira responsabilidade do blog de Jorge C, que me facultou a desculpa perfeita para aqui a deixar para quem a quiser apanhar. Por mim, deixo-me "lie down in the bitter gutter moon".

sábado, 10 de novembro de 2007

Brincadeirinha

Depois de ler algures um post em que alguém defendia acerrimamente a atitude nobre e desinteressada dos cientistas, cruzo-me com a notícia desta investigação científica. Imagino os pedidos de subsidiamento de tão pertinente investigação. A seriedade da problemática que lhe subjaz justifica plenamente que se financie um estudo destes. A ciência é claramente aplicada a problemáticas urgentes, lá para os lados de Cambridge... (Isso fica por terras de França, não é? Porque, como se sabe, no Reino Unido só se trabalha a sério).

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

«Sabe, passa; não sabe, não passa»

A haver a tal prova intermédia para os alunos faltosos, proponho que a sua elaboração e respectiva correcção seja remetida ao Ministério. E que seja a equipa da Srª Ministra a encarregar-se dessas funções. Pré-aviso: aconselha-se o Ministério a seguir o exemplo de Lueji e munir-se de tinta vermelha em quantidades bem generosas.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Feniana, melodia, coração, mar, vento, gaivotas e amizade.

Coração de mar e vento, Que aos corações lanças redes, És perpetuo movimento Na guitarra do Paredes. Pões esperança e amargura, Livras sombra e luz nas notas E em surdina tens gaivotas De saudade e de aventura. Coração tumultuário, Ah, faminto coração, Solidário e solitário A prender nuvens ao chão. Coração da melodia, Coração em que murmuram Sol e lua e se misturam Em funda melancolia. De tantas fomes e sedes, Coração terno e violento, És perpétuo movimento na guitarra do Paredes Ah, faminto coração, A prender nuvens ao chão... Letra: Vasco Graça Moura Música: Mário Pacheco Voz: Mísia In Movimentos Perpétuos – Música para Carlos Paredes

Não faz mal, tenho tempo.


Na farmácia:
(…)
- Já agora, gostaria de levar também tampões auriculares de silicone.
-Preferência pela marca?
- Não, não tenho.
- Espere um pouco.
………………………
-Tenho estes que são “muita” bons.
- Mas eu queria de silicone e esses são de cera e algodão.
-São óptimos, todos pedem destes.
- Eu prefiro dos outros.
- Olhe, é só tirar o algodão e moldá-los ao ouvido.
- Pois, mas eu não quero esses.
- Mas, ó menina, todos os estrangeiros usam destes.
- Sim, mas eu quero os de silicone. Já experimentei esses e não gosto.
- Espere, vou ver.
……………………….
- Desculpe, já não temos, estão esgotados.
- Não faz mal, eu aguardo.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Da importância do artigo definido.

Eu não tenho vistas largas. Nem grande sabedoria Mas dão-me horas amargas As lições de Filosofia. Uma (espécie de) quadra do Aleixo

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Lullaby (de dor de cotovelo) extraordinária

You can go out, dancing And I'll write about you, Dancing without you Da insularidade e outros demónios (convenhamos que no agendamento só se pensou em Lx e arredores).

"Mãos que falam"



Já sei dizer os dias, os mês, os números e outras palavras.
Acho que hoje vou aprender o alfabeto! Estou ansiosa.
Estou a gostar muito de aprender esta língua(LGP).

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

por falar em Educação, conceda-me esta dança!

JÁ NÃO ME AMAS?


A minha vizinha tem dois rapazinhos que, como todas as crianças normais, fazem birras, dão gargalhadas, lutam e gritam muito.
Ouço também as sucessivas repreensões da “mãe educadeira” e, logo a seguir, a choradeira habitual de uma das crianças.
Este festival sonoro é só aos fins-de-semana, e só quando estou ou vou à cozinha. Mas o mais engraçado disto tudo é quando o menino (não sei qual, pois nunca os vi!) vai interrompendo o seu choro contestatário para se certificar de algo que o preocupa ou, melhor, o desespera: “ MÃE, TU JÁ NÃO ME AMAS?!”. Nessas alturas, saio sempre da cozinha a correr para não ouvirem as minhas gargalhadas.

Da voz na escrita - uma audição a partir de um texto de um (antigo) professor

"O estilo é portanto o lugar onde aparece o autor. E é-o pelo que há nele de propriamente técnico: uma certa maneira de tratar uma matéria, de reunir e ordenar as pedras, as cores ou os sons para fabricar o objecto (...)."
Mikel Dufrenne
Abro-lhe as páginas. Inicio a leitura, lenta e compassadamente. Deixo de me ouvir. O soar da palavra é já dele, das aulas e comunicações que lhe ouvi. Já não leio. Escuto. O discurso anima-se. Vejo-o sentado, a desaparecer lentamente na cadeira por oposição ao entusiasmo que emprega às palavras. Ouço-o dizer o texto, com as pausas que lhe são características, as de quem procura no último momento pelo termo certo. Só faltam mesmo as piadas, a servir de intermezzo.

domingo, 4 de novembro de 2007

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Dobrada à moda do Porto

Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo, Serviram-me o amor como dobrada fria. Disse delicamente ao missionário da cozinha que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria. Impacientaram-se comigo. Nunca se pode ter razão, nem num restaurante. Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta, E vim passear para a rua. Quem sabe o que isso quer dizer? Eu não sei, e foi comigo... (...) Sei isso muitas vezes, Mas, se eu pedi amor, por que é que me trouxeram Dobrada à moda do Porto fria? Não é prato que se possa comer frio, Mas trouxeram-mo frio. Não me queixei, mas estava frio, Nunca se pode comer frio, mas veio frio. Álvaro Campos