sábado, 22 de dezembro de 2007

Um conto pascal... do jejum (grand finale)

Pratos na mesa, garfos e facas em riste. Ainda umas piadas aqui e ali, mas estava tudo suspenso quanto ao paladar. As primeiras dentadas em silêncio. Depois, o veredito.
A cozinha não poupou no tempo, mas poupou na cozedura. Nem mais uma salsicha esventrada ou uma posta a desfiar o rosário de queixas em condições. Os ingredientes semi-cozinhados. E no meio de um dos pratos, brilhante, retorcido, sufocado em azeite com sabor a bacalhau pré-cozinhado, um magnífico cabelo - esse sim, perfeitamente esturricado. A gota de cabelo que fez transbordar os pratos.
Aproxima-se uma vez mais o infeliz estalajadeiro, com o outro em jeito de banda sonora na continuação do seu triste reportório. Os pratos retornam à cozinha, o triste homem abana a cabeça. Desfaz-se em desculpas e descontas. A rematar, tenta oferecer digestivos. Para digerir o quê? Só se for mesmo a conta: 16 euros a cada comensal, quando a única coisa que se aproveitou foi mesmo o vinho e o pão - cerimónia pascal em tempos de natividade.
Gloria in excelsis. Saímos da espelunca disfarçada de restaurante decente.

3 comentários:

Anónimo disse...

Que episódio.
"(...)nada mais espirituoso do que pôr a frivolidade ao serviço do que é sério." Erasmo

O prometido é devido. Fizeste.

Obrigada. : )

Sancho Gomes disse...

Como é que eu sabia que deveria ter sido na Cervejaria Alemã?! Mas que raio, é do conhecimento geral que aquilo é uma m.... O que foram vocês fazer para lá, quando tinham o Galo tão próximo? Um pouco mais caro, é verdade, mas como uma qualidade muito maior. Tss, tss!

Woman Once a Bird disse...

Foi remodelada, Sancho. E foi-nos dito que era um sítio a experimentar. Para além disso, as primeiras escolhas estavam cheias. Eu bem digo que foi repetição da história, mas sem o nascimento de ninguém. Enfim...