quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Paragem respiratória

Nick Cave & The Bad Seeds announce their European tour dates for 2008. The tour is their first since the sold out Abattoir Blues/ Lyre of Orpheus tour in 2004/2005. Tickets go on sale from 9am on Friday 1st February.

EUROPEAN TOUR DATES

Mon 21st April - Lisbon, Coliseum Tue 22nd April - Porto, Coliseum Em prantos desde terça, quando vi a data dos concertos em Portugal. Perdão, quando vi a data dos concertos para os Portuenses e Lisboetas. Não sei se me recomponho.

ARTE-NABA

Quando o T., criança de nove anos, perguntou se tínhamos gostado da exposição, fez-se silêncio. Nenhum dos três adultos respondeu. Ele tinha ido connosco e, provavelmente, achou estranho, porque não houve quaisquer trocas de impressões nem reparos acerca da exposição. Contudo, ele foi persistente e individualizou a pergunta. Apanhou-me e, forçosamente, tive que responder: - Pois, T., eu não gostei propriamente… Talvez porque não estou preparada para entender aquelas pinturas ou composições, nem sei bem. Devia estar mais informada ou preparada… Se calhar aquilo que vi é um novo género de arte. Há uma mensagem naquilo tudo, mas eu não consegui captá-la...
Lamento, mas sinceramente não consegui gostar. Uma arte nova… O T. divertidíssimo rematou: - Sim, tens razão! Assistimos a uma exposição de ARTE-NABA! A partir daquele momento, todos quebraram o silêncio, inclusive a amiga da artista. Por outras palavras, ninguém tinha gostado da exposição da Arte-Naba e fartámo-nos de fazer as leituras mais estapafúrdias sobre aqueles trabalhos. Nota: O T. conseguiu salvar o final da tarde. Um génio aquele rapazinho!

Cogitações avulsas de uma esquerdina 2

Agora que reflicto mais sobre esta questão do assento... acho que nem à esquerda. Do Pai. Detesto paternalismos*.
*Ainda por cima confortavelmente sentados.

Cogitações avulsas de uma esquerdina

Pois eu, como boa esquerdina que sou, posiciono-me algures mais à esquerda. Não sei bem onde, mas tenho alergia a direitas, encarreiramentos, polos da Lacoste ou da Sacoor. Abomino cabelinhos loirinhos a laurear cabecinhas pensadoiras dos meninos (e meninas também) que se dizem de partidos (que se dizem) de direita, que se medem pelas cunhas e contas bancárias que engordam com retórica barata. Detesto os "valores familiares" que enchem a boca destes mimados (e dos outros mais velhos também); considero execrável o tique de interferir na vida privada de cada um de nós e explicar-nos (como se fossemos crianças de quatro anos) com quem e como devemos comportarmo-nos sexualmente. Sou avessa às gravatas e aos sapatos excessivamente polidos, às vidas duplas, aos impolutos morais frente aos microfones; às contas bancárias secretas; às negociatas perpretadas graças a um qualquer buraco (negro) na lei. Detesto os sermões aos peixes e as apologias a esta cambada de hipócritas. Sempre me soou mal aquela história do "sentado à direita de Deus Pai todo poderoso". Porquê? Qual é o problema de ficar à esquerda?

domingo, 27 de janeiro de 2008

Lullaby de Domingo

Sem referência, propositadamente. Qui est? "Touche pas ma planete It's not today Quel le ciel me tombera sur la tete"

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Bufogenia

Fotografia de Chema Madoz

Imbuída (deste ressurgimento) do espírito de delação, possuída por uma qualquer alma de funcionária da ASAE, ou de frequentadora de café onde é proibido sacar de cigarro sob pena da minha denúncia, de orelhuda de vão de escada à espera de apanhar algum comentário menos próprio sobre o chefe (and so on), acabei de denunciar Nefertiti no blog do nosso Mr. Lekker. A fim de que a menina perca a vergonha e chame a amarela pelo nome!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

estou a viver uma grande crise existencial!!


*Desconheço de todo o artista, mas gostei.

Na segunda-feira ri e quase me matei

Eis o causador de um quase sinistro automóvel. Pude comprovar quão difícil é a arte de rir desalmadamente ao mesmo tempo que se procura controlar a direcção de um veículo em uma rotunda.

N.B.-Este não é um blog necessariamente socialista.*
Note-se que também não é - e aqui não o é assumidamente - um blog adepto da social democracia madeirense. Portanto, estamos na dúvida se pertencemos efectivamente à (concepção de) Madeira que por aí circula: nova, velha ou até assim assim. A única certeza que temos é a seguinte: não pertencemos a máfias. Quer seja no 'bom' ou no 'mau' sentido.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Do que é que preciso? Que desapareça!

Após dia generosamente cansativo, a chave na porta a más horas prenuncia o que se seguirá: a recepção ficou a cargo da música do anúncio mais irritante do momento, aquela que soa a fãs dos The Cure que quiseram compor música a sério e saiu-lhes aquilo. Depois, o visionamento forçado da gelatina laranja flutuante, com todos aqueles idiotas sorridentes a segurá-la nas palminhas da mão. A tragédia de tudo isto reside no facto do lamentável episódio ter tendência a repetir-se, já que insistem na coisa ad nauseam . Do que é que preciso? Matem a lombriga laranja, silenciem a espécie de jingle e fico satisfeitinha. Mai'nada!* *Já agora, tratem também da 'saudinha' do centauro horribilis do outro anúncio.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Dentes, para que vos quero?


As insónias levam-me a fazer roteiros infindáveis: televisão, cozinha, revistas, livros, desenhos e aplicações de máscaras de limpeza à pele. A exaustão é sempre o resultado final.
Desta vez, para além do pesadelo que consegui obter quando desesperadamente insistia adormecer, acordei com profundas olheiras, ou melhor, com um aspecto de caixão à cova. Pouco falei durante a manhã (mas isso também é já um hábito meu!).

Entretanto, das leituras nocturnas que fui fazendo, quero partilhar e deixar este pequeno excerto:

“ Quem não tem dentes também não tem dor de dentes. E como disse o herói da conhecida peça Papo Furado, nunca houve um filósofo que pudesse aguentar com paciência uma dor de dentes. Além do mais, os dentes são também instrumentos de vingança, como diz o Deuteronômio: olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé. Dentes são desprezados pelos ditadores. Lembra-se do que Hitler disse para Mussolini sobre um novo encontro com Franco? Prefiro arrancar quatro dentes. Você teme estar na situação do herói daquela peça Tudo legal se no fim ninguém se ferra – sem dentes, sem gosto, sem tudo.
Conselho: ponha os dentes novamente e morda. Se a dentada não for boa, dê murros e pontapés.”
"Corações Solitários" in Feliz Ano Novo (contos, 1975) Rubem Fonseca
Nota: o texto é a resposta a uma carta de um certo leitor que, desesperadamente, sofre porque a namorada, ao descobrir que ele tinha dentes postiços, deixou-o.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

"Ah, o vício das palavras.

Uma vez saídas da boca não podemos recolhê-las. E cuidado também com a palavra escrita, causa de incontáveis tragédias que se poderiam ter evitado com um mínimo de prudência."
Isabel Allende in Afrodite - Histórias, Receitas e Outros Afrodisíacos
Relembra o trecho lido há tantos anos. Sabe que as palavras abrem janelas cuidadosamente fechadas. Esforça-se por fechá-las rapidamente para poder voltar em/ao silêncio. O vício, o vício, repete incessante e mentalmente, rememorando antes estas do que as outras, originárias.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Lullaby de Domingo

"One step at a time And sooner or later you'll walk that line" I don't want to, I don't want to

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

há cada uma!


Um aluno do oitavo ano constatou o seguinte:

“A professora quando tira o casaco fica menos simpática!”


Não demonstrei interesse e até esbocei um sorriso, mas na realidade aquela afirmação deixou-me pensativa…

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Superbia, avaratia, luxuria*


Ostenta a sua figura como se tivesse a estampa de Apolo em vez da forma anafada que lhe cobre as entranhas. Exprime-se sempre com um esgar que tenta fazer passar por um sorriso - acredita que é o cerne da sedução - esse sorriso que durante anos fez as delícias do sexo oposto.

No topo do seu auto-retrato distorcido encontra a lista que encara como O troféu da sua vida. Nasceu para aquilo, gabava-se à boca cheia; apercebera-se do seu grande talento para a conquista enquanto gatinhava, situação que se recusou abandonar verdadeiramente ao longo da existência. Pedir, implorar era algo natural para o fim maior que era a sedução. E encontrava conforto nesta justificação. Para si, era a explicação plausível, aceitável para os seus miolos azedos. Por vezes tentava ser decente, mas considerava a empreitada algo difícil, quase impossível de concretizar. Espantava-se quando lhe apontavam que o sorriso não era genuíno.

Articulava meia dúzia de frases feitas com a convicção da sua eloquência. Nunca gaguejava, mas por vezes calava-se, em jeito de birra - não, birra nunca, isso era coisa de crianças, não para si, só os outros tinham birras. Este ser superior tinha momentos de circunspecção, de interior recolhimento para aguentar o vómito que lhe invadia a boca nos raros momentos de auto-iluminação. Quando se olhava no espelho via a figura perfeita. No corpo velho, enrugado e com as peles soltas que não cabiam no seu reflexo, só via a juventude há muito perdida. Dizia que a hesitação e incertitude da sintaxe reflectiam a erudição que não permitia respostas imediatas, sem um pensamento prévio acerca do assunto: "porque há temas e temas e só os incautos dizem as coisas sem pensar".

* quid pro quo: título de WOAB, ambas temos inclinação para outros idiomas.

A foto é de Philippe Halsman, 1951

Repentinamente, ao observá-lo, reparei como lhe surgia um sorriso a baloiçar-lhe nos lábios, ao identificar a ironia à qual a autora da frase que lia pretendia ter escapado: "também ela caiu nesta armadilha", disse quase para si próprio. As palavras pareciam pairar acima da cabeça dele de tal forma que consegui imaginar a cena que de seguida me descreveu. A situação era banal, a história igual a tantas outras, que se resumia em duas frases. Os personagens figuras invejáveis, com qualidades únicas, - mas protagonistas de uma história completamente vulgar. Consegui descobrir-lhe o nome: Isaura.

Foto de Jim Arnold

domingo, 13 de janeiro de 2008

sábado, 12 de janeiro de 2008

Pérolas a porcos

"(...) Os fins felizes conseguem-se melhor mantendo as portas certas fechadas e indo dormir durantes os alvoroços."
jjjjj
A Odisseia de Penélope, Margaret Atwood

Repugnâncias


Olha-as maliciosamente.
Nojo. Náusea.
Os olhos pequeninos a brilhar, perdidos naquele corpo de bisonte, de quem esmaga com uma mão os quereres de outrém. É enorme, a criatura. Pulula pesadamente pelo espaço, muito mais estreito perante a presença daquele corpo excessivo coberto pelas calças justas e a t'shirt estilosa típica de frequentador de ginásio manhoso.
Nitidamente à caça, a besta. E elas, que lhe conhecem a mão leve para o peso nos outros, observam-lhe, estupefactas, a destreza e displicência nas aproximações. Horrorosamente despreocupado, sem consciência que lhe pese.
Incrivelmente, outras mulheres sorriem, como se lhe desconhecessem a incapacidade para ser verdadeiramente gente, o hábito de se esconder perante a omnipotência do aspecto, do peso físico, da vantagem insuflada. São poucos os que lhe censuram a cobardia e manifestam o desprezo por estar ali, daquela maneira, nitidamente à caça da próxima descompressora para as frustrações de cérebro pequenino, minúsculo; inexistente até.

Cartoon de Gerald Delcamp

Declaração de interesses

Uma das (muitas) razões porque gosto tanto de visitar o sítio dele.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A-s-s-e-x-u-a-d-a


Ora, desde quando uma feminista usa saltos ou deixa-se fotografar nua por um amante? Ainda por cima, por um amante?
Não senhora. Feminista que é feminista, como sabemos, não depila, não ama (elementos do sexo oposto, como é óbvio) e não despe.
As feministas querem-se informes. E assexuadas! Ouviram?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Petrificação momentânea - O Medo

Da polémica.
O medo da polémica, da assunção de que estamos perante questões sérias para as quais ainda não encontramos respostas ou posicionamentos. Ainda sobre o fio da navalha, mesmo que este pareça minimamente confortável. Ou não.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Monólogo colectivo

(Benjamin Vautier)

Excede largamente o estádio pré-operatório.
Ao invés de conversarmos, discursamos. De ouvidos bem fechados.

Crença verdadeira justificada

Dizem-me que sou mulher de fraco pulso.

Pérolas a porcos

"Dentro de cada um de nós há um conformista e um totalitário, e não é preciso muito mais do que o uniforme certo para que ele venha à tona."
eerer
Philip Zimbardo

domingo, 6 de janeiro de 2008

"Quando a dor no peito me oprime, corre o ombro, o braço esquerdo, surge nas costas, tumifica a carótida e dá-lhe um calor que não gosto; quando a respiração se acelera em busca duma lufada que a renasça, o medo da morte afinal se escancara (medo-mor, tamanha injustiça, torpeza infinita), aperto a mão da Irene, a sua mão débil e branca. Quero acordá-la. E digo : «não me deixes morrer, não deixes...» Penso para comigo, repito para me convencer: «esta pequena mão, âncora de carne em vida, estas amarras suas veias artérias palpitantes, este peso dum corpo e este calor, não me deixarão partir ainda...» E aperto-lhe a mão com força, e acabo às vezes por adormecer assim, quase confiante, agarrado à sua vida. Ah, são as mulheres que nos prendem à terra, a velha terra-mãe, eu sei, eu sei ! São elas que nos salvam do silêncio implacável, do esquecimento definitivo, elas que nos transportam ao futuro, à imortalidade na espécie (nem teremos outra) pelo fruto bendito do seu ventre (eu sei, eu sei...)"
In Comunidade, Luiz Pacheco

Cogitações avulsas

Ah, estes upgrades! De (quase) morrer a rir, a quantidade de bloguistas que se levam a sério. Gosto especialmente das bloguistas que insistem em confundir posicionamentos feministas com idas à esteticista (já parece a confusão daquele meu aluno que julgava que a Estética que eu estudava lhe resolveria o problema do acne) e que recorrem sistematicamente à linguagem pejada de calão, se calhar porque a esteticista que frequentam também a ela recorre. E quando alguém lhes chega ao pêlo (que já não têm, pelo menos a olho nú), ofendem-se e ganham graça a triplicar com as vociferações sobre a inteligência de quem exerce o mesmo direito: escrever o que lhe dá na real gana (com ou sem penugem).

Já que estamos nessa...


Permitido apenas nos locais assinalados.

Lullaby de primeiro domingo do resto do (novo) ano

Emprestamos o ouvido a Sérgio. Advertência: Everything, não é aconselhável clicares no play.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Once upon a time...

... houve uma área para fumadores no meu local de trabalho. Uma saleta manhosa com duas mesas redondas, cinzeiro ao meio e dois sofás a um canto. Um extractor de fumo decrépito e cortinas amarelas compunham o antro. Do outro lado, a sala mais ampla direccionada para os não fumadores. Também muito mais barulhenta e pouco suportável. As duas salas estavam separadas por uma estrutura envidraçada que permitia os olhares indiscretos de parte a parte.
Desde que regressamos ao trabalho, a sala maldita está diferente. O extractor escapuliou-se para alguma arrecadação bolorenta, os cinzeiros votados ao esquecimento na cozinha do bar. Mudou-se uma das mesas redondas para uma seriíssima mesa rectangular, nitidamente à espera de reuniões mais burocráticas. Enconstaram-se outras tantas à parede, individuais. À entrada, a risível inscrição: sala de trabalho.
Desde que se soube que esta sala estava condenada, que alguns dos frequentadores da outra margem manifestavam, de sorrizinho apertado, que a sala tinha os dias contados. Nestes primeiros dias, só se atrevem a lá entrar para mais uma vez manifestarem o quão felizes estão pela cessação da sua função primordial. Uns debochados, na verdade, que largam a piadola e desaparecem novamente para o outro lado, muito satisfeitos com o papel que acabaram de desempenhar. Sempre tive dificuldade em perceber: se o que incomoda é a partilha do fumo, então porquê tanta manifestação de satisfação mesquinha pela extinção do sítio que permitia, civilizadamente, a escolha?
Neste início de mês, fui das primeiras a frequentá-la, acho. Continua a ser a minha sala e obviamente não abdico do prazer de conseguir fugir ao burburinho ensurdecedor do outro lado. Os restantes permanecem no lado de lá, o lado que sempre foi "saudável" e continua por legendar. Que por lá fiquem e abençoados sejam. Pouco me importo que não se fume; desde que se mantenham na outra margem e deixem a minha em paz. Com legenda e tudo.

Fotografia de Henri Cartier-Bresson

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Preceitos apócrifos 2

Depois dos festejos do ano (novo), murmurou para quem não a quis ouvir : "Em verdade vos digo: é cada vez mais difícil alguém olhar para além da biqueira dos seus sapatos ou reconhecer outras vozes. Atravessamos o tempo do bicho-de-seda."

Trouxe-o (não resisti!)

O Meu Amante Dizem que o amor à primeira vista não existe. Até pode ser que não. Mas existe ao primeiro beijo!
Ia já alta a noite de S. João e eu tinha sido deixado sozinho em frente ao mar, de costas viradas para o Homem do Leme. Ele foi deixado ao meu lado. Tocámo-nos subtilmente diversas vezes, até que a ânsia de o beijar ultrapassasse o medo da exibição pública e da reprovação.
Foi há dez anos que o tornei meu amante. Durante todo este tempo têm-me dito que o devia deixar, que me faz mal, que fere o corpo de chagas irreparáveis. Ah! mas como me enche a alma de Graça!
Gosto de tocar no seu corpo com os meus dedos ligeiros, sentir o seu perfume entre o indicador e o médio, beijar o corpo quente e sentir o calor da sua cor!
Ah! o meu amante! Todos querem que o largue, que o deixe. Todos me querem privar da sua companhia. Insistem que ele só me faz mal. Uns invejam o prazer que sinto quando nos tocamos, quando nos pensamos e paramos para contemplar.
Contemplamo-nos. Outros deixam-se levar pelo preconceito. Agora olham para nós como se fossemos lixo - eu e o meu amante. Resta-nos apenas um lugar onde nos possamos sentar juntos nessa contemplação que nos prende e nos enche de prazer!

Talvez um buraco qualquer!

http://entredeusesediabos.blogspot.com/2008/01/o-meu-amante.html

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Podia ser uma das pérolas de Mr. Lekker, mas não é

"A barata é pura sedução. Cílios, cílios pestanejando que chamam."
Clarice Lispector, A Paixão Segundo G. H.

Também não será a maior comédia, a homilia do Patriarca*

Agora que já passou algum tempo e cumprimos os festejos e excessos típicos da época, teçamos também nós algumas considerações sobre a já célebre homilia de Natal do Cardeal Patriarca de Lisboa. Em rigor, a já célebre frase não será totalmente descabida. Apenas está incompleta; obviamente que para uma instituição como a Igreja, com uma história repleta de donativos, dízimos e indulgências, "as expressões de ateísmo, de todas as formas existênciais de negação ou esquecimento de Deus, continuam a ser o maior drama". O problema está neste tique secular e recorrente para generalizar à Humanidade as necessidades, dogmas e dramas da Ecclesia. Assim, compreende-se que será realmente dramático para a instituição o afastamento, o esquecimento ou a negação desse Deus que a tem alimentado. Dificilmente é mais que isso. *O termo Patriarca também tem a sua piada, se atendermos à noção de "chefe de família" que maioritariamente orientou/a o rumo dessa Igreja maioritariamente habitada pelas mulheres.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Move On

Últimos cartuchos.

Para Euridice - uma lullaby extraordinária

«Pedaços»

Às vezes acontece-nos estarmos tão concentrados no nosso espaço, que ele se torna demasiado pequeno para nós. E acabamos por não dar espaço a mais ninguém. E o “nós” torna-se vazio, porque é simplesmente “eu”. Acontece que o espaço que ocupamos não é apenas nosso, é de todos aqueles que connosco privam e devemos dar-lhe o devido espaço, a devida importância e a devida atenção, sem esquecer de dar tudo isso também a nós próprios.

Por vezes encontro-me demasiado concentrada em mim mesma, de um egoísmo que me chega a repugnar (quando me desligo de mim e reflicto sobre isto). Tento então fazer um balanço do meu espaço e só lá estou eu, eu em pedaços, porque sem os outros sinto-me incompleta, “completamente incompleta”. E às vezes é difícil recuperar os outros, porque eles já encontraram o seu próprio espaço e aí sentimo-nos verdadeiramente sozinhos. Há que reaprender tudo de novo.

Eu quero que o meu espaço cresça comigo. E dentro desse espaço que os outros cresçam comigo, os que eu amo e os que eu amo menos, mas que também são importantes, porque fazem lá todo o sentido. É essa aprendizagem que espero realizar este ano.

A primeira coisa que perguntei hoje foi: «O que queres que eu mude em mim, que verdadeiramente te incomoda?». E ele respondeu-me: «Quero que sejas menos egoísta».

Vou tentar, prometo que vou tentar.