segunda-feira, 31 de julho de 2006

Lebre por gato

Já vamos na terceira semana e ainda não me habituei à troca; mil vezes sete palmos - ainda que debaixo de terra, do que um bando de sopranos feios e maus (quanto a porcos, nada posso atestar).

Lullaby de Domingo fora d'horas

Supostamente numa tarde soalheira de domingo (que estendeu a preguiça até à segunda), com um calor abrasador a suar/chorar pelo Verão... por mim e pela Dirim, que sei que vai delirar com quem cá deixo. Determinadas Senhoras são intemporais. Com Verões assim, bem podemos nós.

quinta-feira, 27 de julho de 2006

Andante doloroso.

E o golpe da mudança.
Este é o dia de quem parte e de quem fica.
O cais de embarque... cada vez mais passado, condenado a tornar-se cada vez mais memória, momento cristalizado lá atrás.
No cais fico eu, enquanto eles partem, com um aperto nos ossos... dos abraços, do que foi dito e do que ficou por dizer, a saudade enrolada nas entranhas.
Estávamos condenados a cruzarmo-nos todos; estávamos desde logo condenados a sussurrar adeus. E a começar de novo.
A tristeza invadiu-me os dedos e teclou por mim.

quarta-feira, 26 de julho de 2006

Filhos de um Ministério Menor

Escreveu-me completamente agastada. Morrem os sonhos aos 15 anos .
C. frequentou este ano o 11º ano e foi uma aluna aplicada. Sonha seguir medicina e trabalha metodicamente há anos; até há duas semanas atrás, acreditava na possibilidade de concretização desses sonhos. Hoje, já não.
C. é igual a tantos outros que não viram os seus argumentos mediatizados nas páginas dos jornais, nem receberam qualquer justificação do ministério da educação.
Foram informados de um exame a físico-química a meados do ano lectivo e andaram até ao final do ano sem saber muito bem em que consistiria... afinal de contas, também lhes estava a ser leccionado um programa novo, sem qualquer rede de apoio.
As notas foram miseráveis e C., muito embora não tenha tido um nível negativo, ficou muito aquém do que lhe é exigido. Diz-me que está cansada e desmotivada, mergulhada em decepção. Baixou os braços.
Talvez tente para o ano.A diferença é que, para o ano, C. já não estará a frequentar a disciplina de Físico-química; a diferença é que enfrentará um exame de uma disciplina bienal; a diferença está em que para o ano terá que se preocupar com as disciplinas em que ainda tem que obrigatoriamente fazer exame.
C. provavelmente terá que recorrer a explicações, por forma a conseguir manter os conteúdos presentes para o exame do próximo ano. E perguntou-me a quem melhor serviu toda esta embrulhada dos exames de 11º ano...

terça-feira, 25 de julho de 2006

Lullaby de carácter extraordinário.

A romper com o hábito, uma lullaby de carácter extraordinário. Porque estou apaixonada pelo álbum (Leaving Songs) e porque vai ao encontro (e não de encontro, como muito bem frisava um saudoso professor) do propósito da última proposta de domigo.
Assim, cá fica...That Leaving Fealing

segunda-feira, 24 de julho de 2006

Um caso sério 6

É impossível não chamar a atenção para este post. Verbalizou magníficamente o que me ocorreu quando li a dita pergunta. E continua de forma magistral neste outro.

domingo, 23 de julho de 2006

Lullaby de Domingo.

Regresso à Voz.

Porque as listas cobrem os rostos, apagam mãos. Por todos os que olham para trás e deixam bocados de si naqueles que ficam.

Por todos aqueles que partem.

sábado, 22 de julho de 2006

Silly Season

"Deus quer (???), o homem sonha, a obra nasce."
Fernando Pessoa
As interrogações são minhas.
A obra é da nossa responsabilidade. Porque os (que começam por ser) pequenos ódios tendem a crescer desta forma.

quinta-feira, 20 de julho de 2006

Dedicatória ao final de tarde...

"(...)
É certo que por vezes pode ser tarde
Para inverter uma irremediável
Degradação.
(...)
Podem cercar-nos por todos os lados
Intimar-nos com fogo
Ou pior ainda: horários disciplinas regras
Obrigações.
(...)
É sempre possível dançar um tango
Cantar em surdina
(...)
Em frente da folha branca
No grande deserto do mundo."
Manuel Alegre
Em jeito de desabafo, face a dois envelopes que me serão entregues.
A ironia de tudo isto é que a maioria diz que já estamos de férias...

domingo, 16 de julho de 2006

Lullaby de Domingo.

Ainda de ressaca... Sia - Breathe Me
Ouch I have lost myself again
Lost myself and I am nowhere to be found
(Desta vez, o link, para melhor qualidade na imagem.)

A insónia de 2ª feira

Já era rotina.... à 2ª feira deitava-me na hora habitual (às vezes até mais tarde) e anormalmente demorava algum tempo a adormecer. As imagens passavam repetidamente nos meus olhos cerrados e os diálogos zumbiam nos ouvidos. Esta última 2ª feira não foi diferente, depois de ter assistido a mais um episódio da série “7 palmos de terra”, na qual foi abordado, de forma exímia, o tema da vida e da morte, do luto e da perda dos entes queridos. Um tema que desde sempre me assolou, diariamente, como um lembrete e que nunca uma série, filme ou livro conseguiu ilustrar o que todos os dias tento espantar dos meus pensamentos, quase como uma obsessão: a resignação perante o inevitável, o tentar perceber se tudo o que procuramos atingir vale realmente a pena, porque, afinal de contas, o resultado será sempre o vazio, a incerteza do que há no depois e a certeza de que tudo o que conhecemos irá acabar. Por muito que estejamos habituados a lidar com a morte, ou com a ideia da morte (como estaria aquela família possuidora de uma agência funerária), quando nos confrontamos com ela, nunca estamos preparados: o luto é inevitável e toma lugar uma revolta pela sentida (não real) traição, como se o fim nunca tivesse sido anunciado ou esperado. E como depois de qualquer traição, nesses momentos temos de canalizar a nossa fúria para alguém, nem que seja uma entidade divina qualquer...porque procuramos sempre ignorar a realidade, concreta e objectiva, que Ela é nas nossas vidas. Devo confessar que a urgência de ter de acordar cedo no outro dia para trabalhar e o estado ligeiramente depressivo e melancólico que me acompanhava até meio da semana, por ver os meus próprios pensamentos e aflições a este respeito tão fidedignamente passados no ecrã, fez-me ponderar não voltar a ver a série; no entanto, como diz o povo na sua imensa sabedoria popular "a morte é a única coisa certa que temos na vida" e por isso mesmo não podia ignorá-la , porque era certamente a história de ficção mais verdadeira que passava na TV, ao longo de toda a semana...pelo menos verdadeira o suficiente para me tirar o sono! A série terminou, finalmente (?), com o fim da estrada: a morte das personagens centrais! Por cá, continuo a caminhar com as incertezas e os medos do que ainda está para vir...

sábado, 15 de julho de 2006

Quando a História ganha asas na pena...

Caríssimo Mestre His_tory:
Uma salva de palmas de quem esteve ausente (trabalho aliado a paragem cerebral). E agora que as chávenas (de café) tilintaram em jeito de brinde, toca a andar em frente, rumo à próxima paragem.
Vá, mexa-se! Tem muito trabalhinho pela frente.
(Fotografia de Abelardo Morrel)

sexta-feira, 14 de julho de 2006

Em jeito de resposta, nota de rodapé nas paredes do Centro das Artes - Casa das Mudas:


"A mão do pintor... voa livremente... está... apaixonada pelo seu movimento e por mais nada, e agora desenha as formas que surgem." André Breton

Suponho que na escultura, as mãos também possam tomar as rédeas do movimento.

(Fotografia de Man Ray)

terça-feira, 11 de julho de 2006

"L'imagination est notre liberté"...


Gritam as paredes do Centro das Artes - Casa das Mudas.
Empresto o ouvido a Fernando Lemos, sobre o surrealismo; ainda que não fosse uma escola, acabou por fazer escola, através da sede de expandir essa liberdade como impulso criativo, princípio de legitimação do trabalho do artista.
Quem fala muito de liberdade é porque está preso a alguma coisa. Preso ao que, com muita boa disposição, classificou de ditadura de sacristia. E portanto, Nós precisavamos de ser livres... Mas livres deles, não de nós.
O compromisso deste poeta - É preciso poesia para fazer fotografia de alguém que se ama - é imenso e surpreendente. E ao percorrer o espaço, de fotografia em fotografia, senti esse pulsar em cada uma delas, compromisso selado entre a existência e a criatividade.


As frases em itálico dizem respeito ao que registei da "conversa" com um auditório repleto de gente. Ainda assim, são as palavras dele, atabalhoadamente capturadas por mim.



A fotografia é, obviamente, de Fernando Lemos.

domingo, 9 de julho de 2006

Suspensão de Domingo.



A perfeição traduzida para pauta de música.
Corta-me a respiração. Sempre.





"Morrias de desespero e êxtase se eu te olhasse como certas coisas me olham..."
Artur do Cruzeiro Seixas



Estar lá fora e pela janela perceber a ilha como algo longínquo, perder-se em mar e em traços; oscilar vertiginosamente entre o abismo e o voo da mão do pintor.
Em êxtase, por ter olhado para certas coisas lançadas por entre paredes nuas.
Em desespero por tê-las ali, ao alcance de um braço, por ter de controlar a vontade de lhes tocar e sentir a textura, por não conseguir roubar-lhes um bocadinho do impulso criativo.

quarta-feira, 5 de julho de 2006

Rebuçados no olhar


Uma pausa nos amargos de boca que só terminam sexta-feira - a serem deglutidos e mastigados rapidamente, que nem para o mau sabor nos dão tempo...
Na memória dos dias, a doçura materializada, transformada em corpo, olhos... lábios que respiram e suspiram dádiva. É nos sítios mais estranhos que de repente somos surpreendidos com a ternura no(do) outro. Numa sala impessoal, enche-se o espaço com a cadência da voz que pre-(de)-nuncia a dádiva como vocação.
Sentada na cadeira do hall de hotel, imagina o seu epitáfio - apenas gostaria de ser recordada como alguém que nunca prejudicou ninguém. É muito pouco para um olhar e para um sorriso daqueles.

domingo, 2 de julho de 2006

Lullaby de Domingo.



"The way we walk
The way we talk
The way we stalk
The way we kiss"

POR-TU-GAL 2

Pelo amor da deusa, estou à beira de um ataque cardíaco ! Estou aqui há mais de uma hora, à espera que o canal 1 se digne a fechar o tasco do mundial, para poder ver o anunciado filme da semana - 21 gramas.
Neste momento, já perdi mais gramas que essas, de tanta raiva. E só me apetece tornar-me praticante de tiro ao alvo. Suponho que seja este o espírito desportivo de que tantos falam.
Vá lá, no meio de tudo isto, uma epifania!

sábado, 1 de julho de 2006

POR-TU-GAL

Depois de um ano:
Carregado de discursos de apelo à contenção;
De cortes orçamentais (não em todos, como é óbvio);
Depois de uma época com uma Ministra da Educação a tentar aplicar economização radical na educação;
Da subida dos impostos;
De um ano em que o tempo de serviço não será contabilizado;
Do grito constante de que o País está nu...


...O engenheiro de todos nós anuncia que irá ao jogo das meias finais, na 4ª feira.
E pronto! Pagámos nós para que ele, de bandeirinha em punho, vá sobriamente apelar por Por-tu-gal. Gosto mesmo de ver os meus impostos a servirem para causas tão nobres.
Assim, até dá gosto continuar a receber pela base da tabela.
Clap, clap!

Segunda Epístola a Nefertiti:




"(...)
Como quem guarda a coroa da vitória
Estes fanados louros de um só dia
Guardemos para termos,
No futuro enrugado,

Perene à nossa vista a certa prova
De que um momento os deuses nos amaram
E nos deram uma hora
Não nossa, mas do Olimpo."
Ricardo Reis