...pediu ele a babar pelo canto dos lábios.
Viam-se todos os dias, na aterradora fila para o café que se tornava insuportável nos intervalos.
Ela não sabe bem o que fazer. Tenta recuar, ele já se aproxima, beiçolas ameaçadoramente em riste, certeiramente apontadas para as suas bochechas. Rende-se à situação e, resignada, obriga-se a aceitar o cumprimento baboso do patético homenzinho. Ele agarra-lhe no braço, como que a assegurar que os lábios assentem exemplarmente nas faces dela, um beijo carregado da espuma que lhe enche os beiços. O mo(vi)mento prolonga-se para a outra face. A criatura, matemático de profissão, tem problemas com o cálculo; elenca um, pespega-lhe dois. Dupla agonia.
Instintivamente, limpa a face conspurcada; só lhe ocorre ripostar com "Pois é, não nos vemos todos os dias." E ainda bem, acrescenta mentalmente.
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
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5 comentários:
reviver pesadelos! credo.
muito bem contado.
Este post não deixa de ter algo de assutador...
Pior do que dois beijos babosos, só três. Um suíço nosso amigo costuma dar-me 3 beijos bem molhados e nojentos.
Uma abelha sobre uma flor.
Em suave adejo. Beijo.
Roubado.
E na humidade que fica.
Ansiosa.
A pergunta toda sobre a Humanidade.
(Cara WOAB. Não é um problema meramente feminino. Também tenho que mudar de rua para não ser humidamente (arrepio) beijocado.)
Acredito, caro Talisca. ;)
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