sábado, 29 de novembro de 2008

Alegria, alegria, criancinhas ao PS

Por entre o que se continua a escrever sobre a classe docente e as declarações da Ministra (que não li, apenas tomei conhecimento aqui, note-se*) não pude deixar de me rir: espero que muitas mais criancinhas escrevam à Ministra a fazer juras de fidelização ao PS. Eu fiquei particularmente tocada pelo facto de a Ministra se ter revelado tocada. Na verdade, não tarda nada andamos é todos a toque de caixa (ainda tarda?).
E ainda se afirma à boca pequena que este Ministério não percebe nada de adestramento, perdão, Educação.
Oh injustos! Oh descrentes! Em verdade (??) nos dizem: este é o Ministério que nos conduzirá à salvação!

*Entretanto a falha já foi colmatada.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

"Na minha fome encho-me de forças que não tenho. Eu sou Hércules." (por ouvir dizer)

Eu nunca tinha ouvido falar de Manfred Karge. Mas quero ler-lhe os textos - e guardá-los, que sou possessiva em relação aos textos guardados em livros - que raramente consigo dar .
Acabei de lhe ouvir um, nas vozes de Beatriz Batarda. E a aliança é soberba, da palavra escrita à dita, numa relação simbiótica.
Eu nunca tinha ouvido falar de Manfred Karge e apanhei-me na penumbra da sala a tentar anotar fragmentos de texto às cegas, com medo que se me escapassem (e escaparam). E claro, reconfirmei esta minha inclinação pela palavra: os pormenores cénicos escapam-se-me na catadupa do texto. Eu quero é mergulhar na palavra e no rosto daquela mulher que as diz, que as sente, que as modela com a massa do seu corpo tornado muitos.
E especialmente para o Jorge*, uma das minhas anotações (trémulas, provavelmente com termos imaginados, recontados, como geralmente acontece nestes casos):
"Opressores e oprimidos todos ao monte e aos pontapés. Quem sabe onde começam uns e acabam os outros?"
- e aqui já não sei se no plural, não sei, anotei assim, mas já tinha sido dito, já estava mais à frente no texto, o texto a ser dito e o meu ouvido a correr freneticamente atrás dele, ele a escapar-se por entre os lábios, por todo o corpo daquela mulher que enchia o palco. E a plateia, com os risinhos idiotas de coisa com graça nenhuma.
Inúteis, sussurra a determinada altura a personagem (e a actriz). Somos nós, os imprestáveis Com toda a razão. Inúteis**.

*Diz-me lá que agora é a guerra total e eu acredito e acho-te graça e aceno-te com uma tocha (ai, Prometeu, Prometeu).

**Este é também um post absolutamente inútil (como aliás quase todos os que tenho assinado por cá, com excepção dos que se reportam ao D.M.)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Eu, que sou uma indignada (esporádica?)

Deixo aos homens que frequentam este blogue um endereço a visitar, e uma petição a assinar (caso concordem com o teor da mesma, que só apela para o repúdio da violência contra a mulher).

"Querida Mãe

Venho comunicar-te a morte de Maria: morreu horas depois de a ter trazido cá para casa a ocupar o lugar que lhe era devido. Bem sabes que apesar das tuas censuras há muito lhe havia perdoado e que durante todos estes anos tudo fiz a fim de a forçar a regressar. Não me pesa, pois, a consciência, só me restando agora chorá-la... Perdoa-lhe tu também e pede por ela nas tuas orações, a pobre foi bem castigada: teve uma morte terrível depois de uma agonia lenta e pavorosa de ver.
Que vou fazer agora da minha vida se a consagrei até hoje a perseguir a dela com a finalidade única de a trazer ao bom caminho e ao dever? E afinal, qual a sua morte... ou eu com o meu poder?
Teu desgraçado filho
António."

Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa
Novas Cartas Portuguesas

domingo, 23 de novembro de 2008

Menino da rádio e de outros blogues

O Menino da Rádio, que conhecemos prendado, acompanha o programa de rádio que não ouvimos com um blog recém inaugurado. Chamamos a atenção para a rubrica particularmente interessante "Tudo menos Kizomba". Desejamos ao menino gostoso que o programa e o blog sejam um sucesso. Ainda que por cá só distribua pérolas a porcos...

Lullaby de Domingo

sábado, 22 de novembro de 2008

"Once again I go through the door
Ever the same door
And yet another

Then I see the door
Leads to another
Ever the same door
And yet another

This door leads me on
As footsteps follow one another
Ever the same door
And yet another

Going through the door
I can be no other
Ever the same door
And yet another"

Ana Hatherly

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O Menino da Rádio II

O nosso Mr. Lekker, o meu declamador favorito do Cântico Negro dedica-se, a partir de agora, a partilhar a sua voz em frequência que dificilmente nos chegará. Ainda assim, cá fica o spot do programa, em que a profundidade da sua voz me leva a exclamar: "Arre! Parece mesmo o homem do alto!"

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O Menino da Rádio I



Esse já não é bem segredo, mas em breve irei (de qualquer modo) desvendá-lo.

O "meu reino" não é desta gente

Já anteriormente expressei algumas impressões sobre os sindicatos (nomeadamente a Fenprof) que representam a classe docente.
Os tempos são difíceis, mas esta gente, após uma desorientação inicial face ao descontentamento generalizado dos docentes, depressa se organizou e chamou a si uma luta que não é claramente a deles. Porque o que os docentes pretendem não passa por protagonismo, ou agendamento político, ou posições extremadas e infantis. E quando um suposto representante assume esta postura, outra leitura não pode ser feita e obviamente pretende estender a toda uma classe um posicionamento arrogante, inconsequente e pueril que a maioria certamente não aprova. Não sou representada, recuso-me categoricamente a ser representada por este senhor, quando arrogantemente repete o comportamento autista que o Ministério tem adoptado em relação a esta questão. Uma vez mais, shame on you.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Um post inútil para vós...

Ticiano

... mas libertador para mim. Termino finalmente esta penosa tarefa de desclassificadora, em primeiro momento de avaliação. Deixo por algum tempo esta tarefa de Sísifo, em que o rochedo a carregar montanha acima é mais pesado que habitualmente.
Continuo a desclassificar; mas é uma desclassificação que dispensa, por hora, tintas de sangue, suor e lágrimas: deles e minhas.

domingo, 16 de novembro de 2008

"Acontece. Será sempre assim?
O meu espírito é um rochedo,
sem dedos para me segurar, sem voz;"

(Sylvia Plath)

Lullaby de Domingo

O lifelogger abandonou-nos, mas o Jorge - célere como sempre - arranjou-nos solução:


...And you'll wrap up the tears
Of forty thousand gone
Who wish they'd acted out
When they had time
And they had voice
To tempt the furies
The furies are not gone.

Are you not furious ?

Aval(iação)

Pede-me o Jorge que comente esta decisão do Governo Regional: por decreto, serei classificada como boa professora no final deste ano. Contudo, ainda que seja uma situação absurda, a verdade é que não será pior que o rumo decidido pelo Ministério da Educação, quando prevê o número de professores classificados como sendo excelentes ou muito bons e estabelece um tecto para tal.
Temos assim sucedâneos de absurdos, no reino da (des)educação. E uma proposta de avaliação que passa por uma tentativa de controlar ainda mais as escolas em prol das estatísticas e da fotografia na UE. Toda uma classe que se quer transformada em burocratas, manipuladores de papéis e estatísticas. Uma classe de funcionários públicos, numa repartição pública, a preencher formulários e a impingir produtos a vazio.
Quer-se esmagar o pouco espírito crítico que ainda resiste à petrificação de uma escola desejada para todos, mas que ainda se regula única e exclusivamente para alguns.

Escrevinho este desinspirado post em momento de pausa em relação a um processo de avaliação. Dos meus alunos. E esta é, para mim, a tarefa mais dolorosa da minha profissão - atribuir classificações a um trabalho de 90 minutos. Com todos os enviesamentos que sei que tal situação possibilita. Que aprendem realmente os meus alunos? Pior, que transmito eu, que os avalio num processo que fomenta a standartização do conhecimento?

Volto à avaliação por decreto. Por mim, podem decretar-me como quiserem; só não me exijam que avalie os meus alunos em função de números e estatísticas, que não me peçam para cegar perante programas rígidos e fórmulas feitas que apenas procuram aniquilar com a possibilidade de uma atitude mais informada e crítica. Meti-me, sem querer, numa fábrica. E agora o meu patrão quer peças exactamente iguais, a um ritmo de produção alucinante. Mecanizam-me as mãos. Por decreto ou por autismo político.

Atam-nos.*

*Docentes e alunos.

sábado, 15 de novembro de 2008

Semanas atípicas

E sinto que algo faço, ao deambular pelas ruas da cidade acompanhada pelos alunos que repetem o poema e encontram-lhe beleza que não resiste à sala de aula. É nestes instantes, ao acaso, que o embalo da poesia não lhes é tão estranho ou distante.
"(...)
e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia"
( Al Berto)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Eu vi



E para já não consigo dizer nada, a cegueira deixou-me muda.

domingo, 9 de novembro de 2008

Lullaby de Domingo

O lifelogger continua em greve. Contornámo-la com o nosso velhinho you tube. Cá está a menina que me apetece deixar por .

Apressar o tempo... e depois suspendê-lo

Há dias em que não deviamos ter que trabalhar. Este domingo é um deles. Aguardo (im)pacientemente pelo lusco-fusco, em que me liberto do jugo das classificações a metro e espraio-me em direcção à cegueira.
Há dias assim, longos, trabalhosos... minados pela expectativa da hora do início do seu adormecimento.

A propósito...

(favor ler este e este)

Na passada 4.ª feira estive na FIL em função de um projecto que a minha escola adoptou e do qual faço parte. Na sessão de abertura, a real presença de um mandatário da Ministra. Saí quando o indivíduo começou o mantra do costume: "eu tenho um ministério que me ama... que me ama...que me aama... agora no plural: nós temos um ministério que nos ama..."

A administração explica

A culpa é do lifelogger, que não está ao serviço. Lullaby seleccionada desde ontem, impossibilitada de ser ouvida, por enquanto, neste domingo. Aguardemos (im)pacientemente (por mim falo).

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

"O zumbido dos ventos"*

Afasto-me cada vez mais da chamada actualidade. Para que quero eu festejar Obama ou carpir o Porto ou resmungar à crise de todos nós?
Deambular, deambular. Palavra de (des)ordem é deambular - pelas páginas de Clarice que trouxe na bagagem (volto à maçã, mas a de Clarice) e de Sylvia Plath generosamente ofertada por mão amiga. Preciosa.

Que se matem todos. E que se elejam. E que paguem a bola a peso de água (que vale mais que o ouro, comentava ontem um colega. "Não pago por um litro de gasolina o que pago por um litro de água num qualquer estabelecimento").

Parêntesis, parêntesis. Gosto, recorro a parêntesis. Toda a minha vida está mediada por parêntesis.
(Hoje) não faço qualquer esforço para ser coerente e séria (uma menina bem comportada lê o jornal e reflecte o prato do dia).
(Hoje) não quero esforçar-me por revestir-me de sentido.
Apenas ler, ler, ler - deixar-me à loucura da palavra.
As palavras são(-me) mais preciosas que água.

*Título roubado a um poema de Al Berto

Whicked Wishes

Abandonar o corpo ao nada e vagabundear o espírito.

domingo, 2 de novembro de 2008

What do you see here?

Muito rapidamente

ProfessorE - CamÁra - CUUUração - dizerE - fazerE
(e muitas mais, que me foge a memória e não anotei).
Mas que tendência é aquela de prolongar as palavras? De as acentuar na sílaba errada?
E o cuidado com a dicçãOOOOO? Não importa?
Pela DeusAAAAAAA!

Lullaby de Domingo



Movimentos de expiração a cargo de Yeah Yeah Yeahs (isto requer muito fôlego).