Muitas vezes, quando assaltada pela angústia, consulta Clarice. Tacteia o livro, sente-lhe primeiramente a textura, toma-lhe o cheiro para finalmente soletrar (como quem não sabe ler) o título. Degusta-o lentamente, letra a letra.
O livro da paixão é a sua superstição. Abre-o e procura pelas palavras que lhe atenuarão a insónia. Sorri mentalmente quando as descobre:
"Não que eu estivesse presa mas estava localizada. Tão localizada como se ali me tivessem fixado com o simples e único gesto de me apontar com o dedo, apontar a mim e a um lugar."
Clarice Lispector, A Paixão Segundo G.H.
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