quarta-feira, 14 de março de 2007

My Private Lord

Em tempos, ouvi Eduardo Lourenço defender que apaixonamo-nos essencialmente pela voz que nos sussurra ao ouvido. Suponho que esta seja uma verdade de alguns. Minha será certamente. A palavra dita sempre ganhou asas se acompanhada por um timbre à altura... Obviamente, é difícil ouvir/reconhecer uma voz que se destaque na multidão e nos faça desejar ser só nossa. Do nosso ouvido, pelo menos. Acompanho fielmente a discussão que ocorre aqui sobre os feios giros. Os feios giros são aqueles que normalmente consideraríamos "feios", mas que por alguma razão nos parecem belos, ou pelo menos, menos feios. Obviamente, uma discussão desta natureza conduziu inevitavelmente à questão da qualidade da voz. Naturalmente, recomendei o meu feio giro. É que nem o bigode horroroso que ultimamente ostenta me demove desta convicção!

4 comentários:

Hipatia disse...

Sabes, se me pedirem para dizer, em abstracto, porque acho alguém atraente, não consigo visualizar de imediato uma cara. Seria fácil a resposta "o meu homem", mas nem isso é assim tão linear: gostar de alguém é muito, muito mais do que apenas a cara ou até toda a aparência física. Saberia muito facilmente enumerar, no entanto, o que não gosto numa cara ou num corpo. E, se pensar lá para trás, para os lados da adolescência, já ai não gostava do lindinho padronizado, vedeta pequenina e interesse maior de meninas histéricas. Sempre gostei de linhas angulosas, sinais em sítios estranhos, cicatrizes até. Mas eram mesmo assim caras bonitinhas. E corpos também, que uma mulher não é cega :) Hoje, continuo fã dos pormenores e sempre foi a eles que o meu desejo pelo sexo oposto se agarrou. A voz sempre foi um desses pormenores, claro. E quando olho à volta e vejo à maioria dos homens que eram bonitinhos na adolescência e agora estão gordos, carecas, anafados, com ar de pai de família infeliz, são aqueles que mantém os pormenores que ainda me prendem a atenção: ficou o que precisava ser preservado, o que ainda lá vai estar daqui a muito tempo. Um homem com uma voz bonita, não importa quantos anos passem nem o bigode que usa ou o cabelo que já não tem, mantém-nos entretida pelo maior órgão sexual que cada um de nós possui: o nosso cérebro. E a voz faz ligação directa, claro :D

Woman Once a Bird disse...

Subscrevo completamente. Usualmente, o despertar da minha atenção também não segue o padrão do homem bonito e penteadinho.
Perco-me mesmo é pelas palavras. E pela voz. ;)

rps disse...

Os homens tratados como meros objectos...

Woman Once a Bird disse...

Nem por isso RPS. Exactamente porque não está em questão algo dessa natureza. ;)