quarta-feira, 28 de abril de 2010

"(...) Sempre achei algo de muito estranho o facto de eu escrever em português, mas foi nessa língua que eu nasci, e só nas palavras dessa língua irrompem os meus textos. É estranho porque, no interior dessa língua, não havia uma cultura para os receber. Certamente havia, e há ainda, um passado por acabar, soterrado, que os chamava para que um ciclo, por fim, atinja o seu termo. Faço votos para que a minha língua alcance o alto mar, o largo. Ela fala de um povo que é singularmente outro, sem saber em quê, e porquê. Faço votos ardentes para que esse sentimento profundo, e por exprimir, se possa manifestar finalmente. Por este motivo me pareceu que eu renegaria tudo isso - esse povo, essa história, essa área geográfica, esse sentimento, essa língua - se não tivesse aceite estar aqui presente.
É também por este motivo que posso agora voltar a entrar no meu silêncio. Silêncio para que nasci."
Maria Gabriela Llansol Paris, Sorbonne, 24 de Outubro de 1988, Les Belles Etrangères.

domingo, 25 de abril de 2010

Um Abril que seja seu

Uma homenagem às Mulheres de Abril - mais concretamente, uma homenagem à Conceição Pereira - pela UMAR Madeira, com a presença da maravilhosa Manuela Tavares. Abril também foi assim para muitas mulheres.

Lullaby de Domingo de Abril


Abril também é agora.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

No dia Mundial do Livro, permitam-me o umbiguismo 2

O que o DN Madeira não noticia (e mesmo assim teria falhado o nome - vide Manuela Tavares citada no corpo da notícia quando é na realidade a Maria José Magalhães que cá vem) mas devia, é que por essa altura estará por cá a nossa maravilhosa Ceridwen, que vai estar presente em tudo isto. Avec moi, claro.

No dia Mundial do Livro, permitam-me o umbiguismo

Da próxima Feira do Livro do Funchal, destaque-se:
  • A vinda da Isabela Figueiredo com o seu Caderno de Memórias Coloniais - tive uma quase apoplexia ao ler que a minha blogger favorita cá estará;
  • O lançamento de uma nova editora, a Nova Delphi, com a presença de Anselmo Borges e Maria José Magalhães, para os lançamentos das primeira obras: uma reedição de A Relíquia, do genial Eça de Queirós e o lançamento das Actas do Congresso Feminista 2008 (finalmente!).
Todos os pormenores aqui.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Um gabinete que seja seu

Subscrevo a segunda parte do post. As salas de professores/as são espaços de barulho em excesso, com demasiada gente a querer fazer-se ouvir e em que temos que interagir mesmo quando não apetece nada - e acontece muito, esta vontade de nada dizer e ouvir, depois de 90 minutos dentro de uma sala. No espaço da sala de professores/as, esse recolhimento é impossível, essa paz de espírito uma quimera. Por isso, repito, subscrevo parte do post da Isabela. Um gabinete, como o que vemos nos filmes seria um espaço de sonho - desconfio que para qualquer professor/a. Simplesmente, o meu gabinete não seria como o que a Isabela descreve: dificilmente teria os meus papéis arrumados. Os meus papéis são rebeldes, escapam a qualquer tentativa de arrumação que lhes queira dar; apenas no primeiro dia após uma tentativa de ordenamento do território consigo mantê-los em relativo estado de graça; depois parece que ganham vida própria. Juro que não tenho culpa; quando as minhas mãos invadem revolvem aleatoriamente a sua agradável disposição certamente não estou em mim. E tenho a certeza que nem o divã escaparia a essa fúria.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ausência

(desculpem-me, mas desconheço a autoria, porque simplesmente não estava referenciada).

Esta semana não há mini-bridge.
Só o naipe de copas.

Quem atira a primeira pedra? Subsídios para uma incursão ao confessionário mais próximo (ou não)


Confesso que na infância, quando exposta a dislates destes, levava-os ao pé da letra; a minha angústia permanente não tinha que ver directamente com maus pensamentos, mas com o terror que a involuntária possibilidade da sua aparição me condenasse ao fogo castigador ou - pior - a uma penitência de vinte avé-marias prescrita pelo padre consultado no confessionário.
A questão do pecado original também era fonte de preocupação para a minha ingénua cabecinha: como, perguntava eu, posso ser culpada por algo que não pedi (no caso dos pensamentos) e que não cometi (o pecado original)? Aliás, a essa altura, nem sabia bem o que significava  o pecado original para além da descrição  muito vaga da maçã e da árvore do conhecimento. Mas "tá "bem, se diziam que também era culpada por isso, quem era eu para contestar um sistema de valores milenar?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pois não.


E a sua decadência não acontece de fora para dentro, por muito que queiras acreditar em teorias da conspiração (muito a propósito) engendradas pelos inimigos da doutrina.  Na verdade, não se trata da doutrina, mas de quem em nome dela tem assinado em local errado.

E não, esta não é a resposta.

Heranças pias - uma Igreja em estilhaços

Não será novidade; contudo, continua a surpreender a desfaçatez com que se perpetua velhos hábitos. De uma piedosa mulher que deixa a sua herança a uma instituição que acreditou dar seguimento à sua vontade resta este processo, que veicula uma tentativa de não prestar contas a ninguém em relação ao cumprimento da vontade da senhora em questão. 
A sofreguidão é mesmo um dos flagelos desta instituição que se preocupa muito mais em contabilizar os talentos em ouro que conserva do que dar largas à doutrina que prega. E não me venham com o blá blá de que consoladamente prestarão contas a Deus. As contas deviam ser apresentadas aqui mesmo, aos/às que doam, aos/às que contribuem, aos/àsque ainda se identificam com uma instituição apodrecida (e mesmo os/as que não se identificam mas são obrigados/as a responder). São o mesmo tipo de gente que supostamente foi varrida há dois mil anos atrás. Quantos vendilhões expulsaria Jesus Cristo ao pontapé dos templos erigidos em seu nome? 

Boa Semana

Le scaphandre et le papillon

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Contributos funianos para uma jogadora de mini-bridge

Agora temos trunfo ao barulho e contamos as perdentes. Continuo a fingir-me de morta, mas vá lá que esta semana só morri mesmo quando era suposto. Nos restantes jogos, mantive-me à tona, embora tenham existido momentos em que me foi difícil continuar a respirar. A esta altura do campeonato, já percebi que a coisa não melhora...

Esta fotografia (mais uma vez, oferecida pelo Funes) exemplifica quase na perfeição a minha expressão quando tento respirar aquando da incumbência de cartear, à excepção da barba e do bigode (pronto e com cartas enfiadas na mão).

terça-feira, 13 de abril de 2010

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"Existe um ser que mora em mim como se fosse casa sua, e é."
Contos, Clarice Lispector

A Ler

Ora cá está uma recomendação que nos é arrancada a ferros, mas que é absolutamente necessária: este post do Funes.

Ainda sobre a capa da Visão - um comentário de Hugo Santos

 Na caixa de comentários deste post, destaque-se este comentário:

O que me choca mais não é a imagem da capa da Visão. Choca-me mais a falta de sapiência das pessoas face ao que é e deve ser o Fotojornalismo e o dever de um fotojornalista. Para os Madeirenses que viveram a tragédia consigo entender que a imagem choque e que até o facto de não gostarem de a ver publicada na capa da Visão. Chamar-lhe sensacionalista, voyeurismo e outras coisas do género é que não só não consigo admitir como me entristece profundamente, talvez por ser precisamente a minha profissão. Porque não se viram contra a ficção jornalística com que somos bombardeados diariamente em certos canais de televisão? Porque não se viram contra as revistas cor-de-rosa que atentam diariamente contra a privacidade e o bem estar das pessoas destruindo muitas das vezes famílias inteiras... Não estamos perante uma foto de paparazzi e aqui não há nem pouco de margem ao sensacionalismo!!! Cabe sempre ao fotógrafo decidir em milésimos de segundo se deve ou não fazer a foto, no entanto perante uma tragédia cabe ao fotógrafo informar e mostrar a realidade ao mundo. Posso garantir que se esta foto e outra muito semelhante, captada por um outro fotógrafo da agência AFP, em que é retirado um corpo de um carro, não tivessem chegado à comunicação social do continente e aos jornais de todo o mundo, creio que nunca ninguém que não vivesse na Madeira teria tido a real dimensão do que foi a tragédia. Chama-se a isto realidade... Chama-se a isto Fotojornalismo. Um estilo de vida que na realidade poucos conhecem mas que é digno, ético, incorruptível e solidário! Se isto é uma verdade absoluta inerente à profissão? É. Se todos os fotojornalista se regem por estes valores? Não. Mas quando assim é percebe-se e nunca lhes deveríamos chamar fotojornalistas.
Quanto ao facto do fotógrafo ter realizado a foto tenho a profunda convicção de que qualquer bom fotojornalista com valores o teria feito, sempre respeitando a família, o corpo, os madeirenses e os seus próprios princípios. Parece-me claro e indiscutível! Vivemos num país que ainda é um pequeno paraíso e quando não existe uma abertura da sociedade portuguesa aos jornais e revistas internacionais percebe-se que isto choque. No entanto as grandes agências de referência do Fotojornalismo fazem diariamente fotos de horror e tragédia bem mais marcantes do que esta. Fotos que são publicadas nos melhores e mais conceituados orgãos de comunicação social mundial. Quanto ao facto de a foto ter sido escolhida para capa da Visão é outra história ainda que com os mesmos contornos. As fotos são enviadas para uma redacção que analisa as mesmas. Os Directores e Editores têm a responsabilidade e o dever de realizar opções e escolhas complicadas. Por isso é que estão nesses cargos. Se foi para vender?! Quem disser que não foi para vender mente, porque qualquer publicação quer vender, no entanto não acredito e não quero acreditar que tenha sido a única ou a razão mor de tal decisão. Informar, passar a dimensão real da tragédia, "abanar" a consciência dos políticos e de todo o povo para que se unissem e fossem solidários teria sido a razão mor pela qual eu a teria publicado.

Mesmo não conhecendo aproveito o blog para solidarizar com a família da vítima da foto e com o povo da Madeira. Não felicito o fotógrafo ou a Visão, porque não acho que se devam laurear. Vinco porém que foram profissionais e fico feliz por terem desempenhado o seu trabalho com coragem até ao fim sem quebrar perante possíveis pressões que terão existido.

Os Madeirenses tem uma força interior invejável dentro deles e são exemplo para todos em muitas áreas. Espero que consigam ter com o passar do tempo a capacidade para ver a foto de outra maneira e que se coloquem pelo menos do outro lado. Se esta não tivesse sido feita, teriam as ajudas chegado da mesma maneira? Teria o povo de Portugal Continental e de todo o mundo percebido a real dimensão da tragédia?

segunda-feira, 12 de abril de 2010

domingo, 11 de abril de 2010

Lullaby de Domingo



No começo da Ilha, "that bridge is on fire (...) no need do leave."

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Não perguntem agora por quem os sinos dobram


O que a Igreja não quis perceber foi exactamente isto: que os pecados/crimes dos seus não seriam os Seus pecados/crimes. Perdeu-se quando, perante o medo da perda do poderio, acalentou no seu seio aqueles que cuspiam no âmago da doutrina cristã. O que há a lamentar é que neste caso, sabia perfeitamente o que fazia e porque o fazia. E é isso que torna todo este caso imperdoável.

*O escriba do costume, A.B.

Boa Semana

De battre mon cœur s'est arrêté