quarta-feira, 31 de janeiro de 2007
Junto a este post...
...chorei de tanto rir. Comovo-me sempre perante bons argumentos. Assim, sim...
Melhor que isto, só uma manifestação "pró-vida" (o que quer que isto signifique efectivamente) com crianças e bebés (empurrados pelas mãezinhas e paizinhos) a atestarem a sua maioridade e enorme reflexão sobre o que está a ser referendado. Suponho que se defenda "a vida" para instrumentalizá-la a belo prazer.
belas e com "senãos"!
Eu não entendo como podem surgir dúvidas se certas mulheres são belas... Reparo que, quase sempre, quando alguém quer desenvolver o tema "beleza" evoca nomes de... MULHERES e, depois, a cor dos cabelos, dos olhos ou as preferências das respectivas estações são levadas a debate. Como os prós e os contras são muitos, o consenso é nenhum!
Nós, mulheres, somos, sem excepções, muito belas e com muitos "senãos" que variam de pessoa para pessoa.
... que se faça um referendo! que a maioria ganhe (assim, sim...).
Palavras de Nefertiti
domingo, 28 de janeiro de 2007
Sou chamada a responder...
Apesar de farta, não consigo adiar mais esta questão. Por cá já a debatemos furiosamente em outros contextos.
Concordo em absoluto que esta seria matéria para nem chegar a ser referendada. A coragem política não se traduz única e exclusivamente em meter a mão no bolso do contribuinte. Mas não se espere desde Executivo uma posição corajosa, especialmente quando se tratam de questões humanas. Lava as mãos, como o outro da Bíblia (que nos últimos tempos, muitos bramem no ar).
Em consequência desta falta de coragem, nunca este País teve tantos "defensores da vida", principalmente quando a (triste) decisão é de um outro - e ainda por cima feminino. Os argumentos sucedem-se... e por estes dias, a mulher (grávida?) corre o risco de ganhar (velha) nova dimensão ontológica: desde armazém, prostituta, depravada ou acéfala, muito se lê e se ouve por aí.
Os mesmos que agora alegam assassínio e levantam as mãos ao alto serão exactamente os mesmos que, no dia imediatamente a seguir ao referendo (a prevalecer o não), prosseguirão a sua vidinha de sempre, mais preocupados em controlar a vida do vizinho mais próximo, à falta de causa maior (por hora). Da educação sexual por que todos clamam, não se ouvirá falar. Da necessidade de maior apoio à mulher grávida em condições precárias, também não. Porque foi isso que aconteceu anteriormente...
Este post é um pretexto, porque não resisto a este texto de um antigo professor:
"Numa questão tão delicada, com a vida e a morte em jogo, não se pretende que haja vencedores nem vencidos, mas um diálogo argumentado, para lá da paixão e mesmo da simples compaixão. Ficam alguns pontos para reflectir.
1. O aborto é objectivamente um mal moral grave. Aliás, ninguém é a favor do aborto em si, pois é sempre um drama.
2. A vida é um bem fundamental, mas não é um bem absoluto e incondicionado. Se o fosse, como justificar, por exemplo, o martírio voluntário e a morte em legítima defesa?
3. Para o aparecimento de um novo ser humano, não há "o instante" da fecundação, que é processual e demora várias horas. A gestação é um processo contínuo até ao nascimento. Há, no entanto, alguns "marcos" que não devem ser ignorados. É precisamente o seu conhecimento que leva à distinção entre vida, vida humana e pessoa humana. O blastocisto, por exemplo, é humano, vida e vida humana, mas não um indivíduo humano e, muito menos, uma pessoa humana. Se entre a fecundação e o início da nidação (sete dias), pode haver a possibilidade de gémeos monozigóticos (verdadeiros), é porque não temos ainda um indivíduo constituído. Antes da décima semana, não havendo ainda actividade neuronal, não é claro que o processo de constituição de um novo ser humano esteja concluído. De qualquer modo, não se pode chamar homicídio, sem mais, à interrupção da gravidez levada a cabo nesse período.
4. Sendo o aborto objectivamente um mal, deve fazer-se o possível para evitá-lo. Tudo começa pela educação e formação. Impõe-se uma educação sexual aberta e responsável para todos, que, não ficando reduzida aos aspectos biológicos e técnicos, tem de implicá-los, fazendo parte dela o esclarecimento, sem tabus, quanto à contracepção.
5. O aborto é uma realidade social que nem a sociedade nem o Estado podem ignorar. Como deve então posicionar-se o Estado frente a essa realidade: legalizando, liberalizando, penalizando?
6. Não sem razão, pensam muitos (eu também) que, se fosse cumprida, a actual lei sobre a interrupção da gravidez, permitida nos casos de perigo de morte ou grave e duradoura lesão para a mãe, de nascituro incurável com doença grave ou malformação congénita e de crime contra a liberdade e autonomia sexual (vulgo, violação), seria suficiente.
7. De qualquer forma, vai haver um referendo. O que se pergunta é se se é a favor da despenalização do aborto até às dez semanas, em estabelecimentos devidamente autorizados, por opção da mulher. Por despenalização entende-se que, a partir do momento em que não há uma pena, a justiça deixa de perseguir a mulher que aborta e já não será acusada em tribunal. Aparentemente, é simples. Mas compreende-se a perplexidade do cidadão, que, por um lado, é a favor da despenalização - despenalizar não é aprovar e quem é que quer ver a mulher condenada em tribunal? -, e, por outro, sente o choque de consciência por estar a decidir sobre a vida, realidade que não deveria ser objecto de referendo. O mal-estar deriva da colisão dos planos jurídico e moral.
8. Impõe-se ser sensível àquele "por opção da mulher" tal como consta na pergunta do referendo, pois há aí o perigo de precipitações e arbitrariedades. Por isso, no caso de o "sim" ganhar, espera-se e exige-se do Estado que dê um sinal de estar a favor da vida. Pense-se no exemplo da lei alemã, que determina que a mulher, sem prejuízo da sua autonomia, deve passar por um "centro de aconselhamento" (Beratungsstelle) reconhecido. Trata-se de dialogar razões, pesar consequências, perspectivar alternativas. A mulher precisará de um comprovativo desse centro e entre o último encontro de aconselhamento e a interrupção da gravidez tem de mediar o intervalo de pelo menos três dias. As custas do aborto ficam normalmente a cargo da própria.
O penalista Jorge Figueiredo Dias também escreveu, num contexto mais amplo: "O Estado (...) não pode eximir-se à obrigação de não abandonar as grávidas que pensem em interromper a gravidez à sua própria sorte e à sua decisão solitária (porventura na maioria dos casos pouco informada); antes deve assegurar-lhes as melhores condições possíveis de esclarecimento, de auxílio e de solidariedade com a situação de conflito em que se encontrem. Sendo de anotar neste contexto a possibilidade de vir a ser considerada inconstitucional a omissão do legislador ordinário de proporcionar às grávidas em crise ou em dificuldades meios que as possam desincentivar de levar a cabo a interrupção"."
Anselmo Borges
DN de 21 de Janeiro de 2007
Lullaby de Domingo
Algo para a semana...
quinta-feira, 25 de janeiro de 2007
Saturadíssima:
- Do "caso Esmeralda", das petições civis, dos clamores, dos entendidos de algibeira que opinam sobre o caso como se não o "conhecessem" apenas dos meios de comunicação.
- Da história da pobre actriz que foi parar ao hospital com uma constipação, que por pouco não originou uma vigília à porta do mesmo, com velinhas e tudo. Da porcaria da TVI a noticiar o caso como se a miúda fosse mesmo freira; por pouco não celebraram missa em directo a pedir pela recuperação da santinha. Do ridículo que é organizar uma conferência de imprensa para a pobre coitada afirmar que é uma miúda feliz por voltar ao trabalho (autêntica vocação, é o que é).
- Da outra do outro canal, que aparece aos saltos, conversa com árvores e aterroriza os sonhos das criancinhas portuguesas com um boa noite piroso, de fazer o Vitinho enfartar de susto. Dos beijinhos que são mandados por um tipo que deve ter bigode e que lê de enfiada o nome de algumas crianças pouco afortunadas, cujo azar é o de terem progenitores que liguem tanto à florida quanto eles.
Mas mais grave que todos estes fait-divers, saturadíssima:
- Dos supostos argumentos esclarecedores que pupulam por todo o lado, em respeito ao referendo do dia 11. Como se sabe, votarei. Como também se sabe, votarei sim. Só ainda não se sabia que estou deserta para que se arrume a confusão e que se calem os "argumentadeiros" de serviço.
- Do Primeiro Ministro que vai ao Parlamento responder perante os outros eleitos por todos nós e, depois de tanta porcaria que tem andado a fazer, safa-se com uma justificaçãozita sobre um inqueritozinho que uma comissãozinha tonta promoveu junto dos alunos para saber das actividades de alcova dos progenitores.
- De um GAVE que me anda a dificultar a vida - e principalmente - a vida dos meus alunos, com exames sim exames não.
- De uma Ministra que tarda em sair - arrastando atrás, espero eu, a porcaria de equipa que ulula com ela junto à fogueira onde nos põe a arder lentamente...
- De um País inteiro que se afunda, mas que não dá conta, porque o que interessa é que por enquanto estamos mais ou menos bem. Porque na verdade, o que nós queremos é Fado...
Pintura de Edvard Munch
- Da história da pobre actriz que foi parar ao hospital com uma constipação, que por pouco não originou uma vigília à porta do mesmo, com velinhas e tudo. Da porcaria da TVI a noticiar o caso como se a miúda fosse mesmo freira; por pouco não celebraram missa em directo a pedir pela recuperação da santinha. Do ridículo que é organizar uma conferência de imprensa para a pobre coitada afirmar que é uma miúda feliz por voltar ao trabalho (autêntica vocação, é o que é).
- Da outra do outro canal, que aparece aos saltos, conversa com árvores e aterroriza os sonhos das criancinhas portuguesas com um boa noite piroso, de fazer o Vitinho enfartar de susto. Dos beijinhos que são mandados por um tipo que deve ter bigode e que lê de enfiada o nome de algumas crianças pouco afortunadas, cujo azar é o de terem progenitores que liguem tanto à florida quanto eles.
Mas mais grave que todos estes fait-divers, saturadíssima:
- Dos supostos argumentos esclarecedores que pupulam por todo o lado, em respeito ao referendo do dia 11. Como se sabe, votarei. Como também se sabe, votarei sim. Só ainda não se sabia que estou deserta para que se arrume a confusão e que se calem os "argumentadeiros" de serviço.
- Do Primeiro Ministro que vai ao Parlamento responder perante os outros eleitos por todos nós e, depois de tanta porcaria que tem andado a fazer, safa-se com uma justificaçãozita sobre um inqueritozinho que uma comissãozinha tonta promoveu junto dos alunos para saber das actividades de alcova dos progenitores.
- De um GAVE que me anda a dificultar a vida - e principalmente - a vida dos meus alunos, com exames sim exames não.
- De uma Ministra que tarda em sair - arrastando atrás, espero eu, a porcaria de equipa que ulula com ela junto à fogueira onde nos põe a arder lentamente...
- De um País inteiro que se afunda, mas que não dá conta, porque o que interessa é que por enquanto estamos mais ou menos bem. Porque na verdade, o que nós queremos é Fado...
Pintura de Edvard Munch
quarta-feira, 24 de janeiro de 2007
Do (feminino) gosto do segredo
Não sei, mas o tempo mudou por cá. Na estrada, o carro sonolento desdobra-se atrasado pelo asfalto, enquanto sussurra as líricas de Fossa Nova. Durante o dia, um vento estranho sobre o atlântico.
Bons tempos, já lhes sinto o sabor na língua. Um sopro ao ouvido.
Por enquanto, compasso de espera/esperança/ expectativa.
De dança, na verdade.
terça-feira, 23 de janeiro de 2007
Estilos diferentes
Estávamos a apreciar a casa nova do nosso amigo Rei (diminutivo do nome e "para os amigos" ) e, claro, as reacções eram: “Ah! Mas que bonita! Espectacular! Oh! Que bem. Linda. Mesmo fixe! É mesmo o teu género, uma decoração muito minimalista! Isso mesmo, disseste bem, minimalista!”
Esgotados de tanto elogiar a casa do nosso querido Rex Amicus, alguém, muito divertido e com um certo brilho nos olhos, finaliza: “ Pois… és mesmo muito minimalista! Já me tinham dito. Mas, sinceramente, eu cá sou mais… absolutista!”. Depois deste comentário, fez-se, durante uns instantes, um profundo silêncio que, subitamente, foi cortado pela gargalhada geral e, de tanto rir, alguns até caíram no… chão (como é óbvio, no mínimo!).
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
O ouvido em Coimbra
E de repente, voltar até lá. À noite em que se mandou Coimbra à merda, com as suas catedrais aos corvos negros.
De cigarro em punho e copo ao lado (no chão), ensinava a insultar decentemente: "Não existe vai pró Ca*****" - como gritavam (algumas) hostes em pleno percurso educativo (de copo de cerveja na mão) - "mas sim vai para o ca*****, que o artigo é importante."
Saíram mais doutores do concerto.
Por aqui, apenas a lembrança, porque apetece...
(Tudo porque me apetece ouvir 1970, de JP Simões e ainda não apareceu por cá...)
domingo, 21 de janeiro de 2007
"Ossos do ofício"
Ui, que medo!
Uma amiga contou-me que um professor tinha mandado um recado a um Encarregado de Educação com (mais ou menos) os seguintes dizeres: “O … tem revelado um comportamento incorrecto na sala de aula e já obteve um elevado número de faltas disciplinares. Informo ainda que o aluno pode ser excluído da frequência lectiva por excesso faltas. Agradecia que contactasse o Director de Turma com a máxima urgência.”
Passado uns dias, a resposta do Encarregado de Educação na mesma caderneta do mesmo aluno: “Ui, que medo.”
Graça a esse pai espirituoso, acabei a semana de trabalho às gargalhadas!
Agora... outra semana à espreita e “Ui, que medo!”
sábado, 20 de janeiro de 2007
Mais uma vez... os dados viciosos
Não é preciso fazer exame de psicologia! - Informou a criatura burocrática (que é dona da fábrica por algum tempo)...
Não precisamos de exame a psicologia! - repetiu veementemente.
O operário, frente ao seu posto de linha de montagem, ainda tentou contrariar:
Mas, Exa, isto não significa que não acredite na sua infinita sabedoria. Mas sabe, tenho aqui uma dúvida...
Operário não pensa, operário executa. E mal. A nossa linha de montagem é das piores. - setencia a criatura burocrática.
O operário ouve, mas a criatura burocrática teme que o microfone não tenha apanhado. E portanto, gesticula enquanto repete:
Operário não pensa, operário executa. Executa mal. A nossa linha de montagem está prejudicada pelo trabalho do operário.
O microfone pisca o olho à criatura burocrática. A criatura devolve a piscadela e sorri.
Mas o operário continua...
Mas, Exa, existem fábricas superiores que exigem o exame de psicologia para a prossecução da montagem do produto. E quanto a esses casos? É que o programa mudou, e só está previsto haver exame ao programa antigo...
Mas issso é óbvio, caro operário. - E ao afirmar o óbvio, a criatura burocrática suspira. - O produto realiza o exame a partir dos conteúdos do programa antigo.
Mas, Exa, os conteúdos são diferentes. Alguns conteúdos do programa antigo não existem no novo e vice-versa... Como vão fazer o exame de um programa que não lhes foi leccionado e ser bem sucedidos? - questiona ainda, o operário perplexo face ao absurdo.
Provavelmente, não vão ser bem sucedidos. Mas que importa? Como já sabemos, a culpa será sempre do operário. Todos sabemos que operário não pensa. Operário executa. E executa mal.
A criatura burocrática sorri e dirige-se à porta de saída da fábrica. O microfone corre atrás.
quinta-feira, 18 de janeiro de 2007
A descoberta da pólvora ou a corrida mais louca do mundo
Mais uma vez somos informados pela comunicação social das mudanças ao nível da educação; ao que parece, o Ministério pretende alterar o funcionamento do 2º ciclo do ensino básico. Assim, apresenta a figura do professor-tutor, que será responsável por algumas disciplinas, nomeadamente português e matemática. Teoricamente, a medida visa suavizar a mudança de hábitos que a transição de ciclo implica: enquanto que no primeiro ciclo o educando está habituado a um professor responsável pela maior parte dos conteúdos inerentes ao processo de ensino-aprendizagem, o segundo ciclo implica que o aluno se ambiente a vários professores para as várias áreas curriculares.
A medida apresentada (mais uma vez) aos média, poderá ser benéfica; contudo, para além da basófia habitual, pouco se acrescentou à notícia, ou seja, não se explicou quando e como será adoptada a medida; e aqui está o busilis da questão. A esta altura, os docentes habilitados para o segundo ciclo não têm uma formação tão ampla que permita esta operação. Isto significa que um professor que esteja habilitado a leccionar português no 2º ciclo, não possui habilitações para leccionar a disciplina de matemática, ou a disciplina de ciências da natureza. Perante o cenário, temo que esta "novidade" seja implementada sem as devidas alterações necessárias para uma execução eficaz. A tomar como exemplo medidas anteriores, provavelmente esta medida será entronizada como a salvação da educação, a ser implementada o mais rapidamente possível, se possível no próximo ano.
É o que temos visto. Esperemos que desta vez seja diferente.
Ainda a propósito, um apontamento sobre a reportagem que anunciava a medida; apresentou-se, em género de remate, que esta medida afinal já era aplicada numa escola do País. Não recordo a escola. E não recordo, porque o desenrolar da referida reportagem foi risível. Um jornalista interrogava os alunos da dita escola sobre o facto de terem os mesmos professores a leccionar várias disciplinas; os alunos explicavam que tinham o professor de matemática a leccionar também a disciplina de ciências da natureza, ou o professor de português a leccionar também estudo acompanhado e formação cívica. O hilariante da novidade é que a tal medida que acontece apenas na dita escola, acontece também na maioria das escolas do País.
E perguntava o jornalista que descobriu a pólvora, se o modelo funcionava...
segunda-feira, 15 de janeiro de 2007
Segunda Epístola a Nefertiti (se não estou em erro)
Minha amiga, não resisti a contar-te as novas do "meu (novo e) mais brilhante amor"... Ora pousa os teus delicados olhos nesta minha aquisição e diz de tua justiça (não vale praguejar).
Bluesea
Gosto de ver aquele imenso azul. Uma descoberta feliz.
domingo, 14 de janeiro de 2007
Fim de fim-de-semana
A ponta dos dedos detém-se perante o teclado; sabe que não vai conseguir realizar a operação.
O dia está magnífico, mas o vidro detém-no lá fora. Ao sol também. Dele, apenas pálida imitação consegue perfurar a janela e iluminar timidamente o espaço.
O pc está ligado o dia inteiro e as pernas reclamam o peso de não se movimentarem. O ecrã parece permanecer em branco e a cabeça pende, de cansaço, perante a inutilidade do esforço.
Nada para/por dizer. O dia continua (lá fora).
(Cá) dentro, apenas o automatismo da preparação dos documentos para a semana. Mais uma.
Nostalgia pelos dias que passam a correr(a ler).
Embrutece o espírito por mais um par de meses. No vazio, o ecoar de nada.
sexta-feira, 12 de janeiro de 2007
A História de Portugal
Clio dá o ar da sua graça...
"Tudo começou com um tal Henriques que não se dava bem com a mãe e acabou por se vingar na pandilha de mauritanos que vivia do outro lado do Tejo. Para piorar ainda mais as coisas, decidiu casar com uma espanhola qualquer e não teve muito tempo para lhe desfrutar do salero porque a tipa apanhou uma camada de peste negra e morreu.
Pouco tempo depois, o fulano, que por acaso era rei, bateu também as botas e foi desta para melhor. Para a coisa não ficar completamente entregue à bicharada, apareceu um tal João que, ajudado por um amigo de longa data que era afoito para a porrada, conseguiu pôr os espanhóis a enformar pão e ainda arranjou uns trocos para comprar uns barcos ao filho que era dado aos desportos náuticos. De tal maneira que decidiu pôr os barcos a render e inaugurou o primeiro cruzeiro marítimo entre Lisboa e o Japão com escalas no Funchal, Salvador, Luanda, Maputo, Ormuz, Calecute, Malaca, Timor e Macau.
Quando a coisa deu para o torto, ficou nas lonas só com um pacote de pimenta para recordação e resolveu ir afogar as mágoas, provocando a malta de Alcácer-Quibir para uma cena de estalo. Felizmente, tinha um primo, o Filipe, que não se importou de tomar conta do estaminé até chegar outro João que enriqueceu com o pilim que uma tia lhe mandava do Brasil e acabou por gastar tudo em conventos e aquedutos.
Com conventos a mais e dinheiro menos, as coisas lá se iam aguentando até começar tudo a abanar numa manhã de Novembro. Muita coisa se partiu. Mas sem gravidade porque, passado pouco tempo, já estava tudo arranjado outra vez, graças a um mânfio chamado Sebastião que tinha jeito para o bricolage e não era mau tipo apesar das perucas um bocado amaricadas.
Foi por essa altura que o Napoleão bateu à porta a perguntar se o Pedro podia vir brincar e o irmão mais novo, o Miguel, teve uma crise de ciúmes e tratou de armar confusão que só acabou quando levou um valente puxão de orelhas do mano que já ia a caminho do Brasil para tratar de uns negócios.
A malta começou a votar mas as coisas não melhoraram grande coisa e foi por isso que um Carlos anafado levou um tiro nos coiratos quando passeava de carroça pelo Terreiro do Paço. O pessoal assustou-se com o barulho e escondeu-se num buraco na Flandres onde continuaram a ouvir tiros mas apontados a eles e disparados por alemães.
Ao intervalo, já perdiam por muitos mas o desafio não chegou ao fim porque uma tipa vestida de branco apareceu a flutuar por cima de uma azinheira e três pastores deram primeiro em doidos, depois em mortos e mais tarde em beatos.
Se não fosse por um velhote das Beiras, a confusão tinha continuado mas, felizmente, não continuou e Angola continuava a ser nossa mesmo que andassem para aí a espalhar boatos. Comunistas dum camandro! Tanto insistiram que o velhote se mandou do cadeirão abaixo e houve rebaldaria tamanha que foi preciso pôr um chaimite e um molho cravos em cima do assunto.
Depois parece que houve um Mário qualquer que assinou um papel que nos pôs na Europa e ainda teve tempo para transformar uma lixeira numa exposição mundial e mamar duas secas da Grécia na final.
E o Cavaco? O Cavaco foi com o Pai Natal e o palhaço no comboio ao circo..."
Atenção: alguém enviou-me este texto, desconheço o autor.
terça-feira, 9 de janeiro de 2007
Conta Fernando Lemos que tendo Alexandre O'Neill manifestado as suas tormentas existenciais, foi-lhe proposta solução radical: Do que tu precisas é de uma lavagem ao cérebro.
domingo, 7 de janeiro de 2007
Madalena do Mar in Madeira
"Comtemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece."
F. Pessoa
"O esquecimento total.
Só o movimento dos dedos capta o que escapa (no imediato) ao olho. Perpetua-se o olhar."
Woman Once a Bird
sábado, 6 de janeiro de 2007
O duelo entre Funes e RPS entrecruza-se com este post de Izanami... Através dele tomo consciência que os filmes que mais importância tiveram/têm para mim, foram ambos interpretados pela mesma mulher. Grace ou Virgínia, ela esteve soberba.
quinta-feira, 4 de janeiro de 2007
No seguimento do elogio à Rita, traçado pelo camarada Funes, foi recomendada uma espreitadela (ou mais) à Louise Brooks. Ora, quem lê Funes, sabe que a afronta à eleita não ficaria por aqui. A resposta veio em forma de uma Louise que é (e com) um autêntico barrete.
Espantam-se os incautos, ri-se o Funes, indigna-se o Zekez e o RPS, no seu melhor, analisa as motivações do autor da polémica.
Pois por cá, achamos que foi um simples lapso. Porque teria sido impossível iluminar aquela Louise, se por acaso tivesse passado por esta...
Espantam-se os incautos, ri-se o Funes, indigna-se o Zekez e o RPS, no seu melhor, analisa as motivações do autor da polémica.
Pois por cá, achamos que foi um simples lapso. Porque teria sido impossível iluminar aquela Louise, se por acaso tivesse passado por esta...
terça-feira, 2 de janeiro de 2007
Adio o instante da entrada no ano. Continuo em 2006, já que o regresso é sempre uma suspensão, uma eternidade dolorosa, marcada por horas que oscilam entre a urgência do ponteiro ou na lentidão dos minutos. Volto quando o tempo voltar a mim. Ou quando finalmente entrar no compasso do tempo.
Fotografia de Abelardo Morrel
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