quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Pequenos apontamentos de uma blogger ensonada

O jantar correu muito bem, graças ao Eduardo que organizou a coisa de forma primorosa. A Patxocas já disse quase tudo o que havia a dizer; resta-me apenas acrescentar que a maçã caramelizada acompanhada pelo lombo de porco correspondeu às expectativas e que a conversação foi tão sugestiva que não resisti e já consta da minha cabeceira Os Homens que Odeiam as Mulheres.
 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Bom ano 2010

Haveria muito para dizer, escrever, discutir, explanar, etc e tal, mas já não tenho tempo!
O tempo voa e eu, neste momento, não tenho nenhum muso (estou fartinha de o invocar... et rien!) que me inspire, por isso nada de surpreendente e digno de uma despedida de ano me aflui à ideia.
Mas, ainda assim, quero, este ano, poder partilhar uma musiquinha que, estrategicamente, espetei aqui para poder demonstrar o meu refinado gosto musical e alcançar o meu objectivo principal, a saber: votos d´UM EXCELENTE ANO 2010 para todos nós!!!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Almas Mortas*

Sempre me confessei leitora e admiradora da Isabela. Ainda que não tenha, porenquanto, mergulhado na leitura do seu livro acabado de sair, tenho a certeza que nos presenteia com a escrita a que nos habituou ao longo dos anos. O destaque na Ípsilon é mais que merecido; mas com a justeza do mesmo, vem por arrasto a grosseria habitual que grassa nas páginas de comentários a que o Público nos habituou. É que, parece-me, existe uma diferença entre liberdade de expressão e a libertinagem do linguajar próprio dos espíritos mesquinhos. Para já, apenas posso manifestar a minha solidariedade para com a autora e o completo nojo por gente que não chega a sê-lo completamente. Quero acreditar que a maioria dos/das portugueses/as não é tão bacoca, mal educada e mal intencionada quanto as páginas de comentários do Público testemunham. 

*título roubado a Gogol.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O Post mais inútil desta série

Nos últimos cinco anos registo com agrado a picardia com Funes, El Memorioso. Dizem (mas quem?) que no meio (da década?) é que está a virtude (na realidade são quatro anos, já que este blog tem quatro anos e o Funes só nos descobriu a careca lá para meados de 2006 ou até 2007).

Um post tão inútil quanto o anterior

O ano que agora finda cheira a um livro acabado de abrir. Quase todo o meu universo(zinho) passa por aí: no rastro que os livros deixam.

Um post absolutamente inútil

Desta década registo apenas uma mudança radical: ingressei no universo laboral e passei a saber quanto é  que  a casa gasta (literalmente).

Bom Ano!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Lullaby de Domingo

Cause people often talk about being scared of change
But for me I'm more afraid of things staying the same
Cause the game is never won by standing in any one place for too long



My Private Lord a fechar o ano. Obviamente.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Beautiful boy

Close your eyes Have no fear The monster's gone He's on the run and your daddy's here Beautiful, beautiful, beautiful Beautiful boy Beautiful, beautiful, beautiful Beautiful boy John Lennon - Beautiful boy

"Nós sabemo-lo bem"

Nós juramos ao mundo a sagrada promessa da areia,
Nós juramo-la de boa vontade,
Nós juramo-la bem alto de cima dos telhados do sono sem sonhos
e agitamos o cabelo branco do tempo...

Eles gritam : Vós blasfemais!

Nós já sabemos isso há muito tempo.
Já sabemos isso há muito tempo, mas que fazer?
Vós moeis no moinho da morte a branca farinha da promessa
Vós colocai-la à frente dos nossos irmãos e irmãs �

Nós agitamos o cabelo branco do tempo.

Vós avisais-nos: vós blasfemais! 
Nós sabemo-lo bem:
caia a culpa sobre nós.
Caia a culpa de todos os avisos e sinais sobre nós
e venha o mar gorgolejante,
a couraçada rajada da conversão,
o dia da meia-noite,
que venha o que nunca foi!

Venha um homem da sepultura.


Paul Célan 
Tardio e Profundo 
 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O Natal até pode ser na Páscoa

O Natal é quando e onde o Homem quer... Feliz Natal a todos.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Mudam-se os Tempos... e as Vontades? (se calhar, ou nem por isso)

Quando o público soube que os estudantes de Lisboa, nos intervalos de dizer obscenidades às senhoras que passam, estavam empenhados em moralizar toda a gente, teve uma exclamação de impaciência. Sim - exactamente a exclamação que acaba de escapar ao leitor...Ser novo é não ser velho. Ser velho é ter opiniões. Ser novo é não querer saber de opiniões para nada. Ser novo é deixar os outros ir em paz para o Diabo com as opiniões que têm, boas ou más - boas ou más, que a gente nunca sabe com quais é que vai para o Diabo. 
Os moços da vida das escolas intrometem-se com os escritores que não passam pela mesma razão porque se intrometem com as senhoras que passam. Se não sabem a razão antes de lha dizer, também a não saberiam depois. Se a pudessem saber, não se intrometeriam nem com as senhoras nem com os escritores.
Bolas para a gente ter que aturar isto! Ó meninos: estudem, divirtam-se e calem-se. Estudem ciências, se estudam ciências; estudem artes, se estudam artes; estudem letras, se estudam letras. Divirtam-se com mulheres, se gostam de mulheres; divirtam-se de outra maneira, se preferem outra. Tudo está certo, porque não passa do corpo de quem se diverte. Mas quanto ao resto calem-se. Calem-se o mais silenciosamente possível.
Porque há só duas maneiras de se ter razão. Uma é calar-se, que é a que convém aos novos A outra é contradizer-se, mas só alguém de mais idade a pode cometer.
Tudo mais é uma grande maçada para quem está presente por acaso. E a sociedade em que  nascemos  é o lugar onde mais por acaso estamos presentes.
Europa , 1923.
Fernando Pessoa


Mudam-se os Tempos... e as Vontades? (se calhar, ou nem por isso)

Estou fascinada com toda a história que rodeia a pulbicação de As Canções de António Botto.Então, como agora, os/as detentores/as da moral e bons costumes apressaram-se a cerrar fileiras e a trocar galhardetes.  Raul Leal redige um texto - Sodoma Divinizada - que incedeia a facção que carrega a bandeira da moral e dos bons costumes, à altura carregada pelos... estudantes de Lisboa. Assim, cá vos deixo o texto inspirado com que os piedosos estudantes se dirigiram aos homens honrados (uma expressão que, a esta distância, se me afigura de uma comicidade ímpar):


AOS PODERES CONSTITUÍDOS E A TODOS OS HOMENS HONRADOS DE PORTUGAL
(pela Liga de Acção de Estudantes de Lisboa) 

Não vimos tratar de política, nem trazemos também um novo programa de partido, pronto a salvar o país.
Simplesmente, na nossa função de trabalhadores do Espírito e de soldados da Ciência, entendemos que é chegado o momento do erguermos a nossa voz para ser escutada por todos aqueles que a possam compreender.
A situação de Portugal é desgraçada.
Profundamente e totalmente.
A nós, fere-nos mais de perto, na nossa sensibilidade, a parte moral e intelectual da derrocada que nos rodeia.
É dela que vimos falar.
Não queremos agora aprofundar causas ou apontar responsabilidades. Basta que constatemos os factos e apontemos o caminho a seguir.
De dia para dia o mal é mais fundo e mais avassalador. Derrubaram-se todas as fronteiras do espírito entre a inteligência e a loucura, entre a beleza e a perversão.
Mascarados em mil hipocrisias literárias, em pseudofilosofias extravagantes, encobrindo a sua animalidade em frágeis farrapos de escolas inverosímeis, todos os baixos instintos humanos, numa liberdade desvairada, se erguem, alastram, dominam como flores de pântano no crepúsculo triste duma terra abandonada.
É contra essa dispersão, contra essa inversão da inteligência, da moral e da sensibilidade, que nós gritamos numa revolta sagrada da nossa dignidade de homens, o protesto vibrante dos que não deixam cerrar os seus olhos à luz da Verdade.
Já não se paira, por desgraça, no campo das atitudes snobs e literárias. Atingiu-se a última abominação, aquela que nas tradições bíblicas fazia chover o fogo do céu.
Urge a reacção pronta e implacável. À frente dela se levanta a nossa mocidade forte e resoluta. Nas nossas mãos brandimos o ferro em brasa que cicatriza as chagas.
A quem manda nós apontamos hoje a necessidade imperiosa de fazer justiça. É preciso que os livreiros honrados expulsem das suas casas os livros torpes. É necessário que os adeptos da infâmia caiam sob a alçada da lei, que um movimento enérgico de repressão castigue em nome do bem público.
Que a justiça venha e implacável!


domingo, 20 de dezembro de 2009

Ai fé a quanto obrigas…

Aqui, onde vivo, pratica-se a fé durante toda a noite. É a banda, os foguetes, as romarias e os afins da religião. Tudo, penso, em nome da fé.

Ouvi mesmo dizer que há povoações que têm um altifalante para projectar a missa durante a noite toda. São as missas do parto na Madeira.

Precisava de dormir em paz, mas a fé dos outros tem sido o meu pesadelo… Resta virar-me para o som com o ouvido que ouve menos.

De resto, oremos sempre e o barulho esteja connosco. Ámen.

(Mas, sinceramente, não acho isto normal.)

Porque é Natal...

Dead Can Dance: vale a pena ouvir e ver:

Lullaby de Domingo



Dispensa apresentações.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Da arte da compensação*

Prometeram-me uma noite com Nick Cave (calma, a ouvir NC). Impraticável, face ao estado lastimável em que o meu cérebro se encontra. Resta-me isto. Não é a mesma coisa.

Ai, há coisas que não mudam mesmo!

Frei Francisco da Ilha da Madeira (Século XVIII)
“ A 13 de Setembro de 1690, Frei Mathias de Mattos, sacerdote e pregador professo da Ordem de São Jerónimo, pediu audiência à Mesa do Santo Ofício, desejando confessar-se. Declarou que no princípio da Quaresma daquele ano trava conhecimento com um jovem corista, Frei Francisco da Ilha da Madeira, morador no mesmo convento, no Convento de Belém. Disse que, desejando o jovem o seu apoio a fim de ser enviado a estudar no Colégio, Frei Francisco lhe escrevera algumas cartas «cheias de palavras amorosas». O conteúdo dessas cartas era suficiente para que ambos sofressem o castigo máximo da Inquisição. Sobrevivendo aos séculos, seis cartas foram encontradas na Torre do Tombo, em Lisboa, todas elas escritas por Frei Francisco. (…) Carta Primeira Meu feitiçozinho, meu cãozinho: Esta tarde te vi passar com o irmão de Frei Bento. Bem te vi chegar para a porta da horta onde estávamos, e por uma greta te vi o teu lindo rostinho, e a tua boquinha que lhe desejei dar um beijinho de língua. E de tal sorte me vi estonteado que estive para ir após de ti pela porta fora. De tal sorte me vi embebido, que cheguei a dar passos para o fazer, quando me lembrei que estavam ali coristas. (…) Ai meu menino, que há de ser mim se me falta a tua vista! Que há de ser de mim se logro a tua vista por bocadinhos. Tomara de estar sempre, sempre (te) vendo! Mas, ai que não tenho liberdade para isso, por isso morro, por isso acabo sem que tu me acudas. Ora acode, acode cãozinho, a teu, a teu coraçãozinho, ora acode, sim, sim, sim, ai meu coraçãozinho, dá-me os teus bracinhos porque aí quero morrer.” In Cartas de Amor de Grandes Homens, de Úrsula Doyle, Bertrand Editora, Lisboa, 2009 Pois... segundo Álvaro Campos " As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas."

Carecer de, sentir falta de, ter/sentir saudade de

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Publicidade

99% dos anúncios que passam na televisão são para as mulheres e têm mulheres. Sinceramente, acho essa publicidade muito monótona e pouco criativa.

Ultimamente, do género masculino só o Pai Natal e o George Clooney, e, juro, se visse o último ao vivo, eu vomitava, pois já ando farta do anúncio do café.

Pior pior só mesmo a música do Pingo Doce!

Eu, forma-tadinha, me confesso

Sento-me em frente do computador. Tenho que avaliar os alunos mediante uma grelha já antes formatada por alguém.

Alguns alunos até mereciam o nível 3 ou 4 (1 a 4), no entanto, por muitos esforços que eu faça, é impossível, eles falharam em alguns pormenores. Eu até dava, mas a grelha é soberana.

Há alguns alunos que, ao longo desde período, arruinaram muitas vezes as aulas devido à falta de valores que insistem em não assimilar. Estes prejudicaram os colegas que até podiam ter ido mais além, no entanto, por muito que eu me esforce, vão ter um nível positivo como recompensa.

Sinto-me frustrada. Neste momento estou a introduzir o meu pensamento, a minha consciência, a minha sensibilidade e a minha experiência profissional numa grelha que desvaloriza o domínio sócio-afectivo. Assim seja. Ámen.

No momento da autoavaliação, tenho alunos a dizerem: “Vá lá, professora, dê-me mais 3 por cento no teste para conseguir o nível três”. Sim, porque a sua postura na aula e na comunidade pouco vale, e isso é do conhecimento global.

Preocupemo-nos em fazer grelhas, pois sem a entrega dessas não há reuniões de avaliação e sem as reuniões, não há férias de Natal.

Eu já tenho uma pasta cujo nome é “grelhados”, nela estão seis grelhas prontinhas a serem entregues. Faço votos que essas contribuam para um mundo melhor.

Stillness is a Lie

I shut my eyes and all the world drops dead;
I lift my lids and all is born again.
(I think I made you up inside my head.)

The stars go waltzing out in blue and red,
And arbitrary blackness gallops in:
I shut my eyes and all the world drops dead.

I dreamed that you bewitched me into bed
And sung me moon-struck, kissed me quite insane.
(I think I made you up inside my head.)

God topples from the sky, hell's fires fade:
Exit seraphim and Satan's men:
I shut my eyes and all the world drops dead.

I fancied you'd return the way you said,
But I grow old and I forget your name.
(I think I made you up inside my head.)

Sylvia Plath 

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Hás de cá vir e não ter (o hífen)

Numa caixa de comentários, em fim de dia, escrevo com toda a naturalidade hás-de.  E contudo, finam-se os tempos da segunda pessoa do singular do verbo haver tal como a conhecemos.  É a cerimónia do adeus* (forçado).
* Título roubado a Simone de Beauvoir, que não há(-)de ficar assim tão irritada com o abuso de confiança.**
**Este é o perfeito exemplo de post idiota que me ocorre quando ando a fazer a figurinha a que a HG aludiu neste post.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Lullaby de Domingo

Domingo bilingue:



A esta altura será qualquer coisa do género...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Woab: puella pulchra est

O nosso belo pássaro, perdão, "pássara"?! Veio cheio de encantos com os cantos seus e que também são nossos, vossos e de quem os apanhar. As asas o sol queimou e logo, Se não tiver cuidado, As pestanas queimará Com tantas velas que tem para soprar e apagar. lá lá lá lá lá lá lá lá nesta data mui querida.

Boa Semana (a very special one)

Dedicated to you

domingo, 6 de dezembro de 2009

Isto não vem a propósito...

mas eu lembrei-me da canção da Falsa Tartaruga in Alice no País das Maravilhas, porque alguém que eu já não via há muito tempo e por quem tenho muita estima, apreço e muita amizade, no momento em que nos despedíamos, disse-me: "H., é sempre bom vermos esse teu ar sereno e calmo". BEAUTIFUL Soup, so rich and green, Waiting in a hot tureen! Who for such dainties would not stoop? Soup of the evening, beautiful Soup! Soup of the evening, beautiful Soup! Beau--ootiful Soo-oop! Beau--ootiful Soo-oop! Soo--oop of the e--e--evening, Beautiful, beautiful Soup! Beautiful Soup! Who cares for fish, Game, or any other dish? Who would not give all else for two Pennyworth only of Beautiful Soup? Pennyworth only of beautiful Soup? Beau--ootiful Soo-oop! Beau--ootiful Soo-oop! Soo--oop of the e--e--evening, Beautiful, beauti--FUL SOUP! Beautiful Soup - a poem by Lewis Carroll (Post scriptum: Daniel, se me deixares ficar na tua casa e comeres sempre tão bem a sopa como hoje, prometo contar-te uma história.)

Lullaby de Domingo



Voltei a Madrugada. Que querem? Há dias que só eles rodam nas minhas viagens.

sábado, 5 de dezembro de 2009

VI Jantar de Blogues da Madeira (vá, de twitteir@s, também).




Imbuídas/os do espírito natalício característico da época, temos o prazer de vos anunciar que o tradicional jantar de Natal/Novo Ano da blogosfera madeirense está agendado para dia 30 de Dezembro, uma espécie de final feliz para o ano 2009, onde engendraremos as principais estratégias para a época bloguística de 2010. Como tal, as/os interessadas/os devem inscrever-se nos seguintes locais: Madeira, Minha Vida, ou aqui mesmo. Poderão também enviar a inscrição para os nossos endereços virtuais.
Atempadamente o local da reunião da confraria será anunciado, assim que os últimos preparativos estejam ultimados.

Respeitosamente,
A organização.

Inscrições:
Woab
Baby Boy Slim - Madeira, Minha Vida
Patxocas - New Home
Su - Marakoka
Shinobi - My Asian Movies
Sancho Gomes - Conspiração às Sete
Blue - Pérolas Intemporais  

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

RRRRRRRRRR

"noves fora, nada!"

Os maldispostos pululam por todo lado. Só vejo nadas contrariados a boiar no meio do nada! Sinto-me também no meio do nada.

Há quem passe o tempo a reclamar que nos fins-de-semana não faz nada, a não ser trabalhar; outros a maldizerem do tempo que estão em casa, pois não têm tempo para nada e, ainda, outros a resmungarem que os feriados não lhes valem de nada, porque trabalham muito!

STOP! Eu é que não quero ouvir mais ninguém a falar dos seus “nadas”! Estou farta desses Nadas Cinzentos, Mal Encarados e Desagradáveis! Dos Nadas que nada contribuem para os meus nadas que se chamam Nadas Felizes Revitalizantes. Decididamente, não combinam com os meus nadas.

Eu considero-me uma pessoa que precisa de fazer mesmo nada, e adquiri, com o passar dos anos, a arte de nada fazer, sem remorsos e angústias. Cultivo, quando posso, essa difícil e incompreendida arte.

Nada é um aspecto fulcral para o meu equilíbrio, para não dizer mesmo essencial. Quando me sinto muito poluída com tudo e mais alguma coisa, mergulho no nada. Resulta.

Ficar um fim-de-semana fechada em casa a ler um livro do princípio ao fim, comer, dormir, “vegetar”, ver filmes… mudar a terra à plantinha, olhar os gatos dos vizinhos, ouvir a chuva a cair, ver o pôr-do-sol, beber uma cevada na varanda, enquanto aprecio as cores do mar e do céu, tentando prever o estado do tempo para amanhã… são os meus nadas deliciosos, as minhas pausas tão desejadas, as minhas reticências, o Meu-Bem-Me-Querer.

Depois, na segunda-feira, mais rica, com muita vontade de partilhar, criar e mais serena, saio de casa e regresso a tudo que ficou para fazer ou por fazer.

Explicar porque gosto fazer mesmo nada, é-me difícil e enerva todo o meu ser que passa a fazer e a acumular contas com as provas dos "noves fora, nada!".

O importante é mesmo saber fazer nada, em alguns momentos da nossa vida.