Os excertos do texto que vou transcrever evidenciam algumas características dos entes que "coisificam" os partidos políticos da nossa actualidade e que, fatalmente, são mais à direita ou mais à esquerda. Alguns dos referidos seres optaram ou assumiram uma postura que passa, muitas das vezes, pela forma como se vestem, pelo género de música que ouvem, pela forma como comem e o que comem, pela marca da viatura que usam ou se a usam... Ou seja, um código ideológico (muito parecido com o código genético... que apenas tenho uma pálida ideia do que é) manifestamente exteriorizado, objectivo e diferenciado que facilmente é associado como sendo da direita ou da esquerda, conforme o caso.
Eu limito-me a votar. Sou democrática, logo gosto de misturar estilos. Contudo, confesso, que já não sei qual é o que me assenta e cai melhor.
E a propósito, para finalizar, o poema que vos deixo: Viro-me para direita e pisca-pisca;/Viro-me para a esquerda e pisca-pisca./ E depois?/ Depois, é só estalada, é só estalada! (Não é pura a coincidência nem mesmo a inconsciência, pois a letra é mais ou menos a da conhecida música brejeira ou ligeira ou popular ou o que quiserem, vai tudo dar ao mesmo!).
Então, é caso para dizer (e muito bem dito e porque falava eu no início de excertos e para preencher mais a página ) que eu tentei parafrasear um texto e isso pode-se verificar com a seguinte leitura:
Eu limito-me a votar. Sou democrática, logo gosto de misturar estilos. Contudo, confesso, que já não sei qual é o que me assenta e cai melhor.
E a propósito, para finalizar, o poema que vos deixo: Viro-me para direita e pisca-pisca;/Viro-me para a esquerda e pisca-pisca./ E depois?/ Depois, é só estalada, é só estalada! (Não é pura a coincidência nem mesmo a inconsciência, pois a letra é mais ou menos a da conhecida música brejeira ou ligeira ou popular ou o que quiserem, vai tudo dar ao mesmo!).
Então, é caso para dizer (e muito bem dito e porque falava eu no início de excertos e para preencher mais a página ) que eu tentei parafrasear um texto e isso pode-se verificar com a seguinte leitura:
(...)
Sou um céptico. Não acredito nos homens nem nas mulheres. Quando se trata da cultura, não acredito na direita nem na esquerda. A direita no poder é populista. Parece esquerda. Quer fazer bem ao povo. Dá os subsídios em função do grau de adesão popular. Promove aquilo que mais povo junta. Porque sabe (quando sabe) distante das aspirações do povo, tem o remorso dos benfazejos e compensa a sorte que acha ter dando a esmola a quem mais precisa. O povo.
A esquerda é elitista. Parece direita. Pensa que os subsídios devem ser entregues aos iluminados, aos experimentalistas, que normalmente são os amigos e conhecidos. Porque é a esquerda, presume que o povo aderirá espontaneamente, cantando hinos, à cultura que ela escolhe. Surpreendem-na as salas vazias, os livros por vender. Surpreende-a o povo. Afinal, ninguém ama mais o povo do que a esquerda.
A esquerda julga acreditar na igualdade entre os seres humanos, mas, com um pragmatismo inconsciente, torna-se elitista, vive num circuito fechado, sonhando com marés de multidões enquanto fala para salas vazias. A direita (quando não é povo) tem consciência daquilo que a separa do povo. Mas tem remorsos do que pensa. Em casa ouve Bach, mas na rua, por expiação, dança Emanuel.
A esquerda, a direita e o povo deviam ser banidos deste paraíso terrestre. Por mim, só acredito e amo paisagem. A flora e a fauna não humana. O que faz de mim um radical ecologista. ( Serei de esquerda?).
Na impossibilidade verificada de se cumprirem os meus desejos, voto contra a democracia participativa. A esquerda é bem intencionada ao desejar esta forma de democracia. Mas, crédula que é na mirífica igualdade dos homens e possuidora de péssimos dotes matemáticos ( resultado de ensino que vem pondo em prática) ignora a estatística e não quer ver que isso equivale a uma sentença de morte do bom gosto e do direito. (Sou de direita?)
(...)
RAA 12/16/2003
"a oeste nada de novo" in (Revista)Periférica, Ano II, nº 6, Verão de 2003
A esquerda é elitista. Parece direita. Pensa que os subsídios devem ser entregues aos iluminados, aos experimentalistas, que normalmente são os amigos e conhecidos. Porque é a esquerda, presume que o povo aderirá espontaneamente, cantando hinos, à cultura que ela escolhe. Surpreendem-na as salas vazias, os livros por vender. Surpreende-a o povo. Afinal, ninguém ama mais o povo do que a esquerda.
A esquerda julga acreditar na igualdade entre os seres humanos, mas, com um pragmatismo inconsciente, torna-se elitista, vive num circuito fechado, sonhando com marés de multidões enquanto fala para salas vazias. A direita (quando não é povo) tem consciência daquilo que a separa do povo. Mas tem remorsos do que pensa. Em casa ouve Bach, mas na rua, por expiação, dança Emanuel.
A esquerda, a direita e o povo deviam ser banidos deste paraíso terrestre. Por mim, só acredito e amo paisagem. A flora e a fauna não humana. O que faz de mim um radical ecologista. ( Serei de esquerda?).
Na impossibilidade verificada de se cumprirem os meus desejos, voto contra a democracia participativa. A esquerda é bem intencionada ao desejar esta forma de democracia. Mas, crédula que é na mirífica igualdade dos homens e possuidora de péssimos dotes matemáticos ( resultado de ensino que vem pondo em prática) ignora a estatística e não quer ver que isso equivale a uma sentença de morte do bom gosto e do direito. (Sou de direita?)
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RAA 12/16/2003
"a oeste nada de novo" in (Revista)Periférica, Ano II, nº 6, Verão de 2003