Lenha para a fogueira do nobilíssimo Funes:
"Eu dou-te a palavra, e tu jogarás nela
e nela apostarás com determinação.
Seja a palavra “biltre”.
Talvez penses num cesto,
Açafate de ráfia, prenhe de flores e frutos.
Talvez numa almofada num regaço
onde as mãos ágeis manobrando as linhas
as complicadas rendas vão tecendo.
Talvez num insecto de élitros metálicos
emergindo da terra empapada de chuva.
Talvez num jogo lúdico, numa esfera de vidro,
pequena, contra outra arremessada.
Talvez...
Mas não.
Biltre é um homem vil, infame e ordinário.
São assim as palavras."
António Gedeão
2 comentários:
Ah, Ah!
Aposto que Gedeão (por sinal, um magnífico poeta), antes de escrever este poema passou um dia em casa a dizer muitas vezes "biltre", até a mulher (ele era casado?) se enfurecer.
E agora, o que é que a menina WOAB me diz a esta possibilidade?
PS- Quem me conhece sabe que ouvir-me dizer que um poeta é bom não é coisa pouca.
Ou então, foi epíteto que a mulher lhe lançou e ele decidiu suavizar a coisa.
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