Já era rotina.... à 2ª feira deitava-me na hora habitual (às vezes até mais tarde) e anormalmente demorava algum tempo a adormecer. As imagens passavam repetidamente nos meus olhos cerrados e os diálogos zumbiam nos ouvidos. Esta última 2ª feira não foi diferente, depois de ter assistido a mais um episódio da série “7 palmos de terra”, na qual foi abordado, de forma exímia, o tema da vida e da morte, do luto e da perda dos entes queridos. Um tema que desde sempre me assolou, diariamente, como um lembrete e que nunca uma série, filme ou livro conseguiu ilustrar o que todos os dias tento espantar dos meus pensamentos, quase como uma obsessão: a resignação perante o inevitável, o tentar perceber se tudo o que procuramos atingir vale realmente a pena, porque, afinal de contas, o resultado será sempre o vazio, a incerteza do que há no depois e a certeza de que tudo o que conhecemos irá acabar.
Por muito que estejamos habituados a lidar com a morte, ou com a ideia da morte (como estaria aquela família possuidora de uma agência funerária), quando nos confrontamos com ela, nunca estamos preparados: o luto é inevitável e toma lugar uma revolta pela sentida (não real) traição, como se o fim nunca tivesse sido anunciado ou esperado. E como depois de qualquer traição, nesses momentos temos de canalizar a nossa fúria para alguém, nem que seja uma entidade divina qualquer...porque procuramos sempre ignorar a realidade, concreta e objectiva, que Ela é nas nossas vidas.
Devo confessar que a urgência de ter de acordar cedo no outro dia para trabalhar e o estado ligeiramente depressivo e melancólico que me acompanhava até meio da semana, por ver os meus próprios pensamentos e aflições a este respeito tão fidedignamente passados no ecrã, fez-me ponderar não voltar a ver a série; no entanto, como diz o povo na sua imensa sabedoria popular "a morte é a única coisa certa que temos na vida" e por isso mesmo não podia ignorá-la , porque era certamente a história de ficção mais verdadeira que passava na TV, ao longo de toda a semana...pelo menos verdadeira o suficiente para me tirar o sono! A série terminou, finalmente (?), com o fim da estrada: a morte das personagens centrais! Por cá, continuo a caminhar com as incertezas e os medos do que ainda está para vir...
domingo, 16 de julho de 2006
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11 comentários:
A insónia parece-me que era geral. Também eu não dormia pacificamente. O último episódio foi devastador, com aquele vislumbre do futuro que todos sabemos chegar, mas que não pronunciamos... Ainda de ressaca.
Maravilhosa, aquela Ruth. continuo a achar que é uma das personagens mais interessantes.
era a minha personagem preferida...disse-o antes da sr. ganhar o Emmy...
lamentavelmente perdi o fio à meada.
ainda me lembro de um episódio em que uma rapariga morre de overdose e vem a ser cremada...o grupo de amigos, uns autênticos junkies, no final, snifam-lhe as cinzas, assim ela permaneceria para sempre dentro deles.
eu acredito que não somos somente o espaço físico que ocupamos; somos também o espaço que vamos ocupando nos outros e isso não morre.
Eu há exactamente um ano não anfdava muito bem da mona. Resultado: fui rever a primeira e segunda séries de Sete Palms de Terra. Resultado: fiquei com uma depressão enorme. :D
Por isto entendo perfeitamente o que dizes.
Para mim esta série é A série, porque nenhuma série me falou tão bem de seres humanos como esta, e isso para mim é o mais importante.
Aquele final foi demasiado bom. Uma das taglines da série foi "Everything. Everyone. Everywhere. Ends.". E olha, assim foi para a série, assim é para tudo. É a bida.
Acordei agora e o cérebro ainda não está a funcionar mas a intenção, dizem (que eu não sei se acredite muit onisso), é que conta.
já agora, para a ana, a Frances Conroy não ganhou Emmy nenhum por esta série. Six Feet Under não ganhou nenhum Emmy por representação, embora isso ainda possa ser revertido este ano porque Peter Krause e Frances conroy estão nomeados. Ela ganhou, sim, foi um Golden Globe.
Acho muito engraçado como, em termos de prémios, Six Feet Under nem teve um grandioso sucesso. Acho engraçado como nas nomeações para os Emmy deste ano Six Feet Under só lá esteja quatro vezes e apenas com nomeações para actores. E também acho curioso como nunca ganhou o prémio de melhor série dramática.
Mas bem, não deixa de ser a minha favorita.
Não vi o último episódio! Foi mesmo impossível! Tenho pena... contaram-me as cenas pelo télemovel...
Telemóvel
obrigada José pelo esclarecimento.
Boa série. Das poucas que me fazia alterar a rotina para a acompanhar. E com excelente música... Gostei particularmente do final pois foi uma viagem pelo tempo que nos dá a ideia de que a vida é mesmo efémera.
Raramente penso na morte. Apenas ocasionalmente sobre quando/qual será a última vez que farei determinadas coisas triviais de que gosto: andar de mota, ouvir uma determinada música, ir ao cinema, estar com determinada pessoa, etc.
Que grande chatice!
Esqueceste o pc... ;)
Obrigada Jose: fiquei a saber que não sou a única;)
Quanto à série não consigo dizer qual seria a minha preferida: todas eram muito complexas e curiosamente identificava-me um pouco com cada uma delas.... talvez esse também tenha sido o objectivo da série: revermo-nos nos diferentes traços psicológicos e emocionais que podemos assumir ao longo da nossa vida...
Nosfer4tu essa determinada pessoa estará sempre contigo e vice-versa: pelo menos enquanto um dos dois viver ;)
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