Têm sido tempos aparentemente mansos, os que medeiam este post e estes outros, escritos há tanto tempo. Mas esta mansidão esconde um turbilhão latente, contido por estratégias mais comedidas face às resistências que aqui e ali surgiram (e que culminou com a suspensão do exame nacional - uma espécie de agora ninguém brinca).
A verdade, é que a filosofia está cada vez mais amansada e temo que os próximos tempos revelem o trabalho ardiloso de quem apenas sussurra. Eficazmente.
Esta semana, descobri nos escaparates das tabacarias uma revista sobre Filosofia (ignorância minha). Comprei-a por curiosidade e a primeira coisa que li foi a entrevista a Daniel Lins, que originou a repescagem dos posts acima lembrados. É que Lins, a determinada altura afirma (relativamente ao Brasil, mas que poderia perfeitamente ser em relação ao nosso País) que «a Filosofia, salvo exceções, é marcadamente teológica, com seu cortejo de 'padres', os novos padres 'ateus', comentadores atrelados à Filosofia do Estado (...)» e mais à frente continua «'Isto não é Filosofia', diz o filósofo do Estado. Pode-se até mesmo sorrir desses mestres da significação, mas são eles que nos altos arraiais da burocracia emperram o pensamento e instalam a sua representação:'Isto não é Filosofia, mas literatura.'», tendo como referência a obra de Nietszche - entre outros - por oposição ao modelo de conhecimento defendido pelas teorias ontológicas (e analíticas, acrescento eu). E percebo como a minha análise na altura foi ingénua, que julgava tratar-se de uma seita. Mas Lins tem razão: é, cada vez mais, a Filosofia do Estado.
*Pormenor de O Grito, de Edvard Munch