Este post da Rita F é imperdível:
terça-feira, 31 de agosto de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Da Profanação
A terminar o mês de Agosto, as praias começam a ser abandonadas pelos/as banhistas que suspiram secretamente de alívio pelo facto de Setembro anunciar um regresso à normalidade (muito sol também cansa)*. Faço parte desse número de banhistas de regresso a casa, com a caixa de correio repleta de correspondência mais ou menos endereçada, pouco ou nada pessoal. A revista Visão da semana transacta jaz à espera de ser lida, nem que seja de soslaio (os últimos números não merecem mais do que isso).
Logo a abrir, António Araújo ensaia as boas e más notícias da semana; a inaugurar as más, aponta os hábitos de leitura. E a partir daqui divergimos na "análise". Segundo o jurista e historiador, os/as portugueses/as não têm hábitos de leitura e revelam-no nas praias, em que se dividem entre os jornais desportivos e as revistas do coração**.
Concordo com a falta de hábitos de leitura; contudo, considero que a praia não será o melhor sítio para aferir o que quer que seja. Por mim falo. Gosto dos meus livros limpos, com as páginas apenas maculadas pelas minhas anotações e não com nódoas de protectores solares, gosto dos meus livros sem páginas dobradas, sem badanas destruídas pelo uso indevido, sem manchas de humidade a deformar-lhes o texto. Não consigo levar livros para a praia, conspurcá-los com areia a rodos (quando há areia), sal e afins. O objecto livro é ainda para mim um objecto sagrado, que não combina com gelados à beira-mar e com um sol abrasador a encegueirar-me a leitura.
*Esta Woab que vos escreve, que nem é uma banhista a sério, este ano foi a banhos a um ritmo que lhe é anormal, tendo inclusive ganho uma cor que lhe é inusitada: parece menos transparente no que à pele diz respeito e uma abominável cor de cabelo a roçar o louro. A voltar ao normal nos próximos dias.
**Quanto a mim, existem três locais perfeitos para a leitura de revistas do coração: cabeleireiros, consultórios médicos e praias. Nos dois primeiros casos, regressam à proveniência (nem as pagamos, de resto, constituindo esta uma grande mais valia). No que às praias diz respeito, geralmente estas têm, à saída, inúmeros caixotes do lixo em que podemos desfazermo-nos do objecto. É mesmo só para quando se apanha sol na moleirinha, corpo envolto em protector, água e sal.
Quanto aos jornais desportivos, não vislumbro nenhum local em que estes possam desenvolver em mim qualquer interesse.Já basta termos a maior parte dos serviços de informação a dedicar-lhes a maior parte do horário nobre.
Um Caso Sério 3020
O post e o tema abordado. Uma Ilha em chamas e comemora-se com foguetes, enquanto o Inverno não chega (e com ele as águas imparáveis). Não está tudo bem, mas o que interessa é o povo contentinho e os festeitos inchados com tanto fogo lançado ao ar. Como cai, e onde, não é da responsabilidade dos diversos intervenientes.
domingo, 29 de agosto de 2010
Lullaby de Domingo (private lullaby)
E não apresento mais argumentos quanto à discussão sobre as diferenças entre os Blur e esses outros que não nomeio. E como sabes, teimosia não é defeito...
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Interdições salgadas
O que antes era nosso e deixou de o ser, tem agora horário de funcionamento (desde que deixou de ter acesso gratuito) .
Ao descer as escadas, há um portão que determina que a praia (sim, a praia) de infância para além de ser paga, só funciona das 10 às 20h. O sol não sabe e, como tal, as crianças devem apenas fazer praia até às 11 ou a partir das 5. Mas isso não interessa à Frente-Mar. Quem quiser que pague por uma hora e pouco de praia, porque a água e o sol, ali, só abrem mesmo às 10 da manhã.
domingo, 22 de agosto de 2010
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Summer Readings
Mom, Dad and their children are having dinner on a Wednesday night. Dad is snappy and irritable, criticizing everybody during the meal, spreading his tension around like electricity. When he finishes eating, he leaves the table abruptly and heads out of the room. His ten-year-old daughter says. “Dad, where are you going? Wednesday is your night to wash the dishes.“ Upon hearing these words, Dad bursts into flames, screaming, “You upstart little shit, don’t you dare try to tell me what to do! You’ll be wearing a dish on your face!” He grabs a plate off the table, makes like he is going to throw it at her, and then turns away and smashes it on the floor. He knocks a chair over with his hand and storms out of the room. Mom and the children are left trembling, the daughter bursts into tears. Dad reappears in the doorway and yells that she’d better shut up, so she chokes off her tears, which causes her to shake even more violently. Without touching a soul, Dad has sent painful shock waves through the entire family. We move ahead now to the following Wednesday. Dinner passes fairly normally, without the previous week’s tension, but Dad still strolls out of the kitchen when he finishes eating. Does a family member remind him that it’s his turn to wash the dishes? Of course not. It will be many, many months before anyone makes that mistake again. … Dad’s scary behaviour has created a context in which he won’t have to do the dishes anytime he doesn’t feel like it, and no one will dare take him to task for it. … The abusive man gains power.”
Why Does He Do That? Inside the Minds of Angry and Controlling Men, Lundy Bancroft
In http://www.thenarcissistandpsychopath.yolasite.com/predators.php
Imagem de Suad Al-Attar
Noomi Rapace é, definitivamente, a minha Lisbeth Salander. Michael Nyqvist é, definitivamente, o meu Mikael Blomkvist.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
domingo, 15 de agosto de 2010
Lullaby de Domingo
Quase de regresso.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
"Tudo o que é sólido dissolve-se no ar"
domingo, 8 de agosto de 2010
(Desta Vez) Foi Longe Demais
Imagem roubada aqui (Gabriel Muniz)
No que diz respeito à violência contra as Mulheres - e mais especificamente na violência entre casais - a condescendência surge quase sempre nas primeiras declarações. Percebe-se o conformismo de algo que choca (mas não muito) com declarações dos que ouviam as agressões: é que desta vez ele foi longe demais. E o que me indigna é que estas pessoas não percebam que "longe demais" foi muito antes - a vez em que aconteceu a primeira agressão.
Recordo um caso de há uns anos atrás, na Região Autónoma da Madeira, em que um/a dos/as entrevistados/as dizia que alguma coisa ela devia ter feito "para lhe acontecer isto". "Isto" remetia para o assassinato à queima roupa.
Certo é que, apesar de um número muito elevado de assassinatos de mulheres que muitas vezes já haviam apresentado queixa contra a violência dos companheiros, na maior parte dos casos a queixa não protege efectivamente a vítima, que continua a ter que lidar não só com a violência já conhecida, como também com a ira por se ter atrevido a apresentar queixa (ou de a terem apresentado por ela). Assim, num ano em que são registados 24 assassinatos (o Público apresenta um número diferente:14) - e ainda só vamos a meio do ano - apenas 59 agressores respondem pelo crime que julgam que lhes é permitido por direito.
Este ano já morreram demasiadas mulheres, porque os companheiros foram longe demais. Só desta vez.
Lullaby de Domingo
Por estas bandas faz-se muito pouco. E portanto, uma lullaby condizente.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Alexandra Lucas Coelho foi a Juarez e conta o que viu.
"Cabeças cortadas. Cadáveres atirados para o deserto. Gente raptada, violada, baleada, todos os dias. Esta é a história de como se destrói uma sociedade de fronteira. Primeiro, é o bordel dos EUA. Depois, fica escrava do comércio livre. E então o narcotráfico entra a matar, porque se tornou fácil e o dinheiro é muito. A cidade mais violenta do mundo é Juárez, fronteira do México com os EUA."
Humano Demasiado (des)Humano
Uma casa de banho branca é um perigo. O excesso de claridade denuncia as viandantes ilegais, lustrosas nas suas carapaças escuras, a calcorrearem apressadamente as superfícies imaculadas.
Tivemos uma batalha com uma delas, uma noite destas. A criatura, coitada, corria assustada a esconder-se nos recantos sombrios. E eu, se inicialmente calma, fui progressivamente deixando que o pânico me invadisse e me tornasse cada vez mais implacável. O bicho não sairia vivo daquela divisão, atormentando o nosso sono. É que quando penso em virar costas e fingir que ela não existe, que as suas antenas desmesuradas e as suas patas em espigão não me incomodam, a verdade é que consigo imaginá-la - como se já a sentisse - a invadir a minha pele enquanto durmo. É isso que me incomoda: julgar que o bicho secretamente pode ter a veleidade de me tocar e eu não o sentir. E o nojo, o nojo que isso suscita. Imaginar a correria sobre os corpos adormecidos, o lastro invisível deixado em nós.
Ela tem medo, coitada. Corre a esconder-se onde pode, mesmo que seja debaixo da gata que não compreende a correria e assusta-se connosco - e não com a barata. Os olhos dela crescem, de incredulidade, perante a violência do embate na minúscula divisão. Assusta-se com os movimentos bruscos - não os da criatura em fuga, três vezes morta - mas os nossos (os teus, na verdade - que apenas denunciei e a pontei e vigiei), a exigir a morte do monstrengo, preço de uma noite descansada.
No final, já o cadáver desaparecido da vista, tenho alguma pena do animal que perdeu a vida por nós. E concordo em silêncio com a tua afirmação de que também tu lamentas que ninguém consiga gostar destas criaturas de deus.
A verdade é que entretanto adormeci e o remorso não me assaltou o sono.
domingo, 1 de agosto de 2010
[há um lado felino (humano) em tod@s nós]
Lullaby de Domingo
A mala está quase pronta.
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