terça-feira, 2 de setembro de 2008

Petit manuel à l'usage des amoureux

"O ser que espera não é real. Tal como o seio da mãe para o recém-nascido, «crio-o e recrio-o sem cessar a partir da necessidade que tenho dele»: o outro chega ali onde o espero, ali onde já o criei. E, se ele não chega, alucino-o: a espera é um delírio.
(...).
«Estou apaixonado? - Sim, pois espero.» O outro nunca espera. Por vezes pretendo agir como quem não espera; tento ocupar-me com outra coisa, chegar atrasado; mas, neste jogo, perco sempre: faça o que fizer, encontro-me desocupado, sou pontual e até chego adiantado. Outra não é a identidade fatal do apaixonado: sou eu quem espera."
Roland Barthes, Fragmentos do Discurso Amoroso

8 comentários:

António Conceição disse...

O ser que espera não é real.

Tontice. O ser que espero é que não é real. É uma ficção por mim criada. É por isso que o amor degenera sempre em divórcio. Eu não amo o outro. Amo a ideia que fiz do outro. essa imagem nunca é o outro. O outro desilude-me.

Woman Once a Bird disse...

O ser que espera também não é real, porque é transitório. Não espera - nem suspira - eternamente. Óbvio que o outro também não o é... afinal de contas, o ser que espera concebe o objecto amado como isento do delírio da espera. Irreais, os dois, portanto.

jorge c. disse...

Cale-se Funes, você não percebe nada disto!

Táxi Pluvioso disse...

Lido com uma certa distanciação, estes franceses parecem-me um bocado parvos no que escrevem. Percebe-se porque perderam impacto cultural no mundo.

Woman Once a Bird disse...

Táxi, muito amiguinho do Funes, já vi! Estes franceses são difamados, essa é que é essa!

sara disse...

obrigada pelos parabéns, woab!
beijinhos

lr disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lr disse...

engraçada a coincidência, WOAB, esta de andarmos a ler o mesmo livro :)