sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Who's afraid of the F Word? 2

"Recordo-me que quando nos manifestávamos contra a lei antiaborto, os polícias vinham, desapertavam os cintos e batiam-nos com eles. Não usavam os cacetes, como teriam feito numa manifestação de estudantes, por sermos todas mulheres."

O episódio é descrito por Susana Ronconi (in Matem Primeiro as Mulheres, já antes referenciado aqui), membro das Brigadas Vermelhas Italianas, que antes de enveredar por essa vertente mais radical e violenta, integrou um grupo feminista chamado Lotta Femminista. O simbolismo dos cintos arrancados à cintura para punir aquelas mulheres inconformistas é flagrante. A agressão colectiva tornada íntima, com o instrumento punitivo das traquinices de quem precisa aprender a não desafiar a autoridade. Cada cinto a berrar-lhes Não são dignas de ser levadas a sério. O episódio tem 30 anos. Muito pouco tempo para repetirmos incessantemente que agora tudo vai bem.

2 comentários:

jorge c. disse...

Minha cara, mudar mentalidades é coisa de ditadores. Há crianças a morrer à fome em África e bombas a cair sabe-se lá bem onde. A vida é assim mesmo. As coisas mudam e nós todos os dias - em casa, na rua, na vila, no país e no mundo, qual Rodrigo Guedes de Carvalho - tentamos fazer a nossa parte.
Há um tema brilhante dos Beatles chamado Revolution, que fala nisso mesmo.

(hoje passei o dia nisto, no 5 Dias.)

Woman Once a Bird disse...

Jorge, começo por ter dificuldade em perceber o brilhantismo dos Beatles. Juro que é fenómeno que me ultrapassa.