Sabemos bem o que um bocadinho de sol e calor provoca nos media. Aliás, há anos que a época é imbecilmente chamada de silly season, supostamente porque nada se passa (aquele pequeno pormenor da Geórgia é engano), porque nada se diz, porque nada se faz (o que no meu caso é bem verdade e isso se calhar valerá um outro post). E, portanto, também as revistas não são de ferro. Desde o início do Verão que a Visão se tem escudado nas capas sobre locais onde fazer férias. E com esta manobra de diversão, lá vai safando edição atrás de edição.
Sou leitora assídua há 6 anos. Primeiramente, com o ritual de a comprar às sextas, por vezes aos sábados quando ainda não tinha chegado. Depois, cansei-me e assinei a bicha. E confesso que os amores esmorecem e as idas à caixa de correio são mais tardias. A desta semana, por exemplo, só a retirei ontem, enfadadamente, à espera de mais do mesmo. Porque assim tem sido; à excepção de algumas crónicas ou algumas matérias mais ou menos inspiradas, a verdade é que a qualidade tem vindo a perder-se nos meandros das notícias que anunciam garbosamente os números de vendas.
Mas não é (só) isto que motiva este post. A Visão desta semana, para além de me provocar mais alguns bocejos enquanto mecanicamente lhe passo revista, provocou uma certa irritação o artigo Sem Vida Nem Livros, no separador pomposamente etiquetado como Portugal - Governo. Ao longo da leitura do artigo, fiquei a saber que este era uma quase impossibilidade. Ora, inicialmente achei engraçado que a autora desfiasse as agruras de uma repórter em busca do livro favorito dos membros do executivo. Em 17 ministros, apenas 3 responderam ao repto da jornalista. E aqui registo a falta de três bem mediáticos: o Primeiro, que alardeou há uns tempos não perceber nada de Hegel, mas simpatizar com Popper, a Ministra da Educação e o Ministro da Cultura. Ora, num quiz sobre livros, parece-me estranho que estas três personalidades tenham adiado indefinidamente a resposta. Ná área que me é mais próxima, não me surpreende que a nossa senhora da Educação ande um bocadinho baralhada em busca do livro (e o que é um livro?) favorito. Enterrada entre tanto computador salvador do intelecto das nossas criancinhas, já nem deve reconhecer o formato. Eu por mim ia mais longe e substituia de uma vez as criancinhas por computadores e o assunto ficava logo arrumado. A ver se as estatísticas não respondiam condignamente aos números do Ministério. Adiante.
De regresso ao assunto que perdi algures no post. O inquérito. As coisas azedaram no que me diz respeito quando a leitura conduziu-me para as escolhas dos três homens que responderam - a saber, Augusto Santos Silva, Rui Pereira e Nuno Severiano Teixeira. Estas foram submetidas a uma rigorosa avaliação de três peritos - Pedro Mexia, Eduardo Pitta e Carlos Reis - que interpretaram as entrelinhas. No caso específico da avaliação de Eduardo Pitta, este permitiu-se a tecer mais algumas considerações absolutamente pretensiosas. A avaliação, na verdade, disse mais de quem avaliou do que propriamente das obras referidas, ou dos Ministros sobre fogo. Reiterei duas impressões minhas: o Eduardo Pitta é absolutamente insuportável e a Visão está uma grande porcaria (para não usar termo mais forte mas, certamente, mais adequado).
Sou leitora assídua há 6 anos. Primeiramente, com o ritual de a comprar às sextas, por vezes aos sábados quando ainda não tinha chegado. Depois, cansei-me e assinei a bicha. E confesso que os amores esmorecem e as idas à caixa de correio são mais tardias. A desta semana, por exemplo, só a retirei ontem, enfadadamente, à espera de mais do mesmo. Porque assim tem sido; à excepção de algumas crónicas ou algumas matérias mais ou menos inspiradas, a verdade é que a qualidade tem vindo a perder-se nos meandros das notícias que anunciam garbosamente os números de vendas.
Mas não é (só) isto que motiva este post. A Visão desta semana, para além de me provocar mais alguns bocejos enquanto mecanicamente lhe passo revista, provocou uma certa irritação o artigo Sem Vida Nem Livros, no separador pomposamente etiquetado como Portugal - Governo. Ao longo da leitura do artigo, fiquei a saber que este era uma quase impossibilidade. Ora, inicialmente achei engraçado que a autora desfiasse as agruras de uma repórter em busca do livro favorito dos membros do executivo. Em 17 ministros, apenas 3 responderam ao repto da jornalista. E aqui registo a falta de três bem mediáticos: o Primeiro, que alardeou há uns tempos não perceber nada de Hegel, mas simpatizar com Popper, a Ministra da Educação e o Ministro da Cultura. Ora, num quiz sobre livros, parece-me estranho que estas três personalidades tenham adiado indefinidamente a resposta. Ná área que me é mais próxima, não me surpreende que a nossa senhora da Educação ande um bocadinho baralhada em busca do livro (e o que é um livro?) favorito. Enterrada entre tanto computador salvador do intelecto das nossas criancinhas, já nem deve reconhecer o formato. Eu por mim ia mais longe e substituia de uma vez as criancinhas por computadores e o assunto ficava logo arrumado. A ver se as estatísticas não respondiam condignamente aos números do Ministério. Adiante.
De regresso ao assunto que perdi algures no post. O inquérito. As coisas azedaram no que me diz respeito quando a leitura conduziu-me para as escolhas dos três homens que responderam - a saber, Augusto Santos Silva, Rui Pereira e Nuno Severiano Teixeira. Estas foram submetidas a uma rigorosa avaliação de três peritos - Pedro Mexia, Eduardo Pitta e Carlos Reis - que interpretaram as entrelinhas. No caso específico da avaliação de Eduardo Pitta, este permitiu-se a tecer mais algumas considerações absolutamente pretensiosas. A avaliação, na verdade, disse mais de quem avaliou do que propriamente das obras referidas, ou dos Ministros sobre fogo. Reiterei duas impressões minhas: o Eduardo Pitta é absolutamente insuportável e a Visão está uma grande porcaria (para não usar termo mais forte mas, certamente, mais adequado).
4 comentários:
Querida WOAB,
Também leio a Visão faz alguns anos, uma vez que o meu pai é assinante. E de alguns anos para cá, não é de agora, que as capas de Verão são repetitivas, tipo "Conheça as melhores praias do Algarve", "Férias no Brasil", "Portugal de lés a lés", "Destinos de sonho" etc, etc... aliás, tenho algumas guardadas de anos anteriores e se for a comparar com edições recentes, no que a capas diz respeito, a única coisa que difere é o ano.
Continuo a ler avidamente a Visão, porque António Lobo Antunes é um vício desde à muito.
Beijocas
As únicas revistas que sempre comprei foram a National Geographic e a Atlântico, que infelizmente se esfumou.
Nunca gastei um tusto em revistas como a Visão. Sempre as achei impregnadas de superficialidade, tirando dois ou três cronistas de eleição.
E sim, o Eduardo Pitta parece-me isso mesmo, embora eu vá seguindo o Da Literatura conscientemente.
Quanto à reportagem em si é muito semelhante àquelas entrevistas no sasha summer para atrasados mentais.
Merda! Diz merda!
Belo post!
Tens toda a razão Blue. Mas parece-me que este ano ainda está pior.
Quanto às crónicas do Lobo Antunes; de início não gostava. Mas agora são motivo para pegar na revista.
Jorge, a Visão, há alguns anos atrás era uma revista válida. Aliás, num sítio em que comprar o jornal todos os dias torna-se exaustivo, pq nunca chega às bancas a uma hora decente, foi a forma de contornar a questão. A Atlântico nunca comprei e quanto à N.G. também não gosto particularmente, exactamente porque os artigos parecem carecer de um maior trabalho.
Sim, também é verdade, mas há muito poucas e as boas são verdadeiramente caras.
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