Uma preciosidade. A consultar.
Aviso à navegação em geral e ao Funes em particular: preparem-se para uma baforada de feminismo. É passível de ferir algumas susceptibilidades mais delicadas.
"(...) chegara a hora de enrolar o papiro dos acontecimentos do dia, com todos os seus problemas, impressões, tristezas e alegrias." Virginia Woolf
6 comentários:
A WOAB estende-me o isco e eu lá vou atrás dele.
Ao acaso, abro o link dos estudos feministas (ou de igualdade de género ou lá como é que gostam de dizer) e descubro uma tese de mestrado, uma à sorte, porque não abri outra:
WILL, Maria Gabriela Antunes de Almeida: As mulheres e os lugares de chefia : o caso da enfermagem / Maria Gabriela Antunes de Almeida Will. - Lisboa : [s.n.], 2004. - 97, [60]f.
Ao mesmo tempo, descubro um dos principais problemas do feminismo (e das causas, em geral): a aceitação e promoção acrítica de qualquer coisa que pareça uma defesa da causa.
Basta ver o resumo da tese referida (arranca logo com um erro ortográfico na primeira palavra, como se uma tese de mestrado pudesse ser enacarada com a leveza com que se encara um blogue), para se perceber que aquilo não tem uma sombra de dignidade de trabalho académico e que a autora não faz ideia nenhuma do que seja seriedade intelectual universitária.
Mas como é um textozeco feminista, as feministas aceitam-no logo e colocam-no num arquivo sem o mínimo de espírito crítico sobre a qualidade material da informação que divulgam. Não se apercebem que o facto de centrarem a sua atenção exclusivamente na dicotomia feminismo/machismo, sem se preocuparem com essa outra dicotomia inteligência/estupidez as prejudica.
Sem cuidar dos méritos da causa feminista, não posso deixar de constatar que há muita estupidez promovida pela causa feminista. Esta tese que referi - ao menos a avaliar pelo português do resumo - e o célebre filme do "elas passajam meias e enfiam o dedo mindinho no cu da galinha" são exemplos flagrantes.
Esta promoção da estupidez só porque é uma estupidez feminista obnubila completamente as coisas inteligentes que as feministas inteligentes (a WOAB, por exemplo) dizem. E prejudica a causa feminista, naturalmente.
Há tanta estupidez promovida pela causa feminista, como em qualquer outro departamento das universidades (e não me refiro apenas às nossas). Portanto, o exemplo que o Funes apresenta, poderia ser aplicado a qualquer área do saber. Teses/estudos/investigações pouco sérias existem aos pontapés, não constituíndo uma característica distintiva dos estudos feministas.
É absolutamente verdade o que diz, WOAB. O mundo todo está cheio de estupidez, a começar pelas universidades. E quem nunca foi estúpido na vida que atire a primeira pedra.
Simplesmente, o problema não é esse. O problema é o da denúncia da estupides. Os defensores do feminismo (como os defensores de qualquer outra causa, como os ecologistas, por exemplo) têm muita dificuldade em dizer de um gesto, de um texto de uma atitude a favor da sua causa que ela é estúpida.
Repare bem, cara WOAB, eu não tenho nada contra o feminismo (ou a favor). É um tema que me deixa absolutamente indiferente (o que, de acordo com a pré-compreensão do feminismos é, certamente, uma forma de ser contra, porque perante os direitos das mulheres ninguém pode ficar indiferente). O que me fascina~(como quase sempre o que me fascina na vida) é a forma, não o conteúdo. E a forma que a luta feminista adopta é, geralmente, muito fraquinha.
Devo ressalvar que não li o texto a que o Funes alude, por absoluta falta de tempo. Ainda voltarei a esta caixa de comentários.
Bem, e eu volto a fazer a reserva de que o que lá está é um resumo e que o resumo é tão mau, que eu dele extraio o resto. Posso estar a ser injusto.
Por outro lado, também não li nada sobre o tal arquivo feminista e os seus objectivos. Um arquivo é um arquivo. Arquiva. Não lhe compete manifestar-se sobre o conteúdo ou a qualidade do que Arquiva. Nesta medida, aquilo que no meu comentário pudesse ler-se de crítica ao Arquivo em si mesmo é despropositado. Entenda-se bem: eu não critico o arquivo por arquivae disparates. Critava-o até se fizesse o contrário e seleccionasse o seu material por outro qualquer critério que não o respectivo tema. Ao utilizadores do arquivo é que compete pronunciarem-se sobre a qualidade do conteúdo arquivado. Ao arquivo só compete arquivá-lo (com o tratamento documental que a operação pressupõe, naturalmente; arquivar não é encaixotar).
A minha crítica não era, portanto, imeditamente dirigida ao arquivo, mas ao texto em si mesmo e aos que o acham elogiável só porque é um texto feminista.
Há uma outra coisa que era importnate dizer, mas que não cabe aqui. Continuo a tentar arranjar pachorra para fazer um post sobre o assunto. O problema é justamente esse. Tenho dificuldade em arranjar pachorra para me pronunciar soobre o movimento feminista.
Uma provocaçãozinha:
Por esta caixa de comentários, acho que lhe sobra pachorra. ;)
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