terça-feira, 15 de abril de 2008

Matam a palavra escrita


E, tristemente, passeiam por entre as letras e não as reconhecem, deambulam por jardins de palavras e não lhes apreciam o cheiro na escrita.
O tempo, o tempo, o medo da perda. De tempo.
E perdem-no não querendo perdê-lo, de cada vez que se abandonam em vocalizações guturais porque apenas não pousam os olhos nas curvas voluptuosas da palavra escrita. Dada.

9 comentários:

Anónimo disse...

Olá! I Wangbu. Estou das Filipinas. Você tem um belo blog. Estou tão feliz de visita.

A. disse...

E também tenho notado que anda por aí muita gente a matar as preposições. Entristece-me a alma. Eu não me acanho, interrompo o discurso e pergunto: onde está a preposição?

Anónimo disse...

Parece-me que wangbu não domina a nossa língua, por isso, sejamos compreensivos.
um abraço

Bayushiseni disse...

Minha cara WOAB:

É verdade. Os meus alunos falam mal, escrevem pior e estão-se nas tintas.

Mas a culpa não é deles. É dos pedagogos do ME, dos professores que tiveram e dos pais que nunca leram um livro.

O reflexivo não lhes entra na cabeça. Pudera. Com 255 novelas brasileiras diferentes desde a tenra infância, como é que podiam saber usá-lo?

Com obras de literatura portuguesa obrigatórias completamente desfasadas do seu interesse, durante estes anos todos, como é que poderiam querer ler?

Eu papei com a Joaninha das "Viagens à minha terra" no nono ano e se não viesse de uma família com grandes referências literárias, também ficava com dúvidas...

Além disso com professores de português que não fazem a mínima ideia de como desmontar de forma interessante uma obra...

Não que ache que o esteja a fazer, mas acho sempre estranho chutarem a culpa para os jovens. Como se eles fossem obrigados a perceber, a se serem melhores do que nós fomos. Era bom, mas não é assim.

À minha volta vejo toda a gente perdida (professores, pais, sistema) e depois ninguém parece perceber que eles ainda estão mais perdidos do que nós...

Bayushiseni disse...

cara WOAB:

Se calhar juntei ideias. Tinha acabado de ler o post da cara Nefertiti e tendo lido este de seguida, pus na cabeça (cansaço, muito cansaço) que ele se referia a alunos e não ao público no geral. Por isso peço desculpas se o post anterior não fizer muito sentido.

Um ops muito grande da minha parte...

Anónimo disse...

Mas, Sr. Talisca, os meus alunos estão a aprender, assim como eu. A aprendizagem é um processo contínuo, de uma forma geral. O gosto, de uma forma geral, apura-se com o tempo.
Eu, por exemplo, quando estudei "Os Lusíadas" pura e simplesmente detestei! Estudei e não fiquei odiar a leitura.
O problema é que nós, adultos, subestimamos a inteligência dos jovens ao pensarmos que é necessário uma série de artifícios para abordar certos conteúdos. Para mim, é importante que eles saibam que o esforço tem que partir
deles, eu apenas posso reforçar, ou ajudar, ou mesmo indicar o caminho que me parece ser o mais correcto.
Pretende-se que o acto da leitura seja um interesse pessoal, e, essencialmente, uma prática autónoma.
Eu nunca gostei das leituras que tinha que fazer para a escola, no entanto sempre lia essas e as outas que me interessavam.
Um aluno escreveu numa composição que a escola era muito importante e sem ela não se podia viver. Eu, obviamente, disse-lhe que discordava, pois todos podemos viver sem a escola e que, inevitavelmente, ele iria verificar isso.


Não fique tão revoltado.

Anónimo disse...

outras (cansaço também)

Anónimo disse...

e ops também por outras incoerências.

Bayushiseni disse...

Cara Nefertiti:

Certa vez, tinha eu dez anos, depois de uma conversa com a minha mãe, em que eu insistia em ser teimoso e revoltado ela disse-me, em tom já cansado, que não me podia ensinar nada. Podia apontar, podia indicar-me o caminho mais fácil, mais interessante e mais rico para eu aprender. Mas que ela não ensinava nada, podia era ajudar-me a aprender.

Não sei se foi o cansaço na voz dela, se foi a justeza das suas palavras, mas desde esse dia, se tornou para mim bastante claro que quando dou aulas, ou explico algo, tento indicar o caminho que me facilitou a minha aprendizagem.

Quanto à revolta - não se preocupe - já há muitos anos que tento fazer dela uma coisa positiva. Combustível para fazer e não para desfazer.

Quanto à política da leitura nas escolas - apesar de haver progressos - não deixa de continuar a ser uma metodologia tosca.