sábado, 26 de abril de 2008

Da vergonha

Muito raramente uma mulher tem vergonha dos comentários machistas, ou admite que de alguma forma a incomodam. As mulheres, na sua maioria, só têm vergonha das mulheres: que usam saia curta, que fumam, que pintam as unhas, que levantam bandeiras e procuram reinvindicar para si - e para as outras - o mesmo que os homens têm. A maior parte das mulheres só tem vergonha das outras mulheres. Apressam-se a concordar, a sorrir e retribuir olhares cúmplices e ainda assim, quando o galo canta pela terceira vez, não choram de arrependimento. As mulheres raramente choram por si: choram pelos seus filhos, pelos seus homens, mas quase nunca choram pelas outras, o que equivale a que raramente chorem por elas mesmas.
As mulheres continuam a apressar-se a concordar com os homens, mesmo quando esses as chamam de burras. Sorriem e engolem o orgulho, porque é de macho dizê-lo e é de fêmea acatar com os dizeres do macho.

8 comentários:

Anónimo disse...

Olá, acha mesmo isto ? Aliás, acha mesmo que isto se aplica na generalidade das mulheres, urbanas e com uma profissão ?

Acho que é capaz de estar a tomar a parte pelo todo.

Woman Once a Bird disse...

Acho que a maior parte das mulheres gosta do tal feminismo sossegadinho de que a Isabela fala. Gosta de não irritar muito com essas coisas de direitos e de igualdades. Acho que a maior parte das mulheres ainda não conseguiu apreender bem um outro conceito de ser mulher: a maior parte ainda disputa com as restantes e quando tem que pedir contas a alguém, dirige-se ao elemento feminino. Muitas mulheres apodam as outras, muitas vezes assertivas ou mais argumentativas, de galinhas. Mas quando as galinhas reinvindicam por todas, quero acreditar que, secretamente, agradecem.

samya disse...

Estou de acordo,vejo isso todos os dias, cada vez que um homem abre a boca pra dizer uma imbecilidade qualquer, isso nao quer dizer que so digam imbecilidades, as mulheres estao sempre prontas pra achar tudo muito engraçadinho.
Mas pra isso estamos nos, descobri que quando uso a mesma linguagem que eles,tudo fica mais calmo e eles começam a pensar, e pra dizer a verdade essa parte da minha personalidade nao me incomoda nao, porque aprendi com os anos, e la se vao 37 a colocar os homens, esses seres tao lindos, tao interessantes e muitas vezes tao idiotas, no seu devido lugar.
Outra coisa que descobri eh que as mulheres acham normal palavras vulgares quando ditas por homens mas se assustam quando eh uma mulher a dizer e isso nunca entendi.
Mas eu gosto da companhia de homens e mulheres, mas so quando gostam da minha companhia tambem, seria quando necessaria, mas nem sempre, que um sonoro palavrao as vezes lava a minha alma. pena que as moças nao entenderam que pra isso nao eh necessario rebaixar, e nem deixar que se faça, a nossa condiçao de mulheres.

Anónimo disse...

lamento, mas não posso concordar contigo, Woman... ou então não conheço essa realidade. Eu sou mulher e por isso compreendo melhor o meu género.

Anónimo disse...

O "feminismo sossegadinho" pode ser uma forma de luta válida! Por que não?
Não me apetece partir cabeças... prefiro virar as costas e ignorar (com todo o meu desprezo!!).

Woman Once a Bird disse...

Virar costas não muda absolutamente nada. Apenas afasta momentaneamente o problema. O feminismo sossegadinho não chega a ser feminismo, na medida em que o feminismo deve pressupor coisa pública, intervenção efectiva no que se considera que deve ser mudado.

Anónimo disse...

Pois eu também acho muito contraditória a expressão "feminismo sossegadinho"( aliás, causa-me alguma impressão). Ou se é ou não se é, independentemente de se ser ou não sossegado.

Bayushiseni disse...

Senator McCain: Stop Insulting Women!

After the Senate recently failed to get the 60 votes necessary to force an up-or-down vote on the Lilly Ledbetter Fair Pay Act, Senator John McCain said that widespread gender-based pay inequity isn't due to discrimination. In his view, women just need more "education and training" to close the wage gap.
Lilly Ledbetter worked 19 years at Goodyear before she learned the men at her level were earning far more. Eventually she sued, and the case went all the way to the Supreme Court where five male justices ruled her claim invalid because she filed it more than 180 days after the date when the discrimination first started. Now, Senator McCain wants to stop legislation to correct this injustice -- and in the process, roll back 50 years of women's rights.
Lilly Ledbetter and women across the country are not only paid less when they have the same education and same training, but also for doing the exact same job as men. The only difference between men and women in the workplace is women bring home less money to take care of their families.

Cara WOAB: Estou completamente de acordo consigo.

Cara Nefertiti: Talvez sossegadinho não seja a expressão certa - mas feminismo silencioso?!