segunda-feira, 17 de março de 2008

Da separação: entre dois infinitos, a melancolia

Chega às mãos a marcar compassadamente o oceano da Ilha. As memórias são sempre ensopadas de lágrimas, por uma cegueira rasa de água. É o melhor ponto de vista, sussurra o Mestre. A chave encerra o local onde está pousado o embrulho, o local secreto onde o ontem cruza o hoje e deixa saudade. Abre a caixa e soçobra. Encerra-a novamente, por falta de tempo. Desembrulha-a agora, quase fora do tempo, quando quase se esgota e poderá eventualmente espraiar-se pelo compasso de espera dos dias por-vir.
"Ce que j'apelle la différance avec un a: interruption ininterrompue(...)". (J. Derrida)
Lê e encerra-se. Deixa-se interromper, sair do tempo, mortalmente ferida pela separação (desde sempre ferida), pelos dias que correm sem correr, pela desinterrupção dos dias normais. Suspende-se nas palavras lidas, ditas, sussurradas pelo filósofo, repetidas na Tradução também ela Obra.
"Mon seul désir reste de donner à lire l'interruption." (J. Derrida)
O único desejo é conseguir lê-La. Sabe que não é leitora à Sua altura.

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