Estamos bem cientes das acusações do Ministério da Educação. Na verdade, apenas revela a astúcia dos corredores do chico-espertismo, que já todos percebemos ser condição dos elementos constituintes deste Executivo que, infelizmente, elegemos.
O Ministério, dizia eu, mais não faz que alimentar a fogueira da opinião pública em relação à classe docente. Razão tem em algumas considerações; como em todos os ramos, a docência tem a sua cota parte de incompetentes, de parasitas e de alienados. Como em outras áreas, repito. O Ministério - porque não falamos apenas da Ministra - acusa-nos de pouco trabalho. De laxismo, de incompetência.
Passo o ano a tentar equilibrar planificações, documentação burocrática, elaboração de fichas para os alunos, grelhas e avaliações. Raramente tenho um fim de semana despreocupado. Se o digo não será porque não gosto de o fazer; adoro leccionar e só lamento o excesso de burocracia que, infelizmente, tal implica.
Por tudo isto, não compreendo como uma equipa que passa o ano inteiro com o intuito de elaborar um exame nacional, ainda assim o faz com erros grosseiros: não leccionam, não têm aulas para preparar, não estão obrigados a reuniões de coordenação pedagógica semana sim, semana sim senhor. Então, porque falham na única coisa que fazem?
Como explicar o erro do exame nacional de História, que ainda por cima foi desvalorizado?
Como explicar que quem elaborou o exame de Filosofia fizesse o impensável, ou seja, ater-se especificamente em dois filósofos, quando o programa é aberto?
Como explicar o erro crasso do exame de Físico-Química? E a lata dos meios de comunicação em congratular o GAVE pela prontidão com que detectou o erro. Patético, se não fosse tão grave.
Mais um ano que passa e nada é tirado a limpo? Onde reside a excelência e o rigor que se reinvindica ao resto da classe docente?
domingo, 24 de junho de 2007
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4 comentários:
Queria dizer alguma coisa, mas fico sempre muda quando tenho de falar de professores que trabalham que nem mouros, manhã, tarde, noite e fins-de-semana, para receber pedras atiradas por toda a gente, de todos os lados, todos os dias
Quero um palco! Já!! ; ))
Isabela:
Fiquei com um nó no cérebro depois de ler o seu post sobre a classe docente. Não comentei, porque simplesmente fiquei sem palavras.
A classe é vilipendiada, porque ela própria o faz. Não é corporativa, nem tão pouco cerra fileiras. Tem tanto de bom quanto de pernicioso.
O drama destas questões dos exames nacionais são gravíssimas; basta imaginarmos o tempo que um aluno, sobre pressão, perde a tentar resolver um exercício que está errado (Físico-Química), ou uma pergunta contrária ao que estudo (A questão de História), ou uma pergunta sobre conceitos de um autor que não estudou (Filosofia).
Hoje, acrescento o exame de psicologia; alunos que frequentaram a disciplina de Psicologia B (programa novo) tiveram que realizar exame a Psicologia (programa antigo), com alguns conteúdos que, em rigor, não foram leccionados (porque não pertenciam ao novo programa) ou estão contextualizados no novo programa de forma diferente. Ainda tinha esperanças que cingissem o exame aos conteúdos comuns dos dois programas; mais uma vez enganei-me.
A tragédia de tudo isto reside em que não é apenas um problema da classe docente.
É o governo de excelência que temos. A verdade é que nada disto é surpresa. Desde o início que esta equipa ministerial mostrou que não seria competente, rigorosa ou sequer honesta (lembro-me daquele lobbyzinho imbecil que o Ministério fez com aqueloutra associação idiota de pais - que representa apenas os seus interessezinhos - para impor essa ideia peregrina de aulas de substituição).
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