quarta-feira, 20 de junho de 2007

10 Mandamentos, se faça favor!

(pintura de Magritte)

Estávamos todos no café a partilhar os nossos fados. Algumas melodias eram bem tristes, mas ninguém estava com vontade de chorar, muito pelo contrário.
Fados castiços, pois então.
A história mais castiça foi a do ente de sexo feminino que tinha sido colocado num centro prisional para dar aulas de Português. Os responsáveis por aquele estabelecimento tinham já avisado que ali não era aconselhável usar vestimentas demasiado… femininas. Foram-lhe dadas informações concisas, directas e claras acerca do que era saber-estar entre penitentes.
Naquele momento, a roupa era um mal menor, pois já tinha reformulado o seu guarda- roupa. Agora o problema era o programa, os conteúdos programáticos, ou, para ser mais clara, que textos iria explorar com aqueles alunos?
Todos discutimos, reflectimos, meditámos sobre aquele processo de ensino-aprendizagem específico, com o objectivo de darmos soluções, ideias e, no caso de ser preciso, saídas rápidas e eficazes.
Quando o assunto já só vagueava nos olhares, alguém de manha só reconhecida pelos seus mais chegados e queridos diz: “ -Por que não começas a analisar a morfologia e a sintaxe dos Dez Mandamentos do Antigo Testamento? “Não matarás; Não roubarás; Não…”
O serão prolongou-se muito agradável; os sons jazzísticos que por ali pairavam, por fim, tinham penetrado nos nossos espíritos e, de vez em quando, alguém lembrava ou inventava um mandamento e pronunciava-o em alto e bom som para gáudio dos presentes.


Os Dez Mandamentos Católicos:
Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas.
Não invocar o Seu santo nome em vão.
Guardar os domingos e festas.
Honrar pai e mãe (e os outros legítimos superiores).
Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao próximo).
Não pecar contra a castidade (em palavras ou em obras).
Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo).
Não levantar falsos testemunhos (nem de qualquer outro modo faltar à verdade ou difamar o próximo)
Não desejar a mulher do próximo.

9 comentários:

Woman Once a Bird disse...

Nem de propósito. Não sei se sabes que os reclusos, porque têm muito tempo, pensam coisas más e depois as professoras e advogadas novinhas caem na lábia deles (juro que ouvi isto hoje numa malfadada formação).

Woman Once a Bird disse...

Conheces a minha pontaria para "boas" formações. Com esta, julgava que não havia que enganar: Neuropsicologia das dificuldades da aprendizagem. Afinal... socorro, estou em NEES!

Anónimo disse...

pois, cara amiga,escolhes temas difíceis!

Sancho Gomes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sancho Gomes disse...

Ainda não desististe???

Sancho Gomes disse...

Nefertiti,

post delicioso...

Woman Once a Bird disse...

E perder a oportunidade para recolher material para uma série de posts? Valha-me isso.

feniana disse...

delicioso...

e não, o tal não deixou contactos...

e cobiçar o homem da próxima...não está na lista dos pecados? ;)

Anónimo disse...

feniana, esse não consta : ))