Este post surgiu após sete horas de componente lectiva, iniciadas às 8h e 15m da madrugada. Deste modo, salvaguarda-se a autora de eventuais considerações em relação à sua sanidade mental.
2ª Advertência:
O rascunho foi resgatado hoje, por falta de que fazer (ou por outra, por falta de ânimo para fazer o que é necessário fazer).
Continuação dos trabalhos iniciados no post My Private Lord...
De regresso a casa, ouço Leonard Cohen, na sua magnífica I'm Your Man. Completamente abandonado, de um modo desprendido, sensualmente rendido aos pés do rosto a quem promete ser exactamente o que ele (rosto) quiser. Não deixa margem para dúvidas, o modo como modula as palavras. Cohen desistiu de si para tornar-se completamente outro.
Penso na versão de Cave. Dita todas as palavras de promessa iniciadas por Cohen, mas com um tom de contrariedade, de raiva contida por ter que dizer tudo aquilo. É difícil, o objecto dos seus desejos e por isso, absolutamente contrariado, diz-lhe que será tudo o que ela quiser. Percebe-se que promete o que nunca cumprirá. Cave é irresistivelmente real e o gozo com que promete nada em troca de tudo é magnífica.
A versão de Cohen é pateticamente dedicada (o patético aqui não é depreciativo - pelo menos não totalmente). A de Cave é marginal, bandida, deliciosamente manhosa.
Penso na versão de Cave. Dita todas as palavras de promessa iniciadas por Cohen, mas com um tom de contrariedade, de raiva contida por ter que dizer tudo aquilo. É difícil, o objecto dos seus desejos e por isso, absolutamente contrariado, diz-lhe que será tudo o que ela quiser. Percebe-se que promete o que nunca cumprirá. Cave é irresistivelmente real e o gozo com que promete nada em troca de tudo é magnífica.
A versão de Cohen é pateticamente dedicada (o patético aqui não é depreciativo - pelo menos não totalmente). A de Cave é marginal, bandida, deliciosamente manhosa.
4 comentários:
Pois eu posso garantir-lhe que após duas horas de componente lectiva seria incapaz de escrever assim.
Por isso, é exigível que o Ministério da Educação a liberte, para que possamos disfrutar dos seus textos sem componente lectiva nenhuma.
Agora o que é imperdoável é o declarado amor por Leonard Cohen. Pior do que Cohen só Cohen a cantar textos de Kierkegaard.
Mas a minha declaração de amor não é para com Cohen, caro Funes. É para com Cave.
Consigo imaginar também que Kierkegaard a cantar textos de Cohen não fosse propriamente agradável.
pois eu gosto do Cohen. Mas prefiro o Cave, sem dúvida.
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