No que diz respeito ao presente ano lectivo que, como todos sabemos, na verdade não está a acontecer (o tempo de serviço na função pública foi "suspenso" por um ano, pelo que trabalhamos numa espécie de limbo - é mas não é), tudo corre bem no Ministério da Educação. Ou seja, seguem à risca esta acepção do ser e não ser. No que diz respeito ao 11º ano de escolaridade, as surpresas têm sido a alegria das aulas de várias disciplinas.
Temos um exame de filosofia que estava para ser e que, miraculosamente (ou seja, por despacho) a meio do ano deixou de ser, para retornar à vida em relação aos alunos que dele necessitarem para ingresso no ensino superior. Entretanto, porque a situação ainda era demasiadamente simples, durante algum tempo foi decidido que o exame nacional também seria feito pelos alunos que necessitassem de fazer exame de equivalência à frequência; entretanto, acharam má ideia e esta última nuance também foi revogada. Resultado, a determinada altura, as aulas foram bem animadas, com todas estas novidades. Os alunos acharam um piadão e ainda hoje temem que, a esta altura, o exame nacional regresse por entre as brumas. Mais um esforço.
Por outro lado, temos o caso da Físico-Química. Esta disciplina começou o ano com uma cotação baixa; os alunos optariam ou não por fazer exame. Entretanto, o Ministério que achou que os alunos andavam demasiado felizes e contentes com este carácter de opcionalidade, decidiu (por alturas das primeiras brincadeiras com o exame de filosofia)que afinal o exame de Físico- química seria obrigatório. Foi uma época interessante, com alguns alunos a ameaçarem cortar os pulsos e a exigirem o regresso do exame de filosofia. Entretanto, conformaram-se. Mas o Ministério, atento à possibilidade de um bom desempenho, assegurou que não existisse qualquer prova modelo, pelo que os alunos poderão experimentar a adrenalina de fazer um exame sem que o próprio professor saiba bem para que os preparar. Radical, não?
Mas, ainda assim, parecia tudo muito fácil. Vai daí que os alunos estão hoje, dia 19, a fazer um teste intercalar de Matemática que contará com 20% para a nota e do qual só tiveram conhecimento (eles e os professores) há sensivelmente duas semanas.
Por tudo isto, há que louvar o esforço que o Ministério tem efectuado este ano, para manter as escolas animadas. Os alunos estão a adorar todas estas manobras e nós, que temos que os informar de tudo, também. E gostamos ainda mais quando o comentário é: "Estes professores não sabem o que querem."
Ah, e no final disto tudo, se correr mal, sempre quero ver quem serão apontados como culpados.
20 comentários:
:|
que
triste
.
uma vergonha. felizmente não passei por nada disso. :|
Bem visto, mulher-que-aspirou-pássaro.
Sem dúvida continuam cada vez mais a brincar com os professores.
O mais engraçado é que a culpa é sempre dos professores e o pior é que eles estão de mãos e pé atados perante estas situações.
Já estou a prever a "justificação" do pessoal para o mau aproveitamento que os alunos vão ter este ano: Os professores não sabem, nem ensinam nada!
PS: afirmo que os alunos vão ter mau aproveitamento porque eles próprios não sabem em que é que estão a ser avaliados... (nem os professores os podem orientar porque também não sabem...)
que filme tão complicado!! um verdadeiro caos!
Gostei do post.
Toca em algo que amo: ensinar.
Depois de ler, assaltam-me os seguintes aspectos:
1. A subida na carreira não pode ser feita por anos de permanência, doseados por Acções de Formação para embalar. - levanta o problema da avaliação. quem avalia? O que avaliar? Como avaliar?
O congelamento não passa por uma questão educativa. Não comento.
2.Defendo os exames nacionais, como método de selecção. Se, com esta selecção, num país de cunhas e compadrios, sabemos quem fica para trás, sem esta selecção...assim, todos passam por ele. Ainda assim "ganham" os mais favorecidos. - O problema está antes de chegar ao momento dos exames. o problema está, por um lado,em definir muito bem o que são as competências básicas do ensino básico e o que, efectivamente, se anda a fazer. Por outro lado, definir qual é o papel de um ensino secundário. para quê uma formação de nível secundário. Nada disto é novo.
Não gostei de um exame de Filosofia que era para ser para todos e depois já não era. Por múltiplas razões. Principalmente, porque a decisão pelo não ser para todos, pode remeter a Filosofia enquanto disciplina escolar para um lugar menor. Num país com 2 poetas e meio, 2 filósofos e meio, imensos cientistas a trabalharem no exterior....dá que pensar. A decisão pelo não ser para todos, contraria as tendências de países mais desenvolvidos que estão reclamando a importãncia da formação filosófica desde o ensino básico, já para não falar nas recomendações da UNESCO. - Levanta a urgência de pensarmos em conjunto o que ensinar, como ensinar e como avaliar. Se, como dizia Hegel ( não me apetece ir confirmar, mas penso q a memória não me trai) "a filosofia do nosso tempo é o ganha pão dos professores de filosofia", então exonerem-se já.
4. Sim, não há prova-modelo, mas há um programa e as Orientações. Todos sabemos. Que se sigam. No meio da confusão, não me parece ser o pior dos "problemas".A teoria não faz necessariamente a prática.A existência de um Modelo prévio não garante nada. - O verdadeiro problema, coloca-se antes e está descrito no final do ponto 3.
5.O professor não pode continuar a ser um consumidor e executor destas m-e-r-d-a-s caóticas. Sempre a telefonar para os capatazes de gabinete, a perguntar se podem, se devem, se vão, se ficam... Pense-se em conjunto e faça-se. É por perguntarmos que eles ficam a pensar que não sabemos. Depois, têm a pretensão de nos querer ensinar.
5.Nós, lá na Fábrica temos ordem oficial para n~~ao os informarmos de nada. Há um informador especialista. Não sabem ainda que o taylorismo já não deixa apreender a complexidade deste empreendimento de ensinar. Eu, no que concerne à disciplina que lecciono, informo-os sempre. E , quando me engano, digo-lhes:enganei-me.Mas há quem os prefira enganados. è que nesta fábrica há, como sabes, um enquadramento político e cultural muito especial.
Bem, que grande confusão. Espero que percebas.
Não concordo contigo em relação ao ponto 4 e ao ponto 5. Acho importante que o professor e os alunos tenham acesso a uma prova modelo, principlamente quando falamos de uma disciplina como a Físico-Química, e estamos perante um programa completamente novo. Não é decisivo, mas é importante.
Quanto ao ponto 5, o contexto é realmente diferente, mas não me parece que, no caso específico que referes, seja uma questão política e cultural. Até porque a ordem oficial não é tão oficial quanto isso...
quanto ao ponto 1, a referência que fiz não passa pela subida na carreira. Passa pela contabilização do tempo de serviço. Na prática, serão 41 anos, quando teoricamente serão 40, já que o tempo de serviço deste ano não é pura e simplesmente contabilizado.
Essa da Fsíca e da Quimica é provocação?! ´tou-lhe com um pó...agora a sério. Não sei se é novo ou completamente novo. Não faço a miníma ideia.Só posso falar do "nosso". o que sei é que formatar alunos para exames, pode dar maus resultados.Se o ensino de nível secundário é apenas para isso, então que se formate.
A propósito da da física e da quimica, prefiro Ilya Prigogine: "não há certezas".
É politica é. Reproduz a que está instalada. não é uma fábrica politizada, antes fosse. produz obedientes à ordem estabelecida. Como outras. Nesta é gritante.
Eu percebi o que disseste em relação a 1.Essa medida (congelamento) não é, em si, educativa. O que disse é.
Sou eu outra vez. Gosto disto, tu sabes.
Espreita o Ruben Alves no Educare. Gosto muito, mesmo muito de o ler, ainda que, em pequenos, muito pequenos pormenores, pense diferente.
Não tenho qualquer discordia em relação a isto: «em qualquer parte do mundo, o problema mais importante da educação tem a ver com os professores.»
Minha querida:
Em relação ao exame de Fisico- Química: É formatação? Claro. Mas a questão é que é preciso prepará-los. Assim como eu o faço em relação ao exame de psicologia. De outro modo, para quê "Orientações", certo?
Quanto à outra questão, continuo a discordar. Não é política, é desiquilíbrio.
A questão da política discutimos dp.Mas tenho de retorquir. É a política do capataz mor que os quer a todos não pensantes e se torna omnipresente pelos seus vassalos.os desequilibrados, são outros. tenho estado sempre a referir-me aos vassalos. discutimos isto "ao vivo".
É formatação em relação a todas as disciplinas. mas isso nem é necessário discutir.
Estamos a gastar energias com isto e a esquecer o essencial: qual é a função de um ensino de nível secundário?
Se, algum dia, chegar a pensar que ensinar filosofia no ensino secundário é formatar cabeças para a realização de um exame, queimo a papelada e vou ganhar o pão de outra forma.
nem vou ligar a "outra linha de comunicação"...não paravamos.
beijos
ah...esqueci-me.
Por que razão temos os resultados que temos em Matemática?
Há sempre prova modelo.
E em Português?
Há sempre prova modelo.
só falo do que não sei, porque latin e nefertiti, foram para o bem bom. e eu aqui sem TV (estou perder algo very important) e sem luz no WC.
As conversas são como as cerejas.
oh se são. Foi sem pensar, mas saiu bem:educação, TV e WC. as conversas são mesmo como as cerejas.
Discordamos. Continuo a achar que é importante. Já passamos por lá. Os exames existem, a pressão é enorme e queremos saber o que nos espera. Gostei de saber quando os fiz e defendo o direito dos actuais alunos de os terem também.
E sabes porque temos péssimos resultados? Porque a escola funciona como depósito. Porque temos um currículo com 15 disciplinas para os manter o dia inteiro na escola. Porque não têm espaço para nada.
Eu sei linda. É que o Currículo é mesmo, mesmo, o meu perfume.
Acordei primeiro. eh eh eh
Excelente análise. Mas no que diz respeito ao exame modelo, o problema reside no facto da inexistência consistir num factor de stress, para alunos e professores.
Quanto à questão do cumprimento dos programas... isso dava outro post e outra resma de comentários. ;(
O que se devia cumprir são as aprendizagens que os programas veiculam. Mas, como dizes, isso dava outro post e resmas, paletes de comentários.
Parece-me quem realmente é prejudicado pelas ideias brilhantes que "os inteligentes que fizeram os exames e as respectivas grelhas de ccorrecção", são os alunos, pois os professores por pouco incentivo que possam sentir"e com razão" para leccionar nestas condições, já tiraram o seu curso, o pior é dos alunos e dos pais destes que se fartam de gastar e sem ver proveito. Não se compreende como é que um aluno vá para exame de Fisico-Quimica de 11º ano com nota de 19 valores e saia de lá com um simples 11. e a nota de final de periodo não foi oferecida, ou então ofereceram-lhe todas as outras iguais a este que ele teve. Pensem um pouco no futuro dos nossos jovens, não mudem o sisteme a meio dos anos lectivos, deixem-nos ter oportunidadae para se integrarem nos método as aplicar.ASSIM NÃO CHEGAMOS A LADO NENHUM.
Caro anónimo:
Concordo consigo. quem acaba por ser mais prejudicado é mesmo o aluno. E percebo a indignação, porque, convenhamos, todo o processo que envolveu o 11º ano esteve muito mau este ano.
Aliás, a minha posição foi exactamente nesse sentido. quanto a pensar no futuro... tem sido pensado, mas não por quem de direito, ou seja, os participantes no processo de ensino- aprendizagem. Tenho uma amiga que diz que nós somos meros operários de uma fábrica que funciona com linha de montagem. Assim é, de facto.
olá!
é possivel que este bolg se destine mais a professores, mas tenho umas duvida e por isso ninguem melhor para me tirar umas duvidas.
1º- quero ir para a faculdade de arquitectura tenho media geral de 17,6 e media de especifica 20(geometria descritiva), o meu problema e k à 2 anos k n consigo passar no exame de portugues, como aluno externo! gostava de saber se há alguma coisa a faxer, para resolver este meu problema.
2º-fiz o os exames pela primeira vex o ano passado, queria saber se a minha especifica dura mais um ano? aguardo uma respota!
comprimentos e boas ferias, porque merecem bastante.
Caro anónimo:
No caso em que é obrigatório fazer exame a Português para a conclusão do ensino Secundário (suponho que seja o caso, não tenho bem presente o curso que o anónimo frequenta), é efectivamente necessário o exame de português (e quanto a isto não há volta a dar). A questão é porque o faz como aluno externo? Tem que ser mais específico.
Relativamente aos restantes exames, os resultados obtidos o ano passado têm uma validade (para efeitos de candidatura ao ensino superior) de três anos. Isso significa que ainda são válidos no próximo ano, que será o último.
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