(...) califa que tinha encarregue os seus letrados de lhe redigirem uma história do mundo e que, vendo o seu fim chegar vários anos mais tarde e muito antes dessa obra, lhes perguntou: " Resumam- me tudo em algumas palavras" e eles responderam: " Eles nasceram, eles viveram, eles sofreram, eles morreram"( Gerald Messadiê, "posfácio" in História Geral de Deus, publicações Europa América, 2001 ).
E é na Páscoa que os cristãos relembram a morte Daquele que veio tirar o pecado do mundo..., Agnus Dei!
Jesus, tal como qualquer comum mortal, nasceu, viveu, sofreu e morreu! Contudo, para alguns, foi o primeiro humano que se tornou Deus.
(...) A noção de um Deus judaico-cristão está tão profundamente enraizada nas culturas que ela esconde uma diferença essencial entre o Deus dos Judeus e o dos cristãos: esta reside na simbólica do sacrifício. Com efeito, na teologia cristã, Deus provoca uma reviravolta extraordinária na tradição do sacrifício: depois de ter exigido a Abraão que sacrificasse o seu filho, é Ele (Deus) que sacrifica o Seu próprio filho. No aspecto da etnologia, isto seria aparentemente uma regressão aos esquemas antigos das cultura primitivas(...). Mas a comparação não pára aí, pois já não existe nenhuma instância superior à qual Deus poderia sacrificar o Seu filho. Sendo dado que, nesta mesma teologia, Deus é consubstancial ao Seu filho, com o qual forma uma única e mesma pessoa, o sacrifício deste último equivale a um suicídio de Deus. Este é um escândalo absolutamente sem precedentes na história das religiões, que provoca a cisão entre o Judaísmo e o jovem Cristianismo (... ). O Messias dos seguidores de Jesus não pode senão embater contra a consciência judaica: com efeito, Deus não pode suicidar-se excepto para provocar a destruição do Todo e a vitória do Nada. Logo, para o judaísmo (e o Islão), Jesus não era o Seu filho e também não era o Messias de quem, os Judeus continuam à espera.(...)
O esforço de toda a teologia cristã durante os séculos seguintes será o de demonstrar porém que Deus sacrificou verdadeiramente o Seu filho. A questão que ele não resolverá contudo no campo da metafísica é saber a quem Deus oferece este sacrifício e porquê.(...) Para a Teologia cristã, com efeito, este realizou-se por amor: foi para resgatar a humanidade que Deus consentiu na incarnação e na crucificação do Seu filho e se deu a ela.
(...)
(Jesus) Poético e mesmo por vezes obscuro, terno, vingador, colérico e não desdenhando nem ceias finas, quer com fariseus quer com Simão, o Leproso, nem a companhia de mulheres, nem os perfumes que derramavam sobre a sua cabeça em público (e por que não em privado), mas sobretudo habitado pela necessidade de Deus e de Liberdade, Jesus, esse, é espantosamente contemporâneo. Só lhe falta rir. A minha convicção é que foi censurado.
(Messadiê, op. cit.)
Gerald Messadiê, nascido em 1931, jornalista, investigador e autor de várias obras sobre Religião.
7 comentários:
E é a moçoila agnóstica. Sempre compraste o livro...
E sou! O Jesus que é aqui referido é o Histórico! Comprei, não resisti. As religiões sempre foram um tema que sempre me despertaram muito interesse... é bom conhecer para compreender e tolerar.Contudo chego à conclusão que é perigoso uma pessoa ligar-se às religiões ( isto quando se tem a convicção de deter sozinho a verdade divina)! " A dignidade humana reside na dúvida"!! Abraço
Vejo Nefertiti a acabar seus dias orando, em clausura...
em retiro até me vejo, agora a orar... nem por isso! : )
Jesus, foi um politico...um homem bastante "á frente" para a época.
olha, eu dessas coisas não percebo nem quero perceber nada, para já. talvez um dia. por enquanto sou um alegre ignorante convicto!
eu sou a marissol do juzelino :))
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