sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

Cheia de nadas... (continuação)

O músico Emanuel, o inquestionável ícone da música pimba, trouxe-nos aos sons dos nossos ouvidos a música “(…) nós pimba” que, em rima (factor muito importante quando se pretende transmitir oralmente e, quiçá, de geração em geração), transmite-nos uma acção/feito (verbo pimbar?!) que, doutra forma, era impossível traduzir.
O termo generalizou-se… e sem dúvida que traduz as vivências e realidades do nosso povo!
Por exemplo, enquanto um Wagner traduziu e fez sentir o exacerbado nacionalismo ariano com suas composições, nós também conseguimos sentir esse nacionalismo, na altura em que a Selecção jogava (o motivo futebol e que mais podia ser?), com a música “com uã força!” de Nelly Furtado!
E quem melhor que Quim Barreiros para descrever a gastronomia portuguesa?! “ O bacalhau quer alho!”, está tudo dito! Mistura perfeita e tipicamente portuguesa! Eça de Queirós, meticulosamente, descrevia-nos comidas requintadas…, mas tinha tempo e… não fazia letras para músicas!
“Na minha cama com ela”, Mónica Sintra, é uma canção reflecte como o princípio da hospitalidade, da honra e outros que estavam presentes nos heróis clássicos , ainda têm algum peso nos comportamentos actuais.
Apesar de vivermos numa sociedade materialista há, felizmente, outros valores que ainda se levantam e, na sua música, Ágata diz “podes ficar com a casa, com o carro (…), mas não fiques com ele!” .
Aculturação é uma característica nossa (responsáveis por dar ao mundo novos mundos…) e esse fenómeno está bem patente na música de Ruth Marlene, “Show de bola”.
“És tão boa” de Herman José; “És tão sensual” de Tony, são declarações simples e tão tão enfatizadas que convencem logo (de quê? isso não sei...).
Não posso deixar de referir o Tony Carreira! Tão tão sentimental que, numa festa de S. João, passei por um certo local (não havia outro percurso) e ouvi-o cantar “eu morro, eu morro, se te fores embora…”. Um verdadeiro herói romântico que arrasta multidões!
Quem disse que a Igreja não acompanha os tempos?! Os cânticos gregorianos já não dizem nada aos fiéis, a espiritualidade está mais em canções do género “põe a tua mão na mão do meu Senhor da Galileia, (…) aquele que acalma o mar”, padre Borga.

E, por agora, finalizo com a letra de uma música que diz “ Esquece tudo que te disse, pois é pura tolice…”

Fontes: rádios, televisão, comícios políticos, exposições, festas populares, feiras, cafés, esplanadas, etc. (sem qualquer esforço, captamos e assimilamos).

4 comentários:

rps disse...

“Na minha cama com ela/mesmo junto ao meu retrato" - é delicioso.

PS: o padre Borga é um dos meus "ódios de estimação". Nem é bem isso - é mesmo uma embirração profunda.

Anónimo disse...

bem. de facto leio isto e não sei se hei-de rir ou ficar seriamente deprimido.

Woman Once a Bird disse...

Esquece tudo o que te disse,
Leva as promessas que fiz.
Manter esse amor,
É pura tolice...
Esse teu coração nunca me quis.

Woman Once a Bird disse...

Tenho saudades da Julieta às tapas e pontapés com o Romeu. Tens visto os pestes?