domingo, 23 de novembro de 2014

"Listeners of Atrocity"


Pergunto-me frequentemente como é que se consegue conhecer - no sentido de tomar conhecimento, ter notícia - a maldade humana e lhe sobreviver. Não falo de a experienciar, de ser vítima. Mas de testemunhar - ainda que indiretamente - essa mesma maldade. Jeanne Sarson e Linda MacDonald dedicam grande parte do seu quotidiano a ouvir vítimas de tortura [não estatal]; a descrição do «no gag reflex» foi apenas uma.


Jennifer McClure
«“No gag reflex.” This is a statement about the pedophilic crime of oral rape. One woman explained how her mother and father ‘trained’ her not to gag. Why? They were ‘preparing’ her for oral raping not only by her father but also for all the other insider like-minded torturers who were connected to her family. These were the ‘secret’ organized pedophilic in-house group or criminal ring. Additionally, Linda and I have also been told by those so tortured that their parent(s) frequently trafficked them to ‘client-perpetrators’ who wanted a child who was conditioned to withstand sexualized physical torturing. This is how one woman described her “no gag reflex” training;
Everything got twisted in “the family” - even food. For example, mashed potatoes were a very effective training tool. “The family” would stuff and stuff mashed potatoes into my mouth and throat, massage my throat while speaking ever so softly in voice tones that were trance and hypnotic-inducing. This exercise trained me to let the mashed potatoes slide down my throat without gagging, which taught and conditioned me not to gag during experiences of oral rape; something my father and others did very frequently to me.


Hoje, ao ouvir como é que uma criança lhes havia explicado que tinha o rosto negro por se ter magoado a jogar basebol, fechei os olhos por momentos, com força, na esperança de, de alguma forma, parar de visualizar o que elas me estavam a explicar que a criança mostrara quando lhe pediram para ela demonstrar como é que tinha jogado basebol. Alguém segurava o taco.... 

Não sei como é que se sobrevive a isto.

2 comentários:

Isobel disse...

pois, como é que um ser humano consegue trair a confiança de uma criança e destruir-lhe permanentemente a vida... é demasiado. E este testemunho é arrepiante.

Ceridwen disse...

Toda a página é um horror, Isobel. Há descrições que podiam preencher qualquer episódio do Criminal Minds. E sim, eu sei que o Criminal Minds se inspira em casos veridícos, mas por uma questão de sanidade mental refugio-me na (falsa) ideia de que os/as sociopatas que matam (de forma direta) se concentram nos EUA... é apenas uma estratégia para sobreviver a esta ideia (até porque elas são do Canadá). Depois de ler o artigo sobre a tortura de bebés (quase afogamento nas banheiras e choques elétricos) lembrei-me daquele caso muito mediatizado, de um pai indiciado de ter assassinado (presumo que acidentalmente) a bebé durante tortura, em Lisboa. Como nunca mais li nada nas notícias não faço ideia se o que li na altura se provou - porque pode não ter sido nada daquilo, evidentemente - ou não.