Dificilmente eu deixaria de exercer o meu DIREITO de voto. Para que hoje eu possa votar muitos homens e muitas mulheres morreram. E as mulheres, claro, demoraram muito mais tempo a ver-lhes reconhecidos
todos os direitos de cidadania. O percurso iniciado pela Carolina Beatriz Ângelo e restantes feministas republicanas é longo e cheio de retrocessos [o João Esteves
explica].
Distancio-me das leituras que associam a abstenção unicamente a desinteresse e comodismo. Acredito que quem se abstém também está a dizer alguma coisa, de facto, diversas coisas, entre as quais, que não se revê em nenhuma das propostas partidárias ou ainda no próprio sistema político-partidário democrático e que, por isso, se recusa a participar nesse mesmo sistema. No entanto, a abstenção leva-nos a que os lugares disponível sejam distribuídos pelos partidos votados, originando distorções, como se pode ver na imagem abaixo.
Menos de metade da população com direito a sufrágio foi votar (46,63%). Destes, pouco mais de 20% votou no atual presidente da República. Sucede que, legalmente (e simbolicamente) ele representa todos/as os/as portugueses/as - mesmo aqueles/as que optaram por não votar.