domingo, 18 de maio de 2014

No Limite da Dor e Histórias Clandestinas




Ana Aranha é uma jornalista portuguesa, autora de dois [entre outros] trabalhos notáveis para a memória portuguesa sobre a repressão do Estado Novo. 

As pessoas a quem Ana Aranha dá voz - num órgão de comunicação nacional estatal - fazem parte da História recente de Portugal.

No Limite da Dor traça as características das entranhas da submissão do corpo e do espírito. Ana Aranha ouviu gente que «falou» e contribui para a detenção de companheiros/as e outros/as que o não fizeram. E embora o escreva desta forma, não há distinção entre eles/as. Pelo menos para mim. A dor é semelhante. O que pode fazer uma pessoa ceder e outra não não se resume a um querer ou a um corpo menos ciente da dor. Hoje podemos pensar que qualquer droga pode fazer falar um/a prisioneiro/a. No entanto, a tortura prolifera como prática comum nas cadeias. Não é a obtenção de informação que motiva a tortura. Antes a tendência para marcar no corpo a submissão.

Este trabalho deu origem a um livro da autoria de Ana Aranha e Carlos Ademar.

Após as comemorações dos 40 anos da Revolução de Abril, Ana Aranha não parou de homenagear quem lutou contra a ditadura e produziu as Histórias Clandestinas, sobre gente que abidcou de uma cidadania limitada para uma existência ilegalizada. O testemunho de Margarida Tengarrinha é particularmente pungente. As histórias estão todas disponíveis para audição na página da Antena 1. Vantagens de viver na era da Internet.


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