Foi por época do natal.
Primeiro, perguntei o preço de várias réplicas, depois escolhi uma, por fim, ouvi: «e se eu lhe oferecer esta?» As palavras tinham cessado, mas eu imaginei que ele estaria a propor que eu trouxesse, por um valor simbólico, uma das peças que estava danificada, para além da que tinha sido minha escolha. Na minha cabeça ecoava «por mais 20€ leva as duas, o que acha?». Nada disso. Era mesmo uma oferta - sem quaisquer condições, i.e, incondicional, (inclusive eu havia questionado o preço da danificada). Perplexa, perguntei: «mas.. mas tem a certeza?» e ele continuou: «sim, claro, eu já tinha pensado em oferecer esta a alguém que comprasse o grande (a peça que eu levava)». Continuei a gaguejar e a pensar o que teria feito para merecer a enorme generosidade daquela pessoa.
Mas não foi apenas dessa vez que provei a generosidade do Pedro Lérias. Outra ocasião, tive oportunidade de o ver partilhar a sua imensa sabedoria acerca das árvores de Lisboa, e em particular, as palmeiras. Nessa visita, por ele organizada, e ofertada a quem dela quis usufruir, o Pedro havia ido ao mercado biológico comprar tâmaras - fruta de um tipo de palmeira para a qual estávamos a olhar, mas que não tinha fruto - para que pudessemos saborear a fruta daquela árvore.
Estes são apenas pequenos episódios - aos quais, estou certa - haveria muitos mais a acrescentar se juntássemos uma meia dúzia de clientes da Loja de História Natural, um espaço único na cidade de Lisboa, e em Portugal. Por todas estas coisas, quando li a notícia do encerramento da Loja - apesar do tom do anúncio - apeteceu-me chorar.
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