quinta-feira, 13 de outubro de 2011

«Só um Estado controlado por cidadãos livres pode oferecer-lhes qualquer segurança razoável»*

No dia em que Passos Coelho deita por terra tudo o que serviu de bandeira para forçar a queda do governo anterior, no dia em que Passos Coelho anuncia que toda a sua campanha eleitoral foi uma gigantesca fraude, deixo um excerto de Tony Judt. E só tenho pena de no dia 15 de Outubro não poder estar em nenhuma das cidades que aderiu ao protesto.

«Os ricos não querem o mesmo que os pobres. Os que dependem do seu emprego para viver não querem o mesmo que os que vivem de investimentos e dividendos. Os que não precisam de serviços públicos - porque podem adquirir educação, proteção e transportes privados - não procuram o mesmo que os que dependem exclusivamente do sector público. 
(...).
Os mercados têm uma disposição natural para favorecer necessidades e desejos que podem ser reduzidos a critérios comerciais ou medições económicas. Se se puder vender ou comprar, então é quantificável e podemos avaliar a sua contribuição para medidas (quantitativas) de bem estar coletivo. Mas, e aqueles bens que o ser humano sempre valorizou mas que não se conseguem quantificar? 
(...).
Por outras palavras, e se tomássemos em consideração nas nossas estimativas de produtividade, eficiência ou bem estar a diferença entre uma escolha humilhante e um benefício de direito?»
Tony Judt, Um Tratado Sobre os Nossos Descontentamentos, pp. 162-163

*Karl Popper, citado por Tony Judt

3 comentários:

António Conceição disse...

Faz sentido o texto, embora, acaso por deficiente leitura minha, eu não tenha percebido bem se o texto entre aspas é de Tony Judt ou é de Karl Popper, citado por Tony Judt.

Woman Once a Bird disse...

Tem razão, Funes.
O asterisco é relativo ao título. O texto citado é de Tony Judt. Lapso meu.

NYX(des)VELADA disse...

Olá, Woman!
No dia em que Passos Coelho foi desmentido por Amadeu Altafaj?! E no dia em que este último ("expert") relança, como quem ergue uma taça, a necessidade de uma "austeridade inteligente"?! A sério!?! "Não obstante, porém e contudo" (como diz a Eco) porque é que o excelentíssimo PM nunca re(lembra) ao "povo português" (sem Madeira) / "nosso Portugal" (expressões da voga que começam a gritar (em mim) por pastilhas Rennie) que "a crise", "esta coisa mundial", começou com a bolha imobiliária na Califórnia...?!
Directamente dos Monólogos Secretos – Orlando Barata: http://www.youtube.com/watch?v=6OBBPz7B76g ) para o Passos: "(…) diz-me uma coisa: onde é que estavas no 25 de Abril?!"
Um abraço, um abraço…