quinta-feira, 22 de julho de 2010

Da Desonra

 Paula Rego


A vergonha é senhora dos últimos tempos. Em Janeiro, por causa dele, comecei a leitura da saga de Stieg Larsson.
Quando miúda, a leitura era a minha maior companhia. Sequiosamente, percorria as prateleiras da biblioteca das escolas por onde passei e, simultaneamente, as bibliotecas municipais.  Obviamente criei as minhas predilecções e pequenos ódios; Hemingway foi um deles, apesar de este fim de semana ter ficado com vontade de lhe ler O Velho e o Mar, depois de ter visto o clássico que passou na RTP2 (ao qual não cheguei, enjoada pelos seus personagens masculinos sempre muito viris, acompanhados por idiotazinhas que só lhes atrapalham as façanhas - aos guinchos, pois claro).  Dizia eu que era uma leitora compulsiva, com estratagemas para tornear as tentativas sucessivas da minha Mãe para velar o meu sono. Esperava pela respiração pesada dos meus pais às escuras, a fim de poder acender novamente a luz, ou colocava o pequeno candeeiro por baixo dos lençóis e cobertores para o quarto não passar tanta claridade por baixo da porta e denunciar o delito nocturno.  Nessa altura, era uma pequena devoradora metódica que lia tudo o que conseguia apanhar de um autor cujo primeiro livro tivesse gostado (e as escolhas iniciais eram, muitas vezes, fruto do acaso).
O balanço deste ano não é muito positivo e a mulher que hoje sou certamente envergonharia a adolescente que fui; em sete meses, li apenas quatro livros,  entre os quais apenas os dois primeiros livros da trilogia mencionada. A ver se me penitencio a partir de hoje, que inicio o terceiro volume da dita. Isto se não enconstar logo às primeiras páginas. Já há algum tempo que ultrapassei o problema de insónia que me perseguia há anos; agora o mais provável é conseguir adormecer a escovar os dentes.


1 comentário:

Ceridwen disse...

Tens mais sorte que eu: ainda não comprei o 3.º vol.... :( e estou ansiosa por lê-lo.