sexta-feira, 28 de maio de 2010

Uma casa portuguesa, concerteza

Na notícia sobre o lançamento do livro Violência e Abuso - Respostas Simples para Questões Complexas, em que se constata que muitas mulheres consideram normal serem abusadas pelos seus companheiros, descubro a seguinte pérola debitada por alguém que se identifica como português (vide comentários):

«Todos nós sabemos que todos os grandes problemas da sociedade actual começaram a partir do momento que começou a chamada "emancipação da mulher". A pressão psicologica (chatice constante, pressões de todos os tipos, etc). Qual é o homem que muitas vezes, devido a isso, não anda com a cabeça cheia, prejudicando o seu bem estar, a sua alegria, e muitas vezes o seu trabalho. Portanto a mulher tem de ser reduzida ao seu lugar de "animal domestico". O mundo seria muito melhor.»


No lançamento do livro Quem Tem Medo dos Feminismos?, Anselmo Borges afirmou não ter dúvidas de que a maior revolução do século XX foi a da emancipação da Mulher, que reconfigurou  as nossas estruturas. Tendo a concordar com o professor. Felizmente, reconfiguramos o nosso posicionamento. Mas ainda não foi suficiente, porque ainda há quem escreva e pense assim. 
E é assustador. 
Porque quem pensa assim, geralmente também age em consonância. E infelizmente são muitos/as. Demasiados/as. Um verdadeiro Portugal dos/as pequenitos/as.

3 comentários:

Isabela Figueiredo disse...

Ah, eu não tenho dúvidas, que bem me lembro de como eram as coisas nos anos 60 e 70, e de pensar que eu não queria nada daquilo para mim. Safei-me a tempo.
Olha, o professor Anselmo Borges foi meu professor de Psicologia no Secundário, no Colégio Nun'Álvares de Tomar, em 1980, 81. Foi um dos meus melhores professores, desde sempre. Tenho por ele muito admiração. Beijos.

Woman Once a Bird disse...

Foi meu professor em Coimbra e desde então estamos sempre em contacto. Tornou-se num querido amigo, sempre disponível de de uma generosidade incrível. É pena que não se tenham cruzado (esteve cá até 3.ª).

Eu não quero isto para mim. Mas entristece-me e revolta-me um País em que muitos e muitas ainda queiram este registo. Em que não se concebam simplesmente pessoas (a expressão animal doméstico chocou-me sobremaneira).

Beso.

rps disse...

Não sei de quem a culpa, mas que o mundo não anda lá muito bem, não anda mesmo...