A história também se faz de mitos e mentiras que passam a factos sem nunca terem ocorrido. A memória é um processo que tende a ser trapalhão, com falta de rigor, a tropeçar nas nossas vontades e/ou receios.
Em Janeiro de 1975, o Movimento de Libertação das Mulheres (MLM) convoca uma manifestação no Parque Eduardo VII, na qual se previa a queima de vários símbolos da opressão das mulheres portuguesas, os quais incluiam tachos e panelas e um código civil, livros de autores machistas, entre outros (não li em parte alguma que os sutiãs estivessem incluídos). O que se terá passado, segundo testemunhas, foi vergonhoso. Uma contra-manifestação esperava as mulheres, talvez para lhes lembrar que a liberdade quando nasce, nem sempre é para tod@s.
Num artigo de opinião, no Expresso, Júlio Henriques é claro:
"Paradoxalmente, a esta manifestação responderam não as mulheres (em número mínimo), mas os homens. E a manifestação original (a convocada) transformou-se numa outra: a dos impotentes. A dos que têm como valores sagrados a sagrada trilogia 'trabalho, família e pátria (a que, em versão lusitaníssima, se deve acrescentar: deus). (...) Homens, jovens e de meia idade, que na miséria feminina não vêem senão a miséria, sem ver nela o seu lado subversivo - e muito menos a sua própria miséria de escravos assalariados".
A UMAR relembra (mais uma vez) o evento.
4 comentários:
os livros também oprimem? então queime-se aqueles que eu acho que não devem ser lidos, porque são opressores...
o que não iliba, naturalmente, @s sími@s que fizeram a contra-manifestação.
Não só uma contra-manifestação Sancho. Cá voltarei com mais tempo.
sim, concedo que tenha sido mais do que uma contra-manifestação, conforme testemunhou Júlio Henriques.
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