Pelos vistos, os alunos dos Cursos de Educação e Formação (vulgo CEF - suponho que de nível três, correspondente ao Ensino Secundário) dizem-se enganados, porque os conteúdos leccionados nada têm que ver com os conteúdos requeridos para concorrer ao Ensino Superior. Alegam que inicialmente lhes foi dada a informação de que poderiam concorrer ao Ensino Superior. Em rigor, podem.
Não conheço o caso específico; mas lecciono uma turma de um destes cursos (nível dois, correspondente ao terceiro ciclo) e é tempo do chico-espertismo acabar. Porque um aluno que se inscreve num Curso de Educação e Formação sabe que é um curso vocacionado para a finalização dos estudos; sabe que o conteúdo programático é muito diferente; sabe também que os critérios de avaliação são muito menos exigentes (comparativamente). Aliás, conta precisamente com isso. Um aluno que se inscreve num curso de CEF de nível três, poderia tê-lo feito num Curso Tecnológico (que lhe permite estagiar e ingressar no universo laboral no final do curso), mas não o faz, porque o currículo dos cursos tecnológicos (nomeadamente das disciplinas de base) é aproximado do currículo dos cursos vocacionados para a prossecução de estudos. Isto significa que um aluno que se inscreve num curso de educação e formação não procura apenas mais aptidões para o mundo do trabalho; procura essencialmente fazê-lo de forma fácil, rápida e indolor. Como diz uma das alunas entrevistadas, com médias mais altas que nas outras vias.
Isto significa que o que muitos alunos pretendem, quando optam por esta via, é furar o sistema. Saltar etapas. Aligeirar barreiras. Um aluno que está inscrito num Curso de Educação e Formação de nível dois, sabe que não deve prosseguir estudos num curso do Ensino Secundário dito normal, porque não tem bases para tal. Mas fá-lo (e é-lhe permitido). E depois são os dramas, de que é tudo muito difícil, demasiado exigente, todos feios, porcos e maus. Aliás, os meus alunos de CEF (nível dois) contam ter o ano feito mesmo antes de o ter começado e mostram-se sucessivamente admirados quando lhes relembro que mesmo com aqueles parâmetros de avaliação, vão ter que atingir o mínimo dos mínimos.
Um aluno que se inscreve num Curso de Educação e Formação de nível três também sabe que este não é vocacionado para o prosseguimento de estudos. Fá-lo geralmente pelos mesmos motivos porque provavelmente frequentou o nível dois: a facilidade da coisa. E depois queixa-se; se lhe facilitaram o percurso até ali, qual o problema de continuar no mesmo registo?
Não tarda nada, exames especiais para a entrada dos alunos oriundos destes cursos na faculdade (e curriculos adaptados e diplomas de licenciatura que atestes "a frequência").
Isto significa que o que muitos alunos pretendem, quando optam por esta via, é furar o sistema. Saltar etapas. Aligeirar barreiras. Um aluno que está inscrito num Curso de Educação e Formação de nível dois, sabe que não deve prosseguir estudos num curso do Ensino Secundário dito normal, porque não tem bases para tal. Mas fá-lo (e é-lhe permitido). E depois são os dramas, de que é tudo muito difícil, demasiado exigente, todos feios, porcos e maus. Aliás, os meus alunos de CEF (nível dois) contam ter o ano feito mesmo antes de o ter começado e mostram-se sucessivamente admirados quando lhes relembro que mesmo com aqueles parâmetros de avaliação, vão ter que atingir o mínimo dos mínimos.
Um aluno que se inscreve num Curso de Educação e Formação de nível três também sabe que este não é vocacionado para o prosseguimento de estudos. Fá-lo geralmente pelos mesmos motivos porque provavelmente frequentou o nível dois: a facilidade da coisa. E depois queixa-se; se lhe facilitaram o percurso até ali, qual o problema de continuar no mesmo registo?
Não tarda nada, exames especiais para a entrada dos alunos oriundos destes cursos na faculdade (e curriculos adaptados e diplomas de licenciatura que atestes "a frequência").
2 comentários:
sei do que falas, ai se sei!
Este é um daqueles casos em que a culpa é mesmo do sistema, mais concretamente de um sistema de ensino que assenta todo ele no facilitismo. Os meninos deveriam ter outra atitude? Pois claro que sim. Mas para quê, se o esquema está montado de forma a sustentar o sucesso sem esforço?
Ainda assim, alguém tem de remar contra a corrente, semeando (alguns) valores nas mentes da geração que nos segue.
Continuação de um bom trabalho.
PS: Quando falamos em formação de adultos, a situação torna-se ainda mais tenebrosa...
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