quinta-feira, 26 de março de 2009

Santo Ofício

Afastai-vos bramindo
encarnação do pecado
cada uma de vós mulher do diabo

Mensageiras do negrume
traçando a bruma da noite
pela rasura do lume

Negando a Face Divina
escutando o demo e o inferno
e tropeçando na sina

Fazedoras da má sorte
desordenam e dominam

Chegam voando no mel
e depois insubordinam

Ímpias de âmbar! Maléficas!
requebros de virgindade
mas todas elas malignas

(...)

Endemoinhadas e sacrílegas
Impudicas, estame, lascivas
Fazedoras de feitiços

(...)

Precipitadas dos céus
Liliths que insubordinam
Vos arrenego anjos negros!

Sete palmos, sete penitências
em procissões recolhidas

Deslaçados nós de seda
cruzados no coração

No restolho deste chão
Entretecer pressentido.

Maria Teresa Horta, Poesia Reunida

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