quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O ano passado aconteceu, a semana passada também, a ver vamos o que acontece este ano

Em plena rua, ele obriga-a a entrar no carro enquanto a agride. Agarra-a pelos cabelos e insulta-a verbalmente, como se a violência física não fosse suficiente. Ela grita por socorro e suplica que chamem a polícia. Uma idosa ainda tenta abrir a porta do carro em que ele a enfiou, mas a porta está trancada e ele vocifera contra a senhora, enquanto continua a agredí-la. Arranca com o carro e nunca mais são vistos
Um dos trausentes anota a matrícula e telefona à polícia. Relata o que viu e fornece a matrícula anotada. A resposta do outro lado chega displicente e vergonhosa: que entre marido e mulher não se deve meter a colher, que para haver queixa só se a vítima a apresentasse (???), que o melhor era deixar a coisa por ali, até porque provavelmente tudo seria negado.

As queixas sobre este tipo de crime aumentaram no ano transacto. Resta saber quantas não chegaram a acontecer, em função do atendimento prestado aquando da tentativa de registo das mesmas. Quantas terão sido as afirmações bárbaras que acima descrevo?
A nova proposta de lei sobre a violência doméstica será entregue ainda este mês na Assembleia da República, depois de um ano negro: no final, a contabilização regista pelo menos 45 mulheres assassinadas pelos seus companheiros (ou ex companheiros). E no entanto, pelo menos um agente da lei ainda afirma, a um absoluto desconhecido que lhe dá conta de um crime, que entre marido e mulher (?) ninguém deve meter a colher e que o melhor é que a coisa se resolva entre eles.

Em tempos, ouvi alguém justificar este tipo de comportamento com o argumento mais absurdo que já ouvi: que está provado que muitas mulheres, cada vez mais, traem os seus companheiros durante o relacionamento amoroso. Queria a pessoa dizer que esta justificaria a agressão. Quando lhe perguntei pelos números inversos - ou seja, da quantidade de homens que traem as mulheres durante o relacionamento amoroso - a resposta foi a de sempre: que era diferente e que eu sabia (??) que era diferente.

Eu não sei de absolutamente nada. Apenas desconfio que com este estado de coisas, muito provavelmente 2009 seguirá as pisadas de 2008.

Lamento não poder fornecer o autor da imagem. Mas a verdade é que a obtive depois de uma busca pelo google e não havia qualquer referência quanto à sua origem.

5 comentários:

Anónimo disse...

Curioso escreveres isto. Farei um post nos próximos dias sobre esta situação. Neste caso em particular há bastantes curiosidades em relação ao comportamento da polícia e dos cidadãos. Outra coisa engraçada é a desse alguém que te fala das "traições". A mim disseram-me outra coisa para justificar.
Mas falarei disso em post.

Anónimo disse...

O que eu queria dizer é que tinha pensado escrever sobre isto e o teu post acabou por me incentivar a fazê-lo, de facto.

Victor Gonçalves disse...

Talvez devesse ser um crime público, até porque há sempre um pequeno cheiro a cobardia machista no acto (parto do princípio, comprovado, que a maioria dos agressores são homens e as agredidas mulheres.)

Woman Once a Bird disse...

Dioniso:
A verdade é que é considerado crime público. Portanto, o agente em questão não só foi um absoluto idiota como também incompetente (propositadamente ou não).

Su disse...

..........também..............


jocas maradas