terça-feira, 23 de dezembro de 2008

"Ninguém no caminho,

e nada, nada a não ser amoras
amoras dos dois lados, embora mais à direita,
uma álea de amoras, descendo em curvas fechadas, e um
mar
algures, lá longe, arfando. Amoras
tão grandes como a cabeça do meu polegar, e mudas como
olhos
negros nas sebes, repletas
de um suco azul-vermelho. Este desperdiça-se nos meus
dedos.
(...)
Para além de uma curva, as bagas e os arbustos acabam.

A única coisa que vem a seguir é o mar.
De entre duas colinas sopra contra mim um vento súbito,
Sacudindo como fantasmas a sua roupa branca contra o
meu rosto.
estas colinas são demasiado verdes e suaves para terem
saboreado o sal.
Sigo, entre elas, a vereda aberta pelas ovelhas. Uma última
curva leva-me
até à face norte das colinas, e a face é uma rocha alaranjada
que olha para nada, nada a não ser uma grande extensão
de luzes brancas e cor de estanho e um ruído como o de
um ourives
batendo sempre um metal rebelde."
Sylvia Plath


(sublinhados meus)

1 comentário:

Táxi Pluvioso disse...

Feliz Natal e que o crédito desça dos bancos ao mundo.