"(...) Mas partamos então para o que diz. Mais uma vez os seus alvos são claros. Para que não seja dito que não sou específico no meu discurso, apontarei brevemente a quem me refiro: a filosofia "continental" e o seu alvo predilecto, Jacques Derrida. Fá-lo partindo de Platão e de uma suposta aristrocacia latente na "Alegoria da Caverna". Fará sentido essa interpretação se nos cingirmos a uma leitura literal da mesma, tendo por base a biografia platónica. Como sabemos, pelo menos os que se dedicam a um estudo um pouco menos superficial de história da filosofia, Platão está bem longe de ser um democrata dos sete costados, defensor da igualdade e fraternidade universais. Portanto, obviamente, esta alegoria serve exactamente para estabelecer uma fronteira e demarcação.
Partamos contudo de um outro pressuposto. Platão seria somente mais um dos filósofos antigos de que apenas nos restou um breve sussurro. E que nada sabemos da sua biografia, convicções, princípios políticos ou outros. E, deste modo, o que nos restou foi exactamente esta alegoria despida já de toda a carga biográfica platónica e de todos os pré-conceitos anteriores. Será a leitura a mesma? Não será possível outro modo de ler, analisar e reflectir sobre o mesmo excerto? Mesmo sabendo quem é o seu autor e conhecendo sobejamente a sua biografia?
No que concerne à clareza sou totalmente incapaz de perceber de que modo a sua paródia, com um jogo de palavras (no mínimo) de gosto duvidoso, vem fortalecer a sua argumentação.
Considero também que a analogia final é bastante forçada. Comparar a cultura, segundo o aristrocata, ao mijo de cão poderá ser uma imagem forte mas jamais será um bom argumento."
Partamos contudo de um outro pressuposto. Platão seria somente mais um dos filósofos antigos de que apenas nos restou um breve sussurro. E que nada sabemos da sua biografia, convicções, princípios políticos ou outros. E, deste modo, o que nos restou foi exactamente esta alegoria despida já de toda a carga biográfica platónica e de todos os pré-conceitos anteriores. Será a leitura a mesma? Não será possível outro modo de ler, analisar e reflectir sobre o mesmo excerto? Mesmo sabendo quem é o seu autor e conhecendo sobejamente a sua biografia?
No que concerne à clareza sou totalmente incapaz de perceber de que modo a sua paródia, com um jogo de palavras (no mínimo) de gosto duvidoso, vem fortalecer a sua argumentação.
Considero também que a analogia final é bastante forçada. Comparar a cultura, segundo o aristrocata, ao mijo de cão poderá ser uma imagem forte mas jamais será um bom argumento."
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