Gosto de estar a caminho. E após um interregno de quase dois anos, finalmente dediquei um dia a simplesmente caminhar- De mochila às costas, mp3 para o caso de uma paragem mais prolongada, água, protector solar, algo para trincar em hamonia com a natureza - e ala que que se faz tarde. Eu e mais 56 pessoas.
Foi a primeira vez que fiz uma caminhada com um grupo em que praticamente não conhecia ninguém. A diferença não é tão grande assim. A maior parte permaneceu desconhecida, mas forneceu o conforto de não me saber sozinha. Flor estava comigo e Flor bastou para me que sentisse acompanhada no meio de tantos rostos sem rasto.
Isto de estar a caminho no meio de nada provavelmente revela a minha faceta mais masoquista. Caminhar incertamente, com um objectivo algo ridículo - atingir o ponto x e voltar - sob um sol abrasador com descidas acentuadas que na volta se tornam subidas (e vice-versa) é saudavelmente doloroso.
Lá em cima, a meio do percurso, quando decidi que não queria chegar ao cume do Pico, que queria ficar ali - sem os cinquenta rostos sem rasto - permiti-me a deitar-me sobre a erva (não confundir com relva), colocar os phones e conjugar os cheiros com os sons.
Já tinha esquecido quão dolorosamente reconfortante é estar no meio de nada, o peso de saber que ainda restam uns bons quilómetros para andar. O cheiro da terra em mim, as calças sujas, a camisola a roçar na erva e os cabelos baços da poeira dos pés em andamento sobre o solo nú. Alma de cabra, diz-me Flor - este espírito de andar para sítio nenhum, esta apetência por veredas e levadas, por doer-nos as pernas e os pés.
Havemos de voltar.
As fotografias são da responsabilidade do organizador da caminhada.
Foi a primeira vez que fiz uma caminhada com um grupo em que praticamente não conhecia ninguém. A diferença não é tão grande assim. A maior parte permaneceu desconhecida, mas forneceu o conforto de não me saber sozinha. Flor estava comigo e Flor bastou para me que sentisse acompanhada no meio de tantos rostos sem rasto.
Isto de estar a caminho no meio de nada provavelmente revela a minha faceta mais masoquista. Caminhar incertamente, com um objectivo algo ridículo - atingir o ponto x e voltar - sob um sol abrasador com descidas acentuadas que na volta se tornam subidas (e vice-versa) é saudavelmente doloroso.
Lá em cima, a meio do percurso, quando decidi que não queria chegar ao cume do Pico, que queria ficar ali - sem os cinquenta rostos sem rasto - permiti-me a deitar-me sobre a erva (não confundir com relva), colocar os phones e conjugar os cheiros com os sons.
Já tinha esquecido quão dolorosamente reconfortante é estar no meio de nada, o peso de saber que ainda restam uns bons quilómetros para andar. O cheiro da terra em mim, as calças sujas, a camisola a roçar na erva e os cabelos baços da poeira dos pés em andamento sobre o solo nú. Alma de cabra, diz-me Flor - este espírito de andar para sítio nenhum, esta apetência por veredas e levadas, por doer-nos as pernas e os pés.
Havemos de voltar.
As fotografias são da responsabilidade do organizador da caminhada.
12 comentários:
Não aguentas é uma gata pelo rabo, é o que é!
Eu faço-o pela cidade. Andar e andar e andar.
no campo gosto de ficar parado.
Só não aguento com uma gata pelo rabo porque provavelmente ficaria toda arranhada.
Andar é no campo, meu amigo.Onde mais dói. Com a possibilidade de um passo em falso significar uma queda considerável. Cidade? Pfff, isso é para iniciantes. ;)
Iniciante é a sua prima e casou-se.
Eu sou um andador. Faça 3 colinas em Lisboa e veja o que é bom, sua preguiçosa!
Ai Jorge. Estive 5 anos em Coimbra, em que fazia quase tudo a pé. Inclusive as monumentais, o quebra-costas e sei lá mais o quê. Principiante és tu.
Mas queria ver-te em ambiente hostil, com abelhas e mosquitos e plantas pouco recomendáveis. Pffff
E mais: eu posso com uma gata todos os dias (não pelo rabo, pelas razões anteriormente explanadas). E tu?
Eu sou um monstro do exercício. Qual Sócrates na Praça Vermelha.
Por acaso Coimbra não é fácil. Mas Chiado, Castelo, Graça, para trás e para a frente também não é. Aqui no Porto é mais simples. Atravessa-se bem a cidade. Embora estes gajos sejam uns atados e achem que não. Cambada de mariquinhas.
Eu ainda andei a ver se descobria qual das caminheiras eras tu nas fotografias. Mas não havia nenhuma com ar de câncio.
Nunca me tinham dito que tinha ar de Câncio. ;)
PS: Eu não estou nas fotografias. ;)
Coimbra a pé é um suplício!
Bêbado então...
Muito bem! A menina resolveu colocar-se em movimento... e, apesar do cansaço, não te sentiste renovada e leve no fim? É terapeutico... Isso foi onde? Acho que nunca lá fui... Beijocas...
Pico Grande JA.
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