sábado, 24 de maio de 2008

A doçura da provocação: da contra-série "La beauté est dans la rue"


"O saber absoluto, tal como foi procurado, prometido ou recomendado pela filosofia, é um pensamento do Igual. (...) sem dúvida, o ser finito que somos não pode, no fim de contas, levar a bom termo a tarefa do saber; mas, dentro dos limites em que esta tarefa fica cumprida, ela consiste em fazer que o Outro se torne o Mesmo. "
Emmanuel Levinas

12 comentários:

António Conceição disse...

"O saber absoluto, tal como foi procurado, prometido ou recomendado pela filosofia, é um pensamento do desigual. (...) sem dúvida, o ser infinito que somos pode, no fim de contas, levar a bom termo a tarefa do saber; mas, fora dos limites em que esta tarefa fica cumprida, ela consiste em fazer que o Mesmo se torne o Outro."

Estão a ver!
Se invertermos a frase toda, ela conserva todo o sentido mantém o mesmo poder sedutor.
O método Desidério nunca falha!

Woman Once a Bird disse...

O método do Desidério é ridículo, desculpe-me que lhe diga. O "método" do Desidério - esse que apresenta - não chega a ser método; é uma palhaçada. Por isso referi anteriormente que os fait-divers dele não me interessam.

PS: Ela conserva todo o sentido? Mas qual? Certamente não será o do texto original. Ou considera sinceramente que está a ler a mesma coisa?

António Conceição disse...

Minha cara, estou a ler a mesma coisa, porque ambos os textos não significam absolutamente nada.
Mas são muito sedutores...

Woman Once a Bird disse...

No máximo pode acusar-me de ter colocado um excerto demasiado reduzido. Mas dizer que significa absolutamente nada... Percebo as reticências que terá eventualmente (também as tenho em relação a determinados horizontes filosóficos), mas arrumá-los de uma penada alegando que são nada, parece-me uma desistência ainda antes de começar algo.

Sancho Gomes disse...

Mais uma vez, aqui estou eu a meter o bedelho onde não sou chamado, mas não resisto.
A questão da alteridade é fundamental para Levinas porque ele pretende refundar um "saber" ético de compromisso com a alteridade, em oposição a toda uma tradição de Saber objectivante suportado na mesmidade. Como é sabido (pelo menos pela WOAB) não me situo neste horizonte teórico de Levinas ou Derrida, mas a verdade é que foi o saber objectivante que permitiu objectivar o homem, contribuindo (de acordo com o seu raciocínio) para o Holocausto. Tornou o homem numa e mesma coisa. A linha por si inaugurada (na sequência do Heidegger) contém textos no mínimo obscuros com sentidos filosóficos porventura demasiado rebuscados (dizem que por dificuldade de linguagem). Mas, na minha opinião, este não é um deles. É claro: a Levinas apenas importa a construção de uma ética suportada no Outro.
Podemos não concordar ou sequer perceber isto (tenho grandes dificuldades em entender alguns textos desconstrutivistas), mas isto é filosofia. Da "dura" se quisermos...

Sancho Gomes disse...

Para concluir, apenas mais duas notas: jogos de palavras podemos fazer até com a mais rigorosa lógica.
Por outro lado, e no dizer de Camus (com o qual concordo) apenas há uma questão filosófica verdadeiramente importante: saber se a vida vale a pena ser vivida. E é a partir daqui, desta funbdação, que se constroem todos os edifícios filosóficos. E todos eles contribuem para essa grande cidade do conhecimento que é a filosofia (perdoem o cliché).

Woman Once a Bird disse...

Alegar que a questão da alteridade é uma não questão, é-me totalmente inconcebível. Curiosamente, o excerto postado remete também para a discussão aqui levantada (muito leve, porque não tenho tido tempo para uma resposta séria). Aquilo que tenho abordado de uma forma despreocupada reflecte esta atitude de redução do Outro ao Mesmo. E se o Outro resiste a essa redução, então, é porque não existe. Esta questão não é nova por cá: abordei-a no âmbito do ensino da filosofia, muito pela batuta do filósofo "metódico" que o Funes evoca: o que não responder aos padrões estritos da sua leitura (de DM) não é filosofia. Portanto, perfeitamente plausível que se brinque com os textos.

Estou em crer que a esta altura o Funes apenas está a ser teimoso.

PS: Esta pequena provocação ao Jorge, tornou-se numa provocação maior

Woman Once a Bird disse...

E o pior é que tenho há que tempos uma pequena provocaçãozita para o Funes, mas mediante os últimos desenvolvimentos, não a uso para que não me apode de golpista.

António Conceição disse...

Caro Sancho Gomes,

Antes de mais, deixe-me dizer-lhe que lhe devo uma resposta. Estou numa fase de trabalho infinito e não estou em condições de lha dar com seriedade. mas prometo fazê-lo, nem que seja nas férias.


Quanto à questão de Camus, de saber se a vida vale a pena ser vivida, não nego que seja uma questão filosófica. O que é, é uma questão sem interesse nenhum.

Já a questão de alteridade em que a Woman tanto insiste, também pode ser considerada uma questão filosófica. Mas uma questão de resolução muito simples: vocês são um sonho que eu estou a ter. Nessa medida, eu sou o outro.

Anónimo disse...

Eu não percebi "rien" do que o filósofo disse!
Estes e outros dificultam a tarefa do saber. Ou, então, crêem mesmo que somos seres infinitos!!! CREDO!!!

Anónimo disse...

O relativismo dos sofistas é que ainda se compreende... Agora o saber absoluto?!!

Woman Once a Bird disse...

Funes:
Por acaso, no seu sonho, não cruzou com Descartes de pantufas?