sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

À beira de um ataque de nervos 2

Após corrida desenfreada para chegar a horas ao consultório, duas horas depois permanecia sentada, impacientemente à espera. Se primeiramente abriu o livro com gosto, ao fim de algum tempo o teor do mesmo, aliado à falta de paciência, azedou-lhe a espera. O único momento mais rizível foi quando se deparou com o seguinte: "Pergunta: como fazer para não se perder tempo? Resposta: senti-lo em toda a sua extensão. Meios: passar os dias na sala de espera de um dentista, numa cadeira desconfortável; viver à nossa varanda as tardes de domingo; ouvir conferências numa língua que não se compreende; escolher os itinerários de caminho de ferro mais longos e emnos cómodos e viajar de pé, naturalmente; fazer bicha nas bilheteiras dos espectáculos e não tomar a sua vez, etc, etc."
Albert Camus, A Peste

1 comentário:

Anónimo disse...

mas fazer isso tudo debaixo de um estúpido calor magrebino!

é o maior, o Camus!!
:o)