O Meu Amante
Dizem que o amor à primeira vista não existe. Até pode ser que não. Mas existe ao primeiro beijo!
Ia já alta a noite de S. João e eu tinha sido deixado sozinho em frente ao mar, de costas viradas para o Homem do Leme. Ele foi deixado ao meu lado. Tocámo-nos subtilmente diversas vezes, até que a ânsia de o beijar ultrapassasse o medo da exibição pública e da reprovação.
Foi há dez anos que o tornei meu amante. Durante todo este tempo têm-me dito que o devia deixar, que me faz mal, que fere o corpo de chagas irreparáveis. Ah! mas como me enche a alma de Graça!
Gosto de tocar no seu corpo com os meus dedos ligeiros, sentir o seu perfume entre o indicador e o médio, beijar o corpo quente e sentir o calor da sua cor!
Ah! o meu amante! Todos querem que o largue, que o deixe. Todos me querem privar da sua companhia. Insistem que ele só me faz mal. Uns invejam o prazer que sinto quando nos tocamos, quando nos pensamos e paramos para contemplar.
Contemplamo-nos. Outros deixam-se levar pelo preconceito. Agora olham para nós como se fossemos lixo - eu e o meu amante. Resta-nos apenas um lugar onde nos possamos sentar juntos nessa contemplação que nos prende e nos enche de prazer!
http://entredeusesediabos.blogspot.com/2008/01/o-meu-amante.html
2 comentários:
gosto muito deste texto....mesmo
Fiquei espantado com esta citação. Muito obrigado! É uma honra!
Enviar um comentário